Prefiro Manhattan na tevê do que filas no Arteplex
São Paulo é uma cidade cansativa. Tudo é longe, é caro e demorado, e cheio de gente pra todos os lados. A palavra de ordem nesta cidade é: paciência. Há 3 anos aqui, eu ainda não me acostumei completamente, e às vezes, confesso, corro pra casa exausta, fugindo do mundo. Mas o que incomoda em São Paulo mais ainda, é o esforço de convivência e a luta diária por seu lugar: para sentar no bar, para ser atendido numa loja, para conseguir uma poltrona de cinema, para pagar o estacionamento. Sua vez quase sempre chega, graças a eficiência dos milhões de trabalhadores 24 horas desta cidade, mas você precisa esperar sempre. O pior não é tanto esperar é conviver com tanta gente, all the time. Parece que estamos sempre na eminência de uma... festa? Onde? Ninguém sabe. É só o movimento... a festa não acontece.
A Mostra de São Paulo, com seus 400 e tal filmes, fica assim lotada no fim de semana e nas sessões noturnas, por isso adoro as sessões da tarde, durante a semana, vazias... Ontem ao assistir Manhattan (Woody Allen) (de novo!) ... deitada com as pernas pro alto, fiquei assim tão feliz em pensar que não estava disputando cotovelos com ninguém do meu lado numa sala escura e que não teria que ficar na fila do elevador, do estacionamento para pagar, para sair e que teria perdido todas as outras filas: a da bilheteria, da entrada da sala. Aqui ficar na fila não é um ato de coragem mais é um hábito.
Eu sei que talvez estivesse perdendo algo, dentre os 400 e tal filmes mas devo confessar que não gosto de assistir a filmes com a sala lotada e o pior, com pessoas comendo pipoca (Acho um saco! tudo bem se for no Cinemark? Ah! Sei lá...Pode até ser).
Em Manhattan, Woody Allen está o tempo todo passeando pela cidade:museus, cafés, Central Park, ruas ... Era 1979, e acho que não tinha ainda tantas filas, que maravilhoso! Depois de Manhattan, passou Happy Times do Zhang Yimou, e depois Cecil Bem Demente e pensei, estou numa Retrô, foi compensador.