CHE, de Steven Soderbergh
"Seja um filme ou dois, “Che” claramente não está terminado. O filme foi exibido aqui sem créditos de abertura ou de encerramento, apenas alguns intertítulos digitais rústicos (“NOVA YORK 1964”) que tinham o aspecto de ter sido colocados no filme apenas uma hora antes da exibição. Como com em qualquer filme neste Ano das Emoções Confusas em Cannes, as reações ao filme eram as mais diversas possíveis; ninguém no grupo de críticos com quem jantei estava completamente seguro sobre o que ele ou ela achou.
A versão de Cannnes de “Che”, provavelmente um filme que ninguém nunca mais verá, é uma confusão grande, dispersa e ambiciosa. É menos uma bagunçada grande ópera dop que uma máquina belamente construída cujas peças não funcionam lá muito bem juntas. Não me entediei, nas suas mais de quatro horas. Independente se acaba se tornando um grande filme (ou filmes), isto está a milhas e milhas de distância daquilo que imaginava ser Soderbergh capaz de criar a aprtir deste material.” Andrew O’Hehir, Salon
"Haverá debates sobre as políticas do filme; dicutir-se-á se os filmes têm ou não algum núcleo emocional. Discutir-se-á se Benicio Del Toro merece uma indicação ao prêmio de Melhor Ator por sua interpretação de Guevara, ou se o retrato de Che por Steven Soderbergh é muito monótono para nos envolver; Posso facilmente imaginar debates sobre o som e a imagem do filme capturados em digital de alta-definição com todo o artesanato e cuidado que Soderbergh normalmente emprega ao filmar em película. Não posso prever como todas essas perguntas e possibilidades se desenrolarão, mas o que posso dizer – e direi – que raro prazer é ter um filme (ou filmes) nesta nossa era obcecada por números de bilheteria, filmes-evento, iscas de Oscar, que vale a pena se debater em tantos níveis.” - James Rocchi, Cinematical.
"Nos 20 anos desde que ganhou a Palma de Ouro por “sexo, mentiras e videotape”, Steven Soderbergh já caminhou por diferentes caminhos desde a experimentação demente de “Schizopolis” e a homenagem estéril aos anos 40 em “The Good German” até diversas ofertas de Danny Ocean e seus alegres companheiros para aumentar sua credibilidade comercial. É difícil imaginar outro diretor americano de sua geração com a coragem e a habilidade de realizar um retrato de cinco horas em dois filmes sobre o ícone revolucionário Ernesto Che Guevara. Sua abordagem comedida rejeita gestos grandiosos de apelo fácil aos espectadores ou qualquer tentativa de adotar o arrebatamento de um épico de David Lean. Ao invés disso, ele criou uma maratona envolvente e reflexiva na qual o foco está firmemente sobre as personalidades e os argumentos políticos que forjaram os ideais revolucionários dos anos 50 e 60 [...] Este é basicamente um filme de idéias.” Allan Hunter, Screen Daily.
"Se o diretor saiu de seu lugar comum para evitar as típicas convenções biográficas hollywoodianas, ele também se absteve de sugerir a mínima razão pela qual o carismático médico, combatente, diplomata, jornalista e teórico intelectual se tornou e permanece tamanha figura lendária; sobretudo, Che parece menor pela forma como é aqui retratado. “Che” é uma aposta demasiado grande para se fazer passar como um experimento cinematográfico, pois precisa respeitar expectativas altas, tanto comercialmente quanto artisticamente. A duração exigente também força comparações com trabalhos tão raros quanto “Lawrence da Arábia”, “Reds” e outros épicos biográfico-históricos. “Che” não parece épico – apenas longo.” Todd McCarthy, Variety.
