"Garoto Velho: a vingança é um polvo que se come vivo" no more? Justin Lin fora do remake de "Oldboy"
Entrevistado em Sundance, onde está apresentando sua comédia "Finishing The Game" (sobre os problemas da equipe cinematográfica para terminar as filmagens de "O Jogo da Morte" após a morte de Bruce Lee), o diretor Justin Lin disse que, por enquanto, o remake do filme de Chan-wook Park não parece que sairá do papel. Para Lin, o projeto ainda não está maduro o bastante para fazer jus ao original e sua agenda está lotada de projetos, então Lin confessou ter se desligado do remake. Não significa que "Old Boy: The Broadway Version" não irá acontecer, só não será mais liderado pelo diretor.
Justin Lin estreou em Sundance com um ótimo filme (inédito no Brasil) sobre a juventude de adolescentes marginais, descendentes de coreanos, intitulado "Better Luck Tomorrow". Depois do sucesso do filme, Lin integrou-se ao sistemão, realizando o fracassado "Annapolis" e em seguida "Velozes e Furiosos 3: Desafio em Tóquio". É nesse filme que eu queria chegar.
Você olha para a terceira continuação de uma franchise muito da discutível como "Velozes e Furiosos" sem nenhum de seus protagonistas originais e completamente desconectada daquela densa e complexa trama que guiava os anteriores. "Velozes e Furiosos 3" é um filme que não tem o menor direito de ser bom, aos olhos do público e crítica.
Eu adorei. É muito melhor do que "2 Fast 2 Furious" (que é mais gay do que "Brokeback Mountain") e bem mais interessante do que o original. Talvez seja porque japonês seja tudo excêntrico que você admite os exageros do submundo do drifting, então umas forçadas de barra como coreanos amigos de Lin fazendo às vezes de japoneses, rapper Bow Wow com pinta de malandro tendo que se livrar de yakuzas adolescentes ou que os protagonistas sejam todos do núcleo de intercâmbio são fatores facilmente perdoados se tendo o cenário sempre surpreendente de Tóquio. Acho que o casting de um ator como Lucas Black (um sujeito que sabe exatamente o tipo que representa, chegando a recusar papéis em filmes de gente como Robert Redford quando esse o pede para atenuar seu sotaque) é oportuna e muito feliz. A ação motorizada é incrível (e filmes como "Velozes e Furiosos" são exatamente isso: pornografia automobilística - o roteiro e o elenco são só convenção), utilizando muito menos CGI que os anteriores, tem um pouco mais de humor, o drama do marginal obrigado a morar com o pai no Japão é mais cativante do que os "eu sou o mais fodão da galera!" que regia os roteiros dos antecessores e o drifting dá ao filme um ângulo especial. Sem contar que a trilha sonora se livra dos hip-hops da quebrada mano e os substitui por canções de DJ Shadow (que abre o filme!) e Atari Teenage Riot ("Speed" - o que prova que houve gente de fato REFLETINDO sobre a trilha sonora) e é fantástica.
Bernardo Krivochein