Com o nome de MOVIEMOBZ, nova empresa pretende exibir filmes ao gosto do freguês, 'on demand' mas compartilhado nos cinemas
Foi anunciada no fim de janeiro, e inclusive saiu na imprensa online, a nova empreitada dos empresários Marco Aurélio Marcondes (Ex-Europa Filmes) e os donos da Rain Digital, José Eduardo Ferrão e Fábio Lima. Mas na verdade ainda não ficou muito claro como funcionará a MOVIEMOBZ.
A idéia é que o consumidor escolha contéudos inéditos através do conceito de filme "on demand" ( que na Internet significa simplesmente a escolha de um conteúdo que o usuário opta por baixar e assistir no seu PC, geralmente sozinho). Já a nova empresa, MOVIEMOBZ, atuará nas salas de cinema. Oferecerá primordialmente filmes inéditos, raros ou clássicos para seu público e solicitará as salas de cinema que exibam aquele filme quando e onde os usuários quiserem.
Esta escolha de um usuário será compartilhada com outros usuários via web, formando uma rede de comunicação e um banco de dados para a nova empresa, que através do perfil destes poderá oferecer novos conteúdos.
A idéia de fornecer filmes de escolha personalizada para um público no cinema é inédita no Brasil e se inspira na TV interativa (que já domina certos países, onde o usuário pode escolher quando e o que assistir) e, claro, na Internet, sem a qual seria quase impossível angariar espectadores para esta comunidade, ou "mob".
Eles prometem em sua divulgação: "A MOVIEMOBZ permite ao usuário conectar-se com pessoas que compartilham interesses em comum por filmes e desejam compartilhar sessões de cinema on-demand juntos. Podendo escolher desde filmes alternativos a clássicos, o usuário agenda as suas próprias exibições. Ao invés de distribuidores definirem a programação das salas de cinema, o público poderá ter voz neste processo, dizendo o que quer assistir, quando e onde. Todos podem ter acesso ao conteúdo de qualidade disponível no mundo inteiro, disponibilizado de acordo com gostos pessoais em uma escala nunca antes atingida."
Os serviços fornecidos pela web serão: - acervo de cinema digital, com títulos de arte, alternativos a clássicos e raridades; - informação gerada pelo público (wiki) e resenhas de filmes; - criação de Cine-clubes pela comunidade; - venda de ingressos online;- perfis pessoais.
As promessas são muitas e não páram por aí. Com esse produto, o público poderá:
- Assistir a filmes de festivais internacionais renomados;
- Ter acesso a filmes que não foram comercialmente lançados;
- Aproveitar diferentes estilos de filmes e gêneros ao redor do mundo.
A idéia é boa e resolveria uma parte da "fome" por conteúdos que não chegam ao Brasil. Ficam as dúvidas: como irá funcionar e se as comunidades e espectadores interessados terão alguma afinidade com o cinema independente. Será que alguém escolherá o mesmo filme que você e tornará sua sessão possível?
O fato é que há uma certa "causalidade" em ser um espectador que vai ao cinema nos horários dados, e nos filmes oferecidos. Será que este espectador está a fim de fazer tantas escolhas, mais do que as habituais? Além disso será que o número de espectadores será suficiente para cobrir os gastos de compra de direitos, tradução, exibição e marketing ? Com certeza, um empreendimento como este deve ter se cercado de muitas pesquisas para definir seu conceito de "on demand" e seu público. Aguardamos ansiosos pelos filmes (observe-se que apenas onde houver salas com o sistema da Rain Digital)
**Ah! E se você ficou curioso para entender o que quer dizer o nome, eles explicam que "a escolha de MOVIEMOBZ foi inspirada no recente fenômeno social provocado pelo rápido desenvolvimento de novas tecnologias e da expansão do acesso a elas: o “smart mob”, ou “turma inteligente”. Trata-se de um grupo que se relaciona de forma perspicaz e eficiente, por conta do crescimento exponencial de redes que permitem conexões com outras pessoas. Da decorrente troca de informações, o fenômeno cria, assim, uma forma de organização social." Traduzindo em bom internetês, mob é quase o mesmo que "comunidade online"
Francesca Azzi