"O Festival de Cannes agora ganhou um candidato a altura para a Palma de Ouro [...] “Che” é um cinema viril e musculoso, com uma performance carismática de Benicio Del Toro no papel principal. Talvez este seja visto futuramente como a irregular obra-prima do diretor: comovente, mas estruturalmente fraturada – a segunda metade é bem mais clara e firme do que a primeira – e às vezes reticente de forma frustrante, incapaz de tentar qualquer insight do mundo interior de Che. Somente vemos o homem público, o comandante lendário, desafiador até o último momento.” Peter Bradshaw, The Guardian
“Este é o filme mais vanguardista de Soderbergh, e apesar de haver séria necessidade de ser remontado – a primeira metade, em particular, joga uma quantidade enorme de informações não-cronológicas no colo do espectador - a versão de Cannes merece ser preservada; cortar o filme diminuiria a obsessão de Soderbergh pelo material. É uma crítica justa que o filme omite, entre outras coisas, as injustiças vbrutais cometidas por Che no governo de Castro, mesmo se elas não fazem parte do período abordado pelo filme. A fonte do interesse de Soderbergh parece estar exclusivamente nas porcas e parafusos da revolução guerrilheira – educação dos civis, recrutamento de soldados, procura de comida, cozimento de um porco e por aí vai. Se o foco tão impiedoso em aparente minúcia pode ser às vezes alienante, é também o que faz do filme tamanho alvo de atenção.” Ben Kenigsberg, Time Out Chicago
“A duração não é o problema deste trabalho honorável e amaldiçoado; é que tantas cenas sejam repetições de outras anteriores. Mas o maior fardo recai sobre sua estrela, que como um dos produtores nutriu o projeto por quase uma década. E Del Toro – cujo método de atuação normalmente parte do exagerado e levanta vôo dali mesmo, feito um pára-pente saltando do alto de um arranha-céu – está comportado, apresentando poucas revelações emocionais, aparentemente sedado aqui. Exceto por um excitante confronto na ONU entre Guevara e os embaixadores de outros países da América Latina, Che é definido menos por suas habilidades rigorosas de combate do que por sua asma." Richard Corliss, Time
JOHNNY MAD DOG, de Jean-Stéphane Sauvaire
“O Cinema está constantemente inventando novas maneiras de nos dizer que a guerra é um inferno, mas poucos filmes recentes exploraram os extremos deste inferno tão vividamente ou intrepidamente do que o drama africano de Jean-Stéphane Sauvaire, ‘Johnny Mad Dog’. Performances avassaladoras de desconhecidos, muitos deles soldados mirins reais, mais um estilo conforntacional de direção fazem deste filme uma das estréias mais impressionantes do cinema ficcional francês... Há uma espécie de horror do tipo ‘O Senhor das Moscas’ na sugestão que estas ainda são crianças brincando da maneira mais mortal possível, seus gritos de batalha sugerindo um festival de pesadelo.” Johnathan Romney, Screen Daily.
"O drama brutal franco-belga-liberiano “Johnny Mad Dog”, uma ficção alarmante sobre soldados mirins liberianos realizado com meninos e meninas que de fato lutaram na recente guerra do país, me deixou balançado – furioso, confuso, imerso em pensamentos. Integrante de uma das gangues auto-denominadas ‘negociadores da morte’, Mad Dog devassa os subúrvios de seu país, espalhando terror e morte a tiros de metralhadora – a homens, mulheres e outras crianças – em nome da revolução. A revolução de quem? O filme não diz... Sem contexto, informação ou explicação, o filme o mergulha em terror – e para quais fins?” Manohla Dargis, The New York Times.
“Seqüestro em sua forma mais vil ao que crianças armadas na Libéria comandam outras crianças a juntarem-se a sua tropa. Ficção baseada num fato inacreditável, ‘Johnny Mad Dog’ narra as atrocidades de uma guerra civil ainda em processo naquela nação do oeste africano. Apesar de ser difícil de assistir, trata-se de documento importante que deve alarmar as sensibilidades no circuito de festivais." Duane Byrge, The Hollywood Reporter.
DELTA, de Kornel Mundruczo
“Delta é mais uma dessas tragédias pessoal-familiares filmadas por estes diretores-demiurgos que parecem querer oprimir o espectador com a beleza de suas escolhas frente a miséria dos seus personagens (algo que, ao menos, Alonso passa longe de fazer). Mesma cartilha (planos longos, enquadramentos “inesperados”, quase silêncio, mundo estranho em frente a câmera), levando ao mesmo resultado adiado, mas desde sempre antecipado (final sem qualquer esperança). Um exercício em futilidade de autor – ou talvez seja só a minha opinião.” Eduardo Valente, Revista Cinética
"'Um típico filme de arte de festival.' Esta foi a opinião de um amigo meu após a cabine de imprensa de terça-feira de ‘Delta’, filme em competição do diretor húngaro Kornel Mundruczo. O filme de festival – lento, difícil, formalmente austéro – pode ser um antídoto bem-vindo aos filmes acessíveis e acelerados que triunfam na esfera do cinema comercial. Mas vale lembrar – e ‘Delta’ é sequer um filme neste festival a me relembrar disto – que filmes de arte, eles também, são suscetíveis a fórmula e clichês.” A.O. Scott, The New York Times.
