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O título em inglês deste filme coreano faz referência direta ao título da obra prima de Duchamp "The Bride Stripped Bare By Her Bachelors, Even (The Large Glass)" ou o "Grande Vidro". Uma referência que poderia ser considerada quase naïve, mas que oculta a intenção do talentoso diretor sul coreano Hong Sang-Soo de dizer sobre a influência da arte ocidental e de vanguarda em seu filme "Virgin Stripped Bare By Her Bachelors". Assim como a obra de Duchamp, o filme de Hong Sang-Soo também se divide em duas partes, e também cria sensações opostas de sentido. Um ponto de vista que parece ser do futuro "noivo" e outro da, um tanto incompreensível porque jovem e virgem, Soo-Jong. Aliás, no original o filme se chama "Oh! Soo-Jong!" ( assim mesmo com uma exclamação) e é sobre ela que se curvam todos os homens do filme, inclusive o próprio Hong Sang-Soo.
Não é impressionante o que uma mulher virgem e tão bonita pode causar num homem? Mas "A Virgem Desnudada por seus Celibatários" ( seria uma tradução possível) é um filme que não pára aí nas suas reminiscentes referências a uma cultura vanguardista do século passado. Todo o clima do filme remete ao cinema francês, um pouco nouvelle vague, um pouco Resnais, mas com a incompatibilidade e desconforto próprias apenas dos coreanos. Ou seja, muito das "esquisitices" vem desta coisa asiática. Ao mesmo tempo há uma certo clima cômico, como se as coisas entre homens e mulheres não pudessem mesmo funcionar muito bem, algo um tanto quanto lacaniano este desencontro.
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Não posso deixar de comentar que a bela Eun-ju Lee (na foto), um expoente do cinema coreano, suicidou-se em fevereiro de 2005, com apenas 25 anos. Triste.
Toda esta aura em torno desta obra em preto e branco, torna "A Virgem..." um cult. Esperem para conferir no Indie 2007.