"Linda Linda Linda" de Yobuhiro Namashita e "Glue" de Aléxis dos Santos no XIV Festival Mix Brasil
referência: Kaiju Shakedown
Se você sobreviver ao deboche de alguns títulos do catálogo, tais quais "Secando o Bofe", "Eu sou Boy" e "Basfond à la Turca", a programação do XIV Mix Brasil traz algumas gratas surpresas.
O festival intinerante (9/11 a 19/11 em SP, 21/11 a 3/12 no Rio e 30/11 a 10/12 em Brasília) nessa edição pescou um peixão: "Linda Linda Linda" de Yobuhiro Namashita, uma febre no último New York Asian Film Festival, no Hawaii Int'l Film Festival, em Melbourne, em Seatlle, enfim, no mundo inteiro. A fita, que também participou do Festival do Filme Gay e Lésbico (pode ser os dois ao mesmo tempo?!?) de Londres, segue as desventuras de um grupo de estudantes japonesas que formam uma banda de rock para participar de um festival. Sem vocalista, elas recrutam uma outra estudante. Tudo estaria perfeito, caso ela não fosse coreana (Bae Du-na, a mesma atriz de "The Host") e não soubesse uma palavra em japonês.
Este é o filme de maior sucesso de Yobuhiro Namashita, diretor cujos trabalhos de menor orçamento chamaram a atenção da crítica por onde passaram. No último Indie 2006, ele teve seu filme anterior, "Cream Lemon" exibido na mostra Japão Cult. Não acredite em mim quando digo que "Linda Linda Linda" é bom. Acredite, por exemplo, no New York Times (o filme está sendo exibido nos EUA em circuito limitado antes do lançamento em DVD pela VIZ Video):
"Se um filme sobre estudantes japonesas guitarristas não estiver na sua lista de tarefas para esse fim de semana, você poderá estar perdendo um dos maiores prazeres inesperados do ano."
Ou acredite na Time Out New York:
"A ode saudosista de Nobuhiro Yamashita às colegiais, garage rock e o odor do espírito adolescente (NT: precisa de NT?) tem o efeito de uma onda de endorfina mesmo quando emprega uma atitude nonchalant e um ritmo deliberado... imagine engolir toda a obra de Jarmusch junto com seis latas de Jolt... Narcóticos Pop simplesmente não são mais puros do que isso."Outro título digno de atenção é o agraciado com o Fundo Hubert Bals e estreado no Festival de Rotterdam no começo de 2006, "Glue (Historia Adolescente en Medio de la Nada)" do argentino radicado no UK Aléxis dos Santos. Estou ansioso desde o começo do ano para assisti-lo, mas imaginava que não teria a oportunidade.
Numa cidade no meio do deserto da Patagônia, três adolescentes com os hormônios enfurecidos experimentam a iniciação sexual, drogas e afins em grupo. E Violent Femmes na trilha, também. Filmado em DV, "Glue" tinha apenas 17 páginas de roteiro quando foi filmado. Dos Santos realizou um workshop experimental com os jovens atores - ao que parece, estão muito bem no filme - e a partir disso, tentou capturar o espírito dos conflitos de quando se está crescendo. "Glue" é também destaque segundo os programadores do próprio Mix Brasil.