Não sei bem pra quem escrevo neste blog, tenho sempre um certo cuidado em não ser muito pessoal em minha fala, apenas (sei que se fosse um blog meu, seria bem diferente, eu falaria de coisas prosaicas, talvez eu escrevesse receitas de bolos ou copiasse os poemas e textos, falasse de videoarte ou confessasse que antes de tudo isto eu era muito mais ligada a literatura do que ao cinema etc e tal). Mas aqui a proposta é ser um blog que possui um vínculo com o cinema, não o cinema em geral, mas aquele que denomina-se Indie... mas muito além dele, todos os cinemas que nos instigam pessoalmente ou coletivamente. Este blog está vinculado também ao Indie, a mostra e nasceu da necessidade que tivéssemos um outro ponto de comunicação com as pessoas que freqüentam o site, lêem o Bernardo e que claro, são assíduas do Indie. O mais interessante que depois de 1 ano os interlocutores aqui do blog são de várias partes do país, os habitués do Indie nem sempre deixam recados por aqui ( com exceção da última discussão abaixo, e o espaço está aberto para isto também).
Bem, mas hoje é dia de balanço e penso que se o Indie não foi tudo aquilo que sonhamos ( eu, Dani, Edu e Bernardo), foi uma parte deste sonho. E foi um sonho bom, sem pesadelos... Mesmo que tenha sido menor, mais enxuto, sem as crianças do Kino ou sem algumas salas, acho que desta vez conseguimos algo muito mais importante que foi uma maior credibilidade do público naquilo que propusemos.
Achei muito interessante que a mostra do Hong Sang-Soo tenha ficado lotada e que as pessoas seguiram o conselho de tentar ver mais de um filme deste coreano cult e enigmático; e que também filmes como Ladrão de Memórias ( pena que o Gil Kofman não entende português porque ele não pára de me perguntar como foi, o que o público achou etc); Quarto 314, Estrada 225, Carro a Sangue ( acho que o que mais gerou boca a boca), A Balada de AJ Weberman e claro o American Hardcore e o Punks not Dead, além do Whole Train, todos super cheios e super comentados pelo público. Nem preciso dizer que os filmes que estão com distribuição garantida também foram muito procurados, como o Inland Empire, Savage Grace, e Delirious. E o Indie Retrô também foi incrívelmente procurado. Mas de tudo ficou uma sensação boa de que precisamos não só propor novos diretores e novos filmes mas fazer chegar ao público mais informação que vai além da mídia oficial( que também este ano fez uma cobertura bem legal mas que não tem espaço para tantas informações).
Ou seja, uma sensação de que estamos traçando uma linha, que precisamos ter pontos para interligá-la e que parece que este traço está esboçando um sentido. Isto que importa: fazer um certo sentido.
Segue o balanço oficial:
INDIE 2007 encerra sua sétima edição com 12.656 mil espectadores. Foram sete dias em que o público de Belo Horizonte recebeu 129 filmes, de 23 países.
A sétima edição do INDIE - MOSTRA DE CINEMA MUNDIAL terminou na última quinta-feira, dia 11 de outubro. Durante sete dias, o INDIE recebeu um público de 12.656 mil espectadores. Foram exibidos 129 filmes, de 23 países, em 139 sessões de cinema. O INDIE promoveu a estréia no país de 34 filmes internacionais. Todos as sessões tiveram entrada franca e foram realizadas em cinco salas dos Usina Unibanco de Cinema e Cine Humberto Mauro.
O INDIE 2007 – Mostra de Cinema Mundial teve patrocínio da Usiminas, Oi, apoio da Contax e Oi Futuro, e foi realizado através dos benefícios das Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais e Lei Municipal de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Belo Horizonte.
Aberto oficialmente no dia 04 de outubro com o filme Mutum, da carioca Sandra Kogut, o INDIE 2007 trouxe algumas novidades que foram bem aceitas pelo público. Na programação da Mostra Mundial houve procura dos espectadores tanto pelos filmes de novos realizadores como o americano Gil Kofman com Ladrão de Memórias, o alemão Florian Gaag de Wholetrain, o americano Todd Rohal com O Aperto de Mão da Guatemala, quanto pelas pré-estréias de filmes de diretores consagrados como David Lynch com Império dos Sonhos. Na retrospectiva, trouxe a obra de um importante diretor sul-coreano Hong Sang-Soo, que nunca antes teve todos seus filmes exibidos no país.
O já tradicional programa Música do Underground, presente em todas as edições do INDIE, exibiu dois documentários recém lançados nos Estados Unidos e que tiveram grande procura pelo público: American Hardcore de Paul Rachman e Punk´s Not Dead, de Susan Dynner. Além de fazer o lançamento do documentário Rock´n Tokyo da brasileira Pamela Valente.
O INDIE 2007 trouxe também a maior participação brasileira de todas as suas edições, exibiu 15 filmes, entre documentários e ficções, como Diário de Sintra de Paula Gaitán, A Casa de Alice, de Chico Teixeira. Alguns diretores brasileiros participaram também da série Diálogos Independentes que reuniu os diretores Sandra Kogut (Mutum), Camilo Cavalcante (Eu Vou de Volta), Paula Gaitán (Diário de Sintra), Cao Guimarães (Andarilho), Armando Mendz (Descaminhos) e Clarisse Alvarenga (Ô, de Casa!) para discutir sobre a criação e a relação entre documentário e ficção. Nesta edição, o Indie distribuiu também a primeira edição do INDIE.ZINE, um fanzine com dicas, entrevistas, depoimentos sobre os filmes exibidos na mostra.
O Indie - Mostra de Cinema Mundial é uma realização da produtora cultural Zeta Filmes e a oitava edição irá ocorrer em outubro de 2008.
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