“Cinco anos antes de iniciar o projeto e 18 meses antes de começar a filmá-lo, com um trágico acidente no meio que quase afundou toda a produção (a morte do ator principal Lajos Bertok, a quem o filme é dedicado), Komel Mundruczo está novamente de pé com seu trabalho mais maduro e redondo até agora. Os temas aos quais ele era associado no passado estão agora integrados num mundo perfeitamente coerente e parece que ele encontrou sua voz particular e um estilo no qual ele está mais confortável, fatos atestados pelo prêmio de Melhor Filme e o prêmio Gene Moskovitz oferecido pela imprensa estrangeira, recebidos por ele na Hungarian Film Week.” Dan Fainaru, Screen Daily.
"Deslumbrante de uma perspectiva estética, o filme é bem-sucedido em cativar os espectadores apesar de sua trama e diálogos minimalistas. Esta conquista impressionante é graças ao carisma dos dois atores principais (orsi Toth e o estreante Lajko Felix, um famoso violionista e compositor da excelente trilha de ‘Delta’) e um aguçado senso de direção. Uma ode a beleza da natureza selvagem filmado no Delta do Danúbio na Romênia, o filme – co-escrito pelo diretor e por Yvette Biro – é livremente adaptado de ‘Hamlet’ de Shakespeare e ‘Electra’ de Eurípedes. Retornando à seu vilarejo natal após uma longa ausência, um homem sem nome contrói uma casa no meio do nada, auxiliado por sua meia-irmã a quem acaba de conhecer e ignorada por sua mãe e padrasto. O resultado final é tão fascinante e estonteante quanto é descompromissado, especialmente devido ao seu final brutal, tão chocante quanto a lâmina que desce.” Fabien Lemercier, Cineuropa.
LOS BASTARDOS, de Amat Escalante
"Assim como em sua estréia, ‘Sangre’, ‘Los Bastardos’ é mais um filme de protesto do mexicano Amat Escalante, que acusa o mundo industrializado, em especial os EUA, por seu tratamento aos imigrantes ilegais e às tragédias que eventualmente provoca. Os argumentos de Escalante são válidos e o clímax aterrorizante do filme chocará a platéia de sua complacência, mas o estilo do filme – com seu primeiro plano estático até seu final desenhado – o localiza firmemente dentro do nicho de cinema de arte.” Dan Fainaru, Screen Daily.
"Um filme de arte niilista marcado por planos estáticos tão na moda, diálogos minimalistas banais, ritmo glacial e ultra-violência, ‘Los Bastardos’ atrairá o apoio dos suspeitos de sempre dentro da comunidade crítica. Desd os corajosos créditos de abertura, a simplicidade de seus conceitos, o refinamento despido de seu enquadramento widescreen e sua mixagem sonora rica, está claro que Escalante possui um talento forte. O que faz dele é outra história.” Todd McCarthy, Variety.
“À medida em que Escalante sutilmente desenha as frustrações diárias destes homens empobrecidos e deseducados, longe de suas famílias, junto com o trabalho extenuante e mal remunerado que realizam e as provocações étnicas que toleram, uma esperança lentamente surge no espectador de que este venha a ser um filme bastante especial. No entanto, Escalante perversamente escolhe afundar esta esperança ao repentinamente mudar a direção do filme com uma reviravolta bastante mal-feita.” Peter Brunette, The Hollywood Reporter.
"’Los Bastardos’ é adoravelmente pedante. Intencionalmente discordante e desconfortável, até mesmo a cena inicial parece um teste de ousadia – literalmente por sete minutos, nós assistimos dois homens (que virão a ser os astros do filme) passando de pequenos pontos no horizonte a metros de distância, caminhando em nossa direção sobre uma longa passagem acimentada em quase silêncio absoluto. No começo, mal o vemos. É uma maneira tremendamente entediante de se iniciar um filme. A maioria dos filmes tentam envolver a platéia logo nos primeiros minutos, mas ‘Los Bastardos’ ousa o bastante para mandar a seguinte mensagem: ‘nós faremos da nossa maneira – então aguente.” Charlie Prince, Cinema Strikes Back.
