Dias de Agosto na Catalunia
"Dias de Agosto" (Dies d´Agost) filme espanhol do diretor Marc Recha, que foi lançado nos cinemas na França em janeiro, pode ser comprado no pay-per-view da Net, aqui em São Paulo. Incrível esta opção do pay-per-view ( será que o cara que compra os filmes da Net sabe o que está comprando ou compra assim por acaso, pelo preço e condições?) mas enfim, quem sai lucrando somos nós.
"Dias de Agosto" é um filme bem independente, uma espécie de documentário no qual Recha de maneira mais do que reflexiva viaja com seu irmão gêmeo (David Recha) pela Catalunia (em port: Catalunha). O filme é uma homenagem ao jornalista catalão Ramon Barnils - um ativista que não queria deixar que a "Batalla del Ebro" caisse no esquecimento, uma Guerra Civil entre nacionalistas e republicanos na qual morreram mais de 30.000 pessoas nos anos 30. Mas nada disto é abordado pelo filme, não desta maneira, na verdade Recha utiliza deste argumento como mote para uma viagem na maravilhosa paisagem do sul da Espanha. A sinopse: o jornalista Marc está neste projeto sobre Ramon há meses, em busca de informações para sua história, mas um tanto frustrado chama o irmão para umas férias. Nestas andanças por terras catalãs, o encontro entre certos lugares, personagens (um peixe com bigodes de gato), memórias culturais e de muitas fotografias históricas. O silêncio é estupendo.
"Dias de Agosto" mostra mesmo lugares incríveis e quer ser um "filme-viagem" - coisas encontradas a esmo e a própria experiência de viajar irão mudar a essência de cada um que viaja. Mas como um pseudo-documentário, no qual os protagonistas são os próprios atores, peca um pouco pela falta de articulação entre os fatos narrados e as imagens. Os personagens ficam tão distantes que você não consegue alcançar. Compreendo a opção, mas o tempo é preenchido por uma voz feminina que narra os sentimentos, as idéias e as intenções de Marc e David, não há a ação em si, apenas a narração, e para preencher todo este vazio entre estas linhas que separam o que se escuta e o que se imagina, imagens da paisagem, da história de Ramon e do "dolce far niente" dos irmãos num sol escaldante de agosto. O filme é uma proposta completamente diferente do que seria um documentário ou um filme de ficção tradiconal, porque cria uma lógica temporal quase audio visual ( assim mesmo em separado) e por isso mesmo talvez tenha participado de tantos festivais em 2006 ( Selecionado para Locarno e Toronto) e tenha sido lançado nos cinemas na Europa. Alguma experiência, no mínimo. Compre!
Website oficial Dias de Agosto
Francesca Azzi