Algumas imagens do Indie SP, algumas palavras sobre Hong Sang-Soo
O Indie começou com o pé direito em São Paulo. Isto porque o CINESESC é um lugar maravilhoso com um público já cativo e assíduo. O Indie trará novos públicos? Esperamos que sim... Os jovens que ainda não conhecem o espaço, tomara! O espaço é vital.
Ontem as pessoas esperavam no saguão de entrada pelo Hong Sang Soo, "A Virgem Desnudada pelos Seus Celibatários"( detalhe o filme foi exibido em 35mmm, como tentei fotografar abaixo). E adorei um comentário de uma destas pessoas na saída:" - Olha o filme é diferente... bem, mas não é isto. O filme é difícil mas pensando bem, não é difícil. O filme tem um ritmo... diferente, assim,você sabe é mais lento, mas não é isto..."( Isto diz respeito a esta sensação que os filmes de Sang Soo nos causa, de nos deixar muitas vezes no ar. Muito se deve a montagem que não é linear e só conseguimos juntar as partes depois de assistir ao todo ou ao ver pela segunda vez.)
O jornalista Cássio Starling escreveu (na Folha de sexta-feira, dia 30/11, na Ilustrada) uma crítica sobre o cinema de Hong que achei muito pertinente e maravilhosa ( leia na íntegra aqui se for assinante).
Ele, Cássio, diz: "Como no cinema do francês Éric Rohmer, uma das mais evidentes influências da obra de Sang-soo, o banal funciona como uma armadilha para o olhar desatento. Uma história de amor começa, se desdobra, alcança aquele ponto inevitável em que se aproxima do fim e, subitamente, é outra história que passamos a assistir, que de algum modo ecoa aquela primeira. Ou são os dois personagens envolvidos numa mesma história, da qual vemos primeiro a perspectiva de um, depois a de outro, ou pode ser as de ambos embaralhadas. Uma mesma cena, de amor físico, sobretudo, pode se repetir com pequenas variações."
E Cássio continua... "Trata-se de um cinema que exige muita atenção, pois seu segredo se esconde nas minúcias dos gestos que diferem e nos instantes que produzem as rupturas. Não é fácil tentar identificar tramas em seus filmes. O que Sang-soo encena são situações, daí a impressão de uma sucessão de esquetes e de histórias que parecem nunca começar. Desta indeterminação, porém, é que resulta uma sofisticação que pode passar despercebida. Ela se concretiza, em particular, na forma como o diretor manipula o tempo, rompendo a linearidade e a univocidade. Suas elipses abruptas são os mais seguros índices de que algo se passou. Como nas nossas vidas, o modo como Sang-soo conduz seus personagens nos leva a perceber e concordar que o tempo tem lá suas próprias regras. E que só nos resta estar bem atentos a seus efeitos."
Na falta de nosso fotógrafo e amigo oficial, o Alexandre Mota, eu me arrisquei em algumas fotos.
Abaixo: o filme de Sang Soo, o público na entrada e saída da sala, um cara 'a cara do Sang Soo' lendo sobre Sang Soo, e na abertura os queridíssimos Luiz Zakir, Simone Yunes e Marcelo Bressanin e nós, da Zeta Filmes (Saúde!). A Rua Augusta, à noite.
Francesca Azzi