"Seja um filme ou dois, “Che” claramente não está terminado. O filme foi exibido aqui sem créditos de abertura ou de encerramento, apenas alguns intertítulos digitais rústicos (“NOVA YORK 1964”) que tinham o aspecto de ter sido colocados no filme apenas uma hora antes da exibição. Como com em qualquer filme neste Ano das Emoções Confusas em Cannes, as reações ao filme eram as mais diversas possíveis; ninguém no grupo de críticos com quem jantei estava completamente seguro sobre o que ele ou ela achou.
A versão de Cannnes de “Che”, provavelmente um filme que ninguém nunca mais verá, é uma confusão grande, dispersa e ambiciosa. É menos uma bagunçada grande ópera dop que uma máquina belamente construída cujas peças não funcionam lá muito bem juntas. Não me entediei, nas suas mais de quatro horas. Independente se acaba se tornando um grande filme (ou filmes), isto está a milhas e milhas de distância daquilo que imaginava ser Soderbergh capaz de criar a aprtir deste material.” Andrew O’Hehir, Salon
"Haverá debates sobre as políticas do filme; dicutir-se-á se os filmes têm ou não algum núcleo emocional. Discutir-se-á se Benicio Del Toro merece uma indicação ao prêmio de Melhor Ator por sua interpretação de Guevara, ou se o retrato de Che por Steven Soderbergh é muito monótono para nos envolver; Posso facilmente imaginar debates sobre o som e a imagem do filme capturados em digital de alta-definição com todo o artesanato e cuidado que Soderbergh normalmente emprega ao filmar em película. Não posso prever como todas essas perguntas e possibilidades se desenrolarão, mas o que posso dizer – e direi – que raro prazer é ter um filme (ou filmes) nesta nossa era obcecada por números de bilheteria, filmes-evento, iscas de Oscar, que vale a pena se debater em tantos níveis.” - James Rocchi, Cinematical.
"Nos 20 anos desde que ganhou a Palma de Ouro por “sexo, mentiras e videotape”, Steven Soderbergh já caminhou por diferentes caminhos desde a experimentação demente de “Schizopolis” e a homenagem estéril aos anos 40 em “The Good German” até diversas ofertas de Danny Ocean e seus alegres companheiros para aumentar sua credibilidade comercial. É difícil imaginar outro diretor americano de sua geração com a coragem e a habilidade de realizar um retrato de cinco horas em dois filmes sobre o ícone revolucionário Ernesto Che Guevara. Sua abordagem comedida rejeita gestos grandiosos de apelo fácil aos espectadores ou qualquer tentativa de adotar o arrebatamento de um épico de David Lean. Ao invés disso, ele criou uma maratona envolvente e reflexiva na qual o foco está firmemente sobre as personalidades e os argumentos políticos que forjaram os ideais revolucionários dos anos 50 e 60 [...] Este é basicamente um filme de idéias.” Allan Hunter, Screen Daily.
"Se o diretor saiu de seu lugar comum para evitar as típicas convenções biográficas hollywoodianas, ele também se absteve de sugerir a mínima razão pela qual o carismático médico, combatente, diplomata, jornalista e teórico intelectual se tornou e permanece tamanha figura lendária; sobretudo, Che parece menor pela forma como é aqui retratado. “Che” é uma aposta demasiado grande para se fazer passar como um experimento cinematográfico, pois precisa respeitar expectativas altas, tanto comercialmente quanto artisticamente. A duração exigente também força comparações com trabalhos tão raros quanto “Lawrence da Arábia”, “Reds” e outros épicos biográfico-históricos. “Che” não parece épico – apenas longo.” Todd McCarthy, Variety.
