As pessoas nem sempre imaginam o que acontece no processo de criação da identidade visual de um festival como o Indie. As conversas com os artistas e designers, Cláudio Santos e Alessandra Soares da Voltz (hoje Hardy+Voltz Design) começam e nascem junto com as idéias do próprio festival. Eles criaram a marca do INDIE e toda a sua identidade visual durante estes 8 anos. São membros fundadores do festival, se assim posso dizer. (A esquerda, o cartaz do Indie 08, clique para ampliar)
Este ano eles construíram uma relação conceitual entre a paisagem urbana, o espaço e a informação (excessiva de signos visuais que acaba por esvaziar os sentidos, gerando o vazio) para buscar uma nova inserção desta imagem neste contexto da cidade. "Devemos refletir sobre a possibilidade de nos livrarmos de um mundo programado e estarmos disponíveis novamente para o jogo e a brincadeira". Eles se colocaram várias perguntas entre elas: qualquer espaço serve às imagens?
Claro que estávamos falando de uma paisagem urbana qualquer, mas também havia uma cidade envolvida neste processo: Belo Horizonte. Assim estão presentes o céu absolutamente azul tão característico de certa época do ano e os ipês que se espalham colorindo a cidade. E as analogias do vazio... e de preencher este espaço.
Assim, Cláudio, Ale e sua equipe construíram letras grandes da palavra INDIE. Escolherem vários lugares para colocá-la no chão, como uma intervenção no meio dos transeuntes, e a partir daí observar fotograficamente. Preencheram as letras com diversos elementos como copinhos, fios, papel picado, coisas coloridas com uma base em papelão reciclável.
Depois esta imagem foi tratada graficamente, originando esta outra leitura do preto e vermelho sobre kraft. A intenção performática dos designers também foi registrada em vídeo para a vinheta. A pergunta era: como as pessoas leêm a palavra Indie no chão? Há alguma recepção ou simplesmente é mais um signo que perpassa a cidade.
O Indie está na sua 8a edição e apesar de ser um festival que conquistou um público de mais de 150.000 espectadores, não pretende, nem poderia ser um festival popular, dada a opção de sua curadoria, sua limitações orçamentárias e também por opção conceitual mesmo. Apesar de mantermos a entrada franca durante todos este anos, isto não o torna um festival "popular", o Indie valoriza o público jovem, universitário que é a quem quer privilegiar, e é composto de pessoas que enfrentam filas para pegar um ingresso, sentam na sala para assistir um filme até o final. Não é um festival que precisa de artifícios para atrair seu público, felizmente. Seu contéudo é desafiador para a grande maioria das pessoas e seu nome não é de fácil assimilação, mas conquistou um espaço na cidade. Está lá propondo este jogo que intende ser da descoberta, da experiência. Alguns passam batido, outros param e observam, outros entram de cabeça neste universo a se desbravar. Assim como as letras de Cláudio, Ale e cia.