Final da sessão de "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias" no Unibanco Arteplex ontem, da qual saí um pouco decepcionado (mais sobre isso em crítica no site nesta semana). Sala bastante cheia para um final de tarde de segunda-feira chuvosa. O controle de contraste da projeção digital ainda me frustra, deixando os pretos da excelente fotografia do filme romeno sem profunidade e um tanto "leitosos".
Questão: um senhor, acompanhado de uma mulher também madura, saem do cinema comentando.
Ele: "Interessante. Mas que filme pesado."
Ela: "Vai chegando perto do final, o filme se perde." (e ela está certa; eu arrisquei uns possíveis motivos no texto que publicarei).
E então, o que me chamou mais a atenção:
Ele: "Interessante foi como o médico, apesar de tudo, apesar da grosseria, ele foi super profissional, e tudo que ele fez deu certo. Isso serve pra mostrar às pessoas..."
...e eu não consegui escutar o resto.
SPOILER: Para quem já viu o filme, sabe que o médico clandestino em questão, Bebe, é uma figura ameaçadora que aproveita-se da posição de desvantagem das jovens romenas para abusar delas sem temer acusações e represálias (eu sinceramente achei que o senhor não tinha "captado" o abuso sexual depois de pensar por um tempo). Numa situação de merda que compromete todos os envolvidos, Bebe manipula as cartas para explorar os que o procuram. É ESTE o "apesar de tudo" que não interfere no "profissionalismo" do sujeito.
Minha pergunta é: o que é que, para este senhor, "4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias" serve para mostrar às pessoas? Essa dúvida sambou na minha cabeça do cinema até minha casa.
Idéias, alguém?
Bernardo Krivochein