"O Festival de Cannes agora ganhou um candidato a altura para a Palma de Ouro [...] “Che” é um cinema viril e musculoso, com uma performance carismática de Benicio Del Toro no papel principal. Talvez este seja visto futuramente como a irregular obra-prima do diretor: comovente, mas estruturalmente fraturada – a segunda metade é bem mais clara e firme do que a primeira – e às vezes reticente de forma frustrante, incapaz de tentar qualquer insight do mundo interior de Che. Somente vemos o homem público, o comandante lendário, desafiador até o último momento.” Peter Bradshaw, The Guardian
“Este é o filme mais vanguardista de Soderbergh, e apesar de haver séria necessidade de ser remontado – a primeira metade, em particular, joga uma quantidade enorme de informações não-cronológicas no colo do espectador - a versão de Cannes merece ser preservada; cortar o filme diminuiria a obsessão de Soderbergh pelo material. É uma crítica justa que o filme omite, entre outras coisas, as injustiças vbrutais cometidas por Che no governo de Castro, mesmo se elas não fazem parte do período abordado pelo filme. A fonte do interesse de Soderbergh parece estar exclusivamente nas porcas e parafusos da revolução guerrilheira – educação dos civis, recrutamento de soldados, procura de comida, cozimento de um porco e por aí vai. Se o foco tão impiedoso em aparente minúcia pode ser às vezes alienante, é também o que faz do filme tamanho alvo de atenção.” Ben Kenigsberg, Time Out Chicago
“A duração não é o problema deste trabalho honorável e amaldiçoado; é que tantas cenas sejam repetições de outras anteriores. Mas o maior fardo recai sobre sua estrela, que como um dos produtores nutriu o projeto por quase uma década. E Del Toro – cujo método de atuação normalmente parte do exagerado e levanta vôo dali mesmo, feito um pára-pente saltando do alto de um arranha-céu – está comportado, apresentando poucas revelações emocionais, aparentemente sedado aqui. Exceto por um excitante confronto na ONU entre Guevara e os embaixadores de outros países da América Latina, Che é definido menos por suas habilidades rigorosas de combate do que por sua asma." Richard Corliss, Time
JOHNNY MAD DOG, de Jean-Stéphane Sauvaire
“O Cinema está constantemente inventando novas maneiras de nos dizer que a guerra é um inferno, mas poucos filmes recentes exploraram os extremos deste inferno tão vividamente ou intrepidamente do que o drama africano de Jean-Stéphane Sauvaire, ‘Johnny Mad Dog’. Performances avassaladoras de desconhecidos, muitos deles soldados mirins reais, mais um estilo conforntacional de direção fazem deste filme uma das estréias mais impressionantes do cinema ficcional francês... Há uma espécie de horror do tipo ‘O Senhor das Moscas’ na sugestão que estas ainda são crianças brincando da maneira mais mortal possível, seus gritos de batalha sugerindo um festival de pesadelo.” Johnathan Romney, Screen Daily.
"O drama brutal franco-belga-liberiano “Johnny Mad Dog”, uma ficção alarmante sobre soldados mirins liberianos realizado com meninos e meninas que de fato lutaram na recente guerra do país, me deixou balançado – furioso, confuso, imerso em pensamentos. Integrante de uma das gangues auto-denominadas ‘negociadores da morte’, Mad Dog devassa os subúrvios de seu país, espalhando terror e morte a tiros de metralhadora – a homens, mulheres e outras crianças – em nome da revolução. A revolução de quem? O filme não diz... Sem contexto, informação ou explicação, o filme o mergulha em terror – e para quais fins?” Manohla Dargis, The New York Times.
“Seqüestro em sua forma mais vil ao que crianças armadas na Libéria comandam outras crianças a juntarem-se a sua tropa. Ficção baseada num fato inacreditável, ‘Johnny Mad Dog’ narra as atrocidades de uma guerra civil ainda em processo naquela nação do oeste africano. Apesar de ser difícil de assistir, trata-se de documento importante que deve alarmar as sensibilidades no circuito de festivais." Duane Byrge, The Hollywood Reporter.
DELTA, de Kornel Mundruczo
“Delta é mais uma dessas tragédias pessoal-familiares filmadas por estes diretores-demiurgos que parecem querer oprimir o espectador com a beleza de suas escolhas frente a miséria dos seus personagens (algo que, ao menos, Alonso passa longe de fazer). Mesma cartilha (planos longos, enquadramentos “inesperados”, quase silêncio, mundo estranho em frente a câmera), levando ao mesmo resultado adiado, mas desde sempre antecipado (final sem qualquer esperança). Um exercício em futilidade de autor – ou talvez seja só a minha opinião.” Eduardo Valente, Revista Cinética
"'Um típico filme de arte de festival.' Esta foi a opinião de um amigo meu após a cabine de imprensa de terça-feira de ‘Delta’, filme em competição do diretor húngaro Kornel Mundruczo. O filme de festival – lento, difícil, formalmente austéro – pode ser um antídoto bem-vindo aos filmes acessíveis e acelerados que triunfam na esfera do cinema comercial. Mas vale lembrar – e ‘Delta’ é sequer um filme neste festival a me relembrar disto – que filmes de arte, eles também, são suscetíveis a fórmula e clichês.” A.O. Scott, The New York Times.
