blogINDIE 2006



Plus Tard Tu Compreendras ("Mais Tarde Você Entenderá")

Não sei bem, como disse o Bernardo, para quem escrevemos neste blog. Eu e Bernardo, os únicos sobreviventes depois de uma meia dúzia de escritores em debandada. De qualquer maneira, sinto assim como Bernardo, que estamos falando para as paredes, e isto claro não faz muita diferença, porque continuamos a falar ou melhor a escrever, bem melhor. Mas se fosse refletir bem sobre o blog, eu e Bernardo estamos sempre sintonizados com coisas bem diferentes, o que é bom por um lado mas talvez não agrege leitores por outro, porque quem vem aqui neste sítio (como dizem os chatos) está procurando pelo quê? Se for pelo Cinema Fantástico acabou de ter uma cobertura maravilhosa do RioFan. E eu sei que o Bernardo poderia falar mais e mais e que adoro a curadoria dele para o Indie, suas críticas ( algumas são longas demais!!!) e como disse sua abordagem de cinema fantástico é bem outra, diferente desta deste evento. Eu não pagaria nem um centavo por qualquer filme do Rio FAN, no Fan at all (aliás que ingresso com preço absurdo, cá entre nós, justifica?!!). I am sorry, não me interessa. Só daí já podemos alcançar nossas diferenças e talvez isto seja legal, estarmos no mesmo lado num blog de diferenças. O fato é que o Bernardo consegue estar em todos os lados, e graças a Deus este RioFan não é seu lado oficial. Vamos lá, me perdoe Be.

Mas questiono mais a minha participação aqui. Ando bem desanimada, sem assunto, até mesmo pensando em abandonar o blog. Mas resolvi que não (por enquanto) , vou tentar postar de maneira mais espontânea, sem organizar demais uma info ou tentar ser mais livre para dizer o que penso ( acho que esta fala aí, já foi um pouco esta tentativa..). Acho que se o blog existe, e foi idéia minha, é porque o Indie existe, mas as vezes gostaria imensamente de falar de culinária ou da nova pirâmede alimentar, ou dos novos vírus associados ao câncer ou quem sabe sobre cabelos anelados, ou o novo delineador da Mac que comprei ou da merda que é loja de jóias em shopping... Já pedi ao Max uma novo lay out para o blog, quem sabe com páginas de menino e menina, seria o máximo... mas ele até agora nada.

Bem, mas já que este é um post ( outro dia comentei com o Cássio Starling da Folha que quem reclama do lado forçosamente "pessoal" dos blogs porque acha chato esta coisa meio "diário" está sendo injusto porque os blogs nasceram para isto, expressão em estilo confessional de diários de adolescentes ou adultos, na verdade foram os jornalistas que invadiram os blogs... e ainda criticam pedindo uma certa objetividade!! Nada mais injusto com os blogs e milhares de blogueiros ordinários!)

Mas voltando ao que será este post...a frase título é
do novo filme do Amos Gitai é o título de um livro de Jerome Clement e não me saí da cabeça. Uma frase que algum dia você já ouviu dos seus pais e que eu tenho certeza que você irá falar para seu filho: Um dia, mais tarde, você compreenderá.

Amos deu uma entrevista para o El Pais que foi traduzida no Uol (leia AQUI a entrevista na íntegra). Com o aniversário de 60 anos de Israel, ouvimos por aí um monte de depoimentos sobre o que representa no imaginário de judeus brasileiros a constituição do Estado e tudo mais mas achei incrível o que Gitai conta sobre a sua mãe, ao responder uma pergunta sobre se resta alguma esperança:

Gitai - Ao refletir sobre isso, penso em minha mãe, que nasceu em Israel quando ainda era simplesmente palestina. Tinha raízes dos judeus da Rússia. Casou-se com meu futuro pai nos anos 1930 e passaram a lua-de-mel no Líbano. Quando eu era pequeno, as fronteiras já estavam fechadas e cruzá-las me parecia algo extremamente perigoso. Mas em cima da mesa na qual almoçávamos minha mãe sempre punha umas estranhas passagens de trem com o trajeto Haifa-Beirute, os da sua lua-de-mel. Parecia-me muito preocupante que algum dia tivesse havido essa possibilidade de viajar em paz. Com esse gesto, minha mãe queria nos dizer que se aquele trem havia existido no passado poderia voltar a existir. Em Israel não devemos perder a esperança.

Este seu novo filme, que estreou em fevereiro em Berlim, trata também da Guerra, mas da Segunda Guerra, do Holocausto. Jeanne Moreau faz Rivka, uma mulher que tem horror de falar do passado e que pressionada por seu filho a relatar o que passou quer evitar uma vivência da memória da perda dos pais, uma espécie de pacto do silêncio que ainda encobre a violência da guerra.

O que mais me impressiona em Gitai é sua capacidade de enxergar os dois lados desta história ao dizer: "Cada um de nós utiliza suas feridas para obter vantagens políticas, sem entender que somos todos perdedores."

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  Francesca Azzi    segunda-feira, maio 12, 2008
 
 
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