Seu nome é ©Murakami. He is Big! E vende Louis Vuitton dentro do Museu
O japonês Takashi Murakami, 46 anos, comumente chamado de Andy Warhol japonês, levou suas esculturas gigantes para o Museu do Brooklyn em Nova York e tem causado furor com sua arrogante e luxuosa loja da Louis Vuitton montada dentro da sua exposição.
Murakami ficou conhecido nos anos 90 com sua teoria chamada Superflat, um manifesto pós-moderno que colocava em níveis iguais arte, design e a cultura pop, misturando assim padrões da "high" arte, influenciado pelo mangá e pelos animés. Satirizava de leve o vazio da cultura de consumo japonesa. Mas como bom artista japonês que é, Murakami pensava na produção coletiva (não porque se inspirava em Warhol mas por refletir a sua cultura no qual o individualismo é um elemento estranho) e criou um centro de criação chamado KaiKai Kiki - querendo dizer bizarro e elegante.
O Kaikai Kiki atual emprega 100 artistas, animadores, escritores e artesãos com escritório no Japão e dois estúdios nos subúrbios de Tóquio, e um em Long Island no Queens. Ou seja, um big e bem sucedido business no mundo "pós pop" da arte. Alguém já trabalhou lá?(rs)
11 caminhões transportaram da costa leste dos EUA, onde abriu sua exposição ©Murakami, para o Brooklyn, com 90 obras, espalhadas em 18.500 metros quadrados: pinturas, esculturas gigantescas e super coloridas, papel de parede, e um filme de animação de 20 minutos. Seus personagens mais famosos também estão lá Mr. DoB e Mr. Pointy, criaturas de cartoon. Veja as fotos da montagem aqui e fotos da exposiçãoaqui
Mas a vedete da expo é sem dúvida a Loja LV. Com bolsas costumizadas de 1.100 a 2.000 dólares, pochetes para celular por 200 dólares. Algumas peças são exclusivas e foram criadas por ele para a exposição e custam uma média de 6.000 dólares e tem edição limitada.
Murakami está assim questionando as fronteiras entre comércio e arte, e dando continuidade ao seu pensamento Superflat fatura alto, porque apesar da arte ser um bom negócio para muitos nunca o foi de maneira tão explícita e arrojada. Para ele todas as peças são extensão da sua arte. Nem Warhol talvez teria esta coragem.
Falando em Arte e Japão...
Imperdível a exposição Quando Vidas se Tornam Forma: Diálogo com o Futuro BRasil-Japão no MAM- SP. A curadoria de Yuko Hasegawa relaciona no mesmo espaço artistas japoneses e brasileiros de uma maneira muito esperta e única. A exposição é viva, alegre e faz relações que você jamais imaginaria, transportando o Brasil e o Japão para lugares bem próximos, num outro território que se chama criação artística. Dispensável apenas a parte em que a MODA entra na exposição através dos trabalhos de Jum Nakao, Isabela Capeto e Issey Miyake. Ao contrário da loja de Murakami, é apenas uma constatação de que o designer é uma espécie de artista, criador, Ok, mas com aquilo que está lá faltou convencimento, impacto.
A melhor constatação é mesmo que artistas tão díspares como Lygia Clark, Leonilson, Mira Schendel, Oiticica, Cildo Meirelles podem sim ter correspondentes, talvez menos ruidosos ou menos intensamente modernos, no Japão.
Francesca Azzi