“Cinco anos antes de iniciar o projeto e 18 meses antes de começar a filmá-lo, com um trágico acidente no meio que quase afundou toda a produção (a morte do ator principal Lajos Bertok, a quem o filme é dedicado), Komel Mundruczo está novamente de pé com seu trabalho mais maduro e redondo até agora. Os temas aos quais ele era associado no passado estão agora integrados num mundo perfeitamente coerente e parece que ele encontrou sua voz particular e um estilo no qual ele está mais confortável, fatos atestados pelo prêmio de Melhor Filme e o prêmio Gene Moskovitz oferecido pela imprensa estrangeira, recebidos por ele na Hungarian Film Week.” Dan Fainaru, Screen Daily.
"Deslumbrante de uma perspectiva estética, o filme é bem-sucedido em cativar os espectadores apesar de sua trama e diálogos minimalistas. Esta conquista impressionante é graças ao carisma dos dois atores principais (orsi Toth e o estreante Lajko Felix, um famoso violionista e compositor da excelente trilha de ‘Delta’) e um aguçado senso de direção. Uma ode a beleza da natureza selvagem filmado no Delta do Danúbio na Romênia, o filme – co-escrito pelo diretor e por Yvette Biro – é livremente adaptado de ‘Hamlet’ de Shakespeare e ‘Electra’ de Eurípedes. Retornando à seu vilarejo natal após uma longa ausência, um homem sem nome contrói uma casa no meio do nada, auxiliado por sua meia-irmã a quem acaba de conhecer e ignorada por sua mãe e padrasto. O resultado final é tão fascinante e estonteante quanto é descompromissado, especialmente devido ao seu final brutal, tão chocante quanto a lâmina que desce.” Fabien Lemercier, Cineuropa.
LOS BASTARDOS, de Amat Escalante
"Assim como em sua estréia, ‘Sangre’, ‘Los Bastardos’ é mais um filme de protesto do mexicano Amat Escalante, que acusa o mundo industrializado, em especial os EUA, por seu tratamento aos imigrantes ilegais e às tragédias que eventualmente provoca. Os argumentos de Escalante são válidos e o clímax aterrorizante do filme chocará a platéia de sua complacência, mas o estilo do filme – com seu primeiro plano estático até seu final desenhado – o localiza firmemente dentro do nicho de cinema de arte.” Dan Fainaru, Screen Daily.
"Um filme de arte niilista marcado por planos estáticos tão na moda, diálogos minimalistas banais, ritmo glacial e ultra-violência, ‘Los Bastardos’ atrairá o apoio dos suspeitos de sempre dentro da comunidade crítica. Desd os corajosos créditos de abertura, a simplicidade de seus conceitos, o refinamento despido de seu enquadramento widescreen e sua mixagem sonora rica, está claro que Escalante possui um talento forte. O que faz dele é outra história.” Todd McCarthy, Variety.
“À medida em que Escalante sutilmente desenha as frustrações diárias destes homens empobrecidos e deseducados, longe de suas famílias, junto com o trabalho extenuante e mal remunerado que realizam e as provocações étnicas que toleram, uma esperança lentamente surge no espectador de que este venha a ser um filme bastante especial. No entanto, Escalante perversamente escolhe afundar esta esperança ao repentinamente mudar a direção do filme com uma reviravolta bastante mal-feita.” Peter Brunette, The Hollywood Reporter.
"’Los Bastardos’ é adoravelmente pedante. Intencionalmente discordante e desconfortável, até mesmo a cena inicial parece um teste de ousadia – literalmente por sete minutos, nós assistimos dois homens (que virão a ser os astros do filme) passando de pequenos pontos no horizonte a metros de distância, caminhando em nossa direção sobre uma longa passagem acimentada em quase silêncio absoluto. No começo, mal o vemos. É uma maneira tremendamente entediante de se iniciar um filme. A maioria dos filmes tentam envolver a platéia logo nos primeiros minutos, mas ‘Los Bastardos’ ousa o bastante para mandar a seguinte mensagem: ‘nós faremos da nossa maneira – então aguente.” Charlie Prince, Cinema Strikes Back.
(via GreenCine)