Sou de uma geração que aprendeu a gostar de cinema americano por causa de cineastas como Francis Ford Copolla, Steven Spielberg e Martin Scorsese. Os filmes deste trio fizeram renascer a possibilidade de cinema inteligente em Hollywood nos anos 70 e 80, numa época crítica para o cinema no mundo todo. Além de bons filmes, a referência histórica destes diretores era John Ford, Hitchcoch, John Houston, o cinema de autor e, obviamente, Orson Welles. Copolla dizia algo assim: o bom filme é aquele que constrói através da imagem em movimento o que não se pode dizer com as palavras. Eles sabiam fazer isso e, talvez, dentre os três o mais esteta fosse Scorsese. Filmes como Táxi Driver, Touro Indomável, A ultima tentação de Cristo, Bons Companheiros e Cabo do Medo são atemporais. Aulas de cinema! Mas já há algum tempo este cineasta vem devendo um grande filme. “Os Infiltrados” tinha tudo para ser a sua redenção. História interessante, trio de atores parada dura (Nicholson, Damon e DiCaprio), Michael Ballhaus na cinematografia e Thelma Shoonmaker editando. A medida que o filme vai se desenrolando, as expectativas não vão se confirmando, e confesso que saí profundamente decepcionado com o filme. São primárias as soluções finais da trama, que poderia render uma excelente construção de personagens, mas que não vai além de uma sucessão de fatos dramáticos que complicam a história a ponto de ter de ser resolvida de forma banal – obviamente não vou contar o final do filme – mas saiba que não é lá grandes coisas. Apesar da decepção, é possível que a academia resolva finalmente premiar Scorsese, dando-lhe uma estatueta, pois na terra de cegos que tem um olho é rei.