Novos diretores revelam em pequenos testemunhos, entrevistas, detalhes de produção, o que queriam para os seus filmes, seus planos, o desejo de filmar.
A OUTRA METADE
O diretor chinês Ying Liang, tem 30 anos, e dirigiu dois filmes: o primeiro foi Taking Father Home e o segundo A Outra Metade que foi exibido nos festivais San Francisco Film Festival (2007), New Directors/New Films (Lincoln Center, Nova York, 2007), International Film Festival Rotterdam (2007), Singapore International Film Festival, Tokyo Filmex (2006) e recebeu o Prêmio do Júri do Tokyo FILMeX.
Nesta entrevista concedida ao Tokyo FILMeX, Liang fala sobre as experiências e seu novo projeto:
O que mudou em relação ao seu primeiro filme?
Acho que a maior mudança foi na minha observação mais profunda sobre sociedade. Muitas coisas mudaram na cidade de Zigong e eu também amadureci como pessoa. Tive cinco meses para me concentrar no roteiro e dois meses para pesquisar, tudo isso sem um segundo emprego para me sustentar. Tecnicamente, eu tive melhor controle sobre a sonoplastia, o ritmo da narrativa e os ângulos da câmera, além de ter adicionado alguns efeitos de iluminação. Rodei o filme durante 39 dias e poderia ter usado mais do que os 30 principais atores. Encontramos uma loja abandonada que alugamos, construímos um estúdio lá dentro e redecoramos o interior para cenas diferentes.
A Outra Metade focaliza mais as crises emocionais, colocando os problemas femininos no mesmo nível de gravidade que as explosões e acidentes de trabalho em fábricas. O equilíbrio de poder entre os sexos está desigual porque as mulheres são mais fortes, e porque o rápido desenvolvimento de algumas regiões tem levado à desintegração da unidade familiar. Zigong é o tipo de lagoa onde os cidadãos não têm opção a não ser ir embora para procurar os peixes maiores, isso desfaz muitas famílias.
Você está trabalhando em um projeto novo?
Sim. O local ainda será Zigong e ocorre por volta da primavera ou verão. É sobre uma família grande que se desfaz por relacionamentos sociais e matrimoniais. Quero investigar este assunto porque o cerne do povo chinês ainda é a família, e sua textura é diferente daquela do ocidente.
Haverá qualquer mudança no seu estilo?
Depois de fazer dois filmes, aprendi a ter mais controle ao rodar fora do estúdio, bem como controlar melhor o elenco. Acho que vou usar um estilo parecido; mas se os dois últimos filmes tiveram elementos românticos, o filme novo será algo novo, imprevisível.