Recap Fest 21/3
>> Antes a gente noticiou que Alain Delon tinha sido convidado para participar do novo filme de Johnnie To e todo mundo ficou molhadinho nas parte quentes.
Mas você sabe que filme eles farão juntos?
Essa notícia é velha (saiu primeiro no KFC Cinema e no Twitch), mas não vi em nenhum lugar de língua portuguesa: o novo filme de Johnnie To, produzido pela StudioCanal e por Brett Ratner (!), é o remake de um dos mais célebres filmes de Jean-Pierre Melville.
Alain Delon, num filme dirigido por Johnnie To: O Círculo Vermelho. Agora você sabe.
Tenha em mente que o projeto, apesar de aprovado, nem em pré-produção está. A última coisa que se soube foi que o próprio To está retocando o roteiro com seu estilo...
>> ...o que é um tanto estranho de ouvir, já que o roteirista da maior parte de sua filmografia é o excelente Yau Nai-Hoi, que faz sua estréia na direção este ano com Gun Chung, ou "Eye In The Sky". O violento drama criminal acabou de ter seus direitos internacionais comprados entusiasticamente pela Fortissimo Films. Nai-Hoi também será remaquiado em Hollywood: seu roteiro de The Mission (dirigido originalmente por Johnnie To) está recebendo a americanização devida. A direção do remake é do muito-competente-mas-americano-até-o-caroço Peter Berg ("Friday Night Lights").
>> Para não sair do assunto, Hou Hsiao-hsien (ou Hsiou-hsien, na fonética brasileira) fechou o "remake" do francês Le Ballon Rouge, estrelando Juliette Binoche. Aspas, pois as versões originais eram curtas-metragens sobre um garoto que se imagina perseguido por um balão vermelho pelas ruas de Paris. A francesa Films Distribution (não é erro, esse é o nome da distribuidora - descritivo, não?) já garantiu os direitos de distribuição e os produtores esperam estar com o corte final pronto para Cannes '07. E o bichinho já tem trailer, que é esse aqui.
>> Depois do mal recebido e ainda inédito por aqui Invisible Waves, o tailandês Pen-ek Ratanaruang retornará às raízes no seu novo longa, Ploy, no qual ele trabalhará com a estrela de seu anterior 6ixtynin9, Layta Panyopas. O filme, com direitos adquiridos pela Fortissimo Films, se passará dentro de um quarto de hotel e será o retorno de Ratanaruang à máquina de escrever. Outro filme de Ratanaruang foi o média-metragem de esportes produzido pela NIKE, sobre um torneio de peladeiros tailandeses jogando à luz de velas, num descampado debaixo do viaduto. Tal média-metragem virou sensação em seu país de origem.
>> Aqui do lado, no célebre Festival de Cinema de Mar Del Plata, o longa coreano Woman On The Beach, do cult Hong Sang-soo, acabou de ganhar o prêmio de Melhor Diretor. Enquanto isso, mostras dedicadas ao trabalho de Sang-soo abundam nos EUA, sendo o filme Virgin Stripped Bare By Her Bachelors (2000) o maior foco de atenção e discussão nas publicações impressas e onlines de cinema. (nota: preciso me restringir a dar as notícias secas, mas não resisto - eu admiro o trabalho de Sang-soo, mas não são filmes que me causem uma resposta pessoal maior do que justamente a admiração. Tenho o box set com seus 3 primeiros filmes - além dos filmes mais atuais dele que pude assistir em mostras - , mas preciso ainda fazer certo esforço para chegar até o final de sua obra) UPDATE: Blogatona! Blogatona! Blogatona!
>> É o início da retaliação? Depois dos holofotes que a SXSW jogou em cima do movimento de cinema independente agora apelidado de Mumblecore (termo cunhado por Andrew Bujalski, de Admiração Mútua), uma série de críticas estão vindo à tona. Seja o pega-pra-capar que virou a seção de comentários do blog de Andy Kaufman, na recapitulação do festival texando feito na Film Threat ou na LA Weekly, o Mumblecore passa de sensação cinematográfica para algo a ser aproximado com cautela. Cineastas destemidos ou filhinhos de papai? E os críticos estão agindo de má fé ou somente cansados da super exposição conferida aos cineastas do movimento no referido festival? De que lado você estará?
>> É oficial: Emile Hirsch protagonizará Speed Racer, a versão live action do famigerado desenho cult pelas mãos dos Irmãos Wachowski, de "Matrix" e da seção de lingerie de sua loja preferida (pesquise qual dos dois irmãos é um crossdresser convicto). Agora é correr com a pré-produção e ver se o filme fica pronto para o verão de 2008, onde, muito diferente do desenho, os inimigos de Speed Racer serão o Homem de Ferro e a próxima continuação de Nárnia. Esse é o tipo de notícia boa para todo mundo. Hirsch nunca fez um trabalho realmente mais comercial e a conta corrente dele agradecerá mito esse projeto. Os fãs do desenho podem estar aliviados de que o papel principal está sendo defendido por um ator de verdade. Eu sou suspeito para falar, já que eu e meus amigos coordenamos uma espécie de fã-clube de Hirsch. Ele e Tadanobu Asano são os únicos atores de que faço questão de acompanhar todos os trabalhos. Estou feliz com essa perspectiva de maior rconhecimento de seu trabalho. Enquanto Speed Racer não vem, o público brasileiro poderá vê-lo em Alpha Dog, de Nick Cassavetes em 11 de maio.
>> Depois dos omnibus turísticos "New York Stories" e "Paris, je t'aime", o próximo porto natural tinha de ser Tokyo. Três diretores de diferentes nacionalidades atacam com três episódios passados na capital universal do foda-pra-caralho. Os diretores são: Leos Carax, Michel Gondry e Bong Joon-Ho. Mas o filme demora. As filmagens estão programadas para começar em meados de Julho ou Agosto.
Dicas de vídeos online: >>Falando em "Paris, je t'aime", um dos episódios pode ser visto na Internet - justamente aquele que é dirigido por Christopher Doyle, diretor de fotografia extraordinaire dos filmes de Wong Kar-wai. A estranheza transborda nesses minutos de loucura visual. (nota: como já pude assistir ao filme inteiro, sinto que preciso declarar que o curta de Doyle não foi um dos meus favoritos - gostei muito dos curtas de Tom Tykwer, Olivier Assayas e dos Irmão Coen, os outros são OK ou não, mas o de Alexander Payne é uma obra-prima, justamente o que fecha o longa-metragem. Devo escrever sobre isso mais tarde no site principal) Clique aqui, se é que o vídeo ainda está disponível.
>> NÃÃÃÃÃÃÃOOOO!!!
>> (essa é bem velha, mas eu sempre quis postar e eu não vi muita gente falando sobre isso, então lá vai)
Godard + Kelly Osbourne?
Aconteceu, e aqui está a prova: o clipe de One Word, um dos singles mais irresistíveis de 2006, do álbum "Sleeping In The Nothing", produzido pela vocalista do 4 Non Blondes (alguém lembra?). Baseado em Alphaville, o filme preferido da filha de Ozzy (!), o vídeoclipe acaba extrapolando Godard na referência ao próprio diretor. Resultado: é (muito) melhor do que o filme, só para fazer os cine-esnobes espumarem pela boca. O CD, como a maioria dos álbuns de pop, cansa depois que você descobre qual é o truque que está sendo aplicado, mas além de divertido, é honesto.
Bernardo Krivochein