SXSW, INDIE '07, ETC.
Ensaiando um retorno ao blog. Este post é uma coleção tola de assuntos sortidos. Favor pular para o post acima ou abaixo.
No blog de Anthony Kaufman, há este post recente sobre a geração de novos indies americanos (exaustivamente linkado e elogiado pelo Greencine Daily e no Self-Reliant Filmmaking) vocalizando a proverbial pedra que muitos já vem há muito tempo cantando (Eu também cantei! Eu quero crédito! Quando vocês leitores forem escrever sobre os seguintes filmes e diretores nos seus blogues, jornais, etc., façam esse medíocre feliz e me dêem algum crédito!): a parada do momento é o grupo de diretores de indies lo-fi que armaram um esquema de brodagem e improvisam uma sistema de distribuição independente. Mesmo morando longe uns dos outros (conhecendo-se através dos inúmeros festivais de cinema por todo o território americano), as obras de um autor ecoam na de outro, já que eles se descobrem compartilhando das mesmas influências e anseios. Andrew Bujalski, Joe Swanberg, Aaron Katz, os irmãos Duplass, Michael Tully, Todd Rohal... é uma galera.
Ainda não mandei a minha proposta de curadoria e programação para a produção da Zeta Filmes (que se consiste em alguns dos indivíduos que vocês estão tendo a oportunidade de conhecer e dialogar através desse blog), mas daquilo que provavelmente se tornará um texto polêmico nos próximos meses entre os membros da produção - minhas considerações sobre a edição passada - adianto publicamente o seguinte: não programar pelo menos Swanberg ou Katz para essa edição é empacotar o INDIE, que carrega suas ambições enquanto festival de cinema no próprio nome. Mesmo que a mostra de cinema fantástico Dark Matinée seja uma pastagem que a produção me deixa correr livre e que eu devesse me recolher à insignificância do meu ser ao tentar dar pitaco na Mostra Mundial, acaba sendo do meu maior interesse que a mostra principal do INDIE apresente uma programação respeitando muito mais as sensibilidades dos festivais do gênero do que a possibilidade de atualizar o público mineiro com os lançamentos cinematográficos que não conseguem chegar à BH. Meus palpites são motivados pelo interesse maior de querer assistir aos filmes, tal qual o espectador curioso que não sabe como fazer para ter acesso a eles: independentes, elogiados, exaustivamente debatidos e sem chance de distribuição (no sentido comercialmente opressivo da palavra). Não é que minha palavra seja a lei: no ano passado, Daniella, uma das programadoras do festival, pescou o curiossísimo filme do russo Pavel Ruminov, uma batata que eu passei, e Francesca inacreditavelmente programou "Naisu No Mori", dito por este que vos fala como "O" filme "impossível de programar" de uma lista de vários outros (que não foram programados!). A insistência no assunto dessa new wave americana é porque a Francesca não se mostrou muito impressionada com o trabalho de Swanberg (aliás, adorei a primeira temporada do seriado independente para a internet "Young American Bodies" e o primeiro longa do cara, "Kissing on the mouth" é um bocado impressionante) e o pessoal me parece meio indiferente a esse estilo de cinematografia. Mas é porque eu já venho falando desse independentes americanos há muito tempo, chame de intuição ou do que quiser, meu medo é de comer mosca num assunto no qual já estamos discutindo intensamente e com tanta antecedência (aliás, eu também sugeri a programação do filme do Bujalski em fevereiro de 2006 para o INDIE daquele ano, só para me gabar de outra coisa). Justamente com um tipo de cinema que é a cara do festival! Não era para inventar briga fora da minha bolha do Dark Matinée, mas eu não vou desistir até ver alguns dos filmes da new wave indie norte-americana naquele catálogo. Que comecem os debates.
Não tem mais volta. O INDIE 2007 tem data: 22 a 30 de agosto. A ficha de inscrição está no ar. Gosto do layout da página, como gosto ainda mais da idéia da página do festival desse ano ser em luxuoso e amigável HTML. Gosto como o logotipo do INDIE está pesado, forte, "tijolento". Mas não gosto da data. Para falar a verdade, odeio a nova data do INDIE. Tudo o que não podia era atrasar sua realização (deve ter sua razão, mas ainda assim...) Acho nada estratégica - e o público deve concordar comigo: o festival perde as tardes desocupadas de férias dos estudantes coleciais e universitários, fica muito próximo das mostras de RJ, SP e Brasília, encaixando todas num bloco homogêneo e chato. Devia ser em julho, quando não tem nada acontecendo em termos de eventos de cinema no Brasil inteiro. Não é como se fôssemos disputar o mesmo público que está louco para assistir "Quarteto Fantástico 2".
O que a Dark Matinée reserva em 2007? Obviamente não vou adiantar nenhum filme aqui e agora, pois a última coisa que eu preciso é levar uma rasteira e ter o filme que demorei meses para descobrir sendo roubado de minhas asas por algum outro programador esperto o bastante para ficar de olho no blog. Digamos que as produções mais especuladas e aguardadas estão fora do baralho. Em seu lugar, filmes que ninguém faz a menor idéia de que existem - e são espetaculares. Mais ainda, estou ensaiando um conceito de "mixagem de filmes". Um filme que se liga tematicamente a outro, que se liga esteticamente ao seguinte, etc. Uma nada característica ausência de Ásia nesse ano. O número proposto de filmes é recorde, mas imagino possíveis de serem programados. Ainda estou criando o "mock-catálogo" improvisado, mas está ficando divertido. Tem até filosófico desenho animado em CGI e pornô softcore dos anos 60 na lista.
Já que estamos no assunto "programação de filmes", me explica uma coisa: "Hot Fuzz" acabou de estrear nos cinemas britânicos, estréia no meio do ano nos EUA, não tem previsão de estréia no Brasil (a UIP deve estar esperando o hype se acumular entre os americanos para tomar coragem de lançá-lo aqui) e... estréia daqui a algumas semanas na Argentina! Com o título "Arma Fatal"! Não é que eu esteja alimentando a ilusão de fazer a avant-première do novo filme de Simon Pegg e Nick Frost no INDIE (hmmm....), mas ser assegurado de que o filme passará por aqui em algum momento do ano seria bom. Porque levar rasteira dos argentinos é foda...
Bernardo Krivochein