O que ver no Indie 2007 em São Paulo? (#2)
O crítico e curador do programa Dark Matinée, Bernardo Krivochein, dá algumas dicas sobre dois filmes que ele selecionou para o INDIE 2007 e que passam no primeiro dia da programação. (Publicado no indie.zine)
CARRO A SANGUE
» “A diversão mais retardada do ano!” [Ain’t It Cool News] // “Extremamente engraçado” [Jonathan Demme, diretor de “O Silêncio dos Inocentes”]
Irrepreensível. Consciente do espírito de completo deboche que paira sobre a produção, Alex Orr aproveita-se da liberdade que somente cineastas independentes podem usufruir e ousa algo mais:relevância. Em seu filme de estréia, Orr tece um A Pequena Loja dos Horrores ecologicamente consciente, mas justamente quando o politicamente correto lhe gratificaria um selo de aprovação, o filme empilha escatologia, humor risqué e a tão temida nudez feminina, sendo educacionalmente irrecomendável, mas cinematograficamente imperdível. Em plena luz dos massacres da Virginia Tech, o clímax ganha um aspecto muito além do cômico revoltante. Mal-comportado, hilário e inesperado, a chuva de sangue que proporciona só é comparável aos risos delirantes que provoca.
Clique para assistir ao trailer de CARRO A SANGUE.
Horário único que CARRO A SANGUE será exibido no CINESESC
HULDUFÓLK 102
» “Não Perca: um documentário inesperadamente sério sobre a rica herança mitológica da Islândia, que floresceu a tal ponto que engenheiros de estradas fazem o máximo de esforço para evitar deslocar uma potencial ‘rocha de elfos’. O objeto de pesquisa é praticamente irresistível e a duração de 74 minutos mantém a fantasia sob controle antes que as coisas se tornem Björk demais. A entrevista com um feiticeiro profissional de fala mansa, com direito a corvo, é para se guardar na memória.” [Andrew Wright, The Stranger]
Transcende a fronteira do real e do imaginário. Investigando a propriedade com a qual os islandeses defendem a existência de seres mitológicos em seu meio, a diretora Nisha Inalsingh realiza um filme-poema construindo a partir da convicção de seus enternecedores entrevistados, uma visão engenhosa de ansiedade cultural e social sob a qual desejos, cultura e temores são projetados. O deslumbrante cenário natural e a trilha-sonora de artistas como Sigur Rós e Múm fazem da Islândia palco perfeito para o surgimento do inacreditável, a qualquer momento. A questão em Huldufólk 102 é a mesma que ecoa para os fãs do cinema fantástico: a tangibilidade de se acreditar no invisível.
Trailer de HUDULFÓLK 102:
Horário único que HULDUFÓLK 102 será exibido no CINESESC
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