Muitos conceitos para o filme no Fluxus
O Fluxus 2006 (Festival Internacional de Cinema na Internet) encerrou as inscrições na última sexta-feira. Foram inscritos mais de 470 trabalhos audiovisuais de curta duração de diversos países. Agora começa o processo de seleção e o novo site com os filmes da competição tem previsão para entrar no ar no dia 19 de dezembro.
O Fluxus é o único festival exclusivamente on-line no Brasil. Começou em 2000, quando ainda não existia banda larga, nem YouTube, nem Google video, e mesmo hoje cumpre um papel diferente destes mega-buscadores e servidores que é o de colocar junto mídias distintas ( todos os formatos possíveis digitalizados) mas trabalhos com aspectos essencialmente experimentais e estéticos.
Este o ano, apesar de todo o boom dos aparelhos celulares com câmeras de vídeo com boa qualidade e das operadoras estarem interessadas em explorar e estimular um nicho de consumidores que podem produzir microfilmes com seus próprios celulares, o Fluxus não conseguiu patrocinador. Falta de estratégia? Pode ser que sim. Mas dar continüidade a este projeto se transformou em nossas mentes mais do que um desafio, um prazer enorme. Sim, é possível fazer projetos porque temos prazer e acreditar neles, mesmo que não possa, às vezes, viabilizá-los financeiramente.
A verdade é que o Fluxus 2006, apesar de ter criado uma categoria para filmes produzidos para celular (Cinemobile, com o tema Intimidade) e já desde 2005 exibir filmes feitos com celulares ( no programa Futur_0, que vc pode assistir no site de 2005), não tem como objetivo explorar apenas esta categoria de produção audiovisual.
O Fluxus é um festival on-line que acredita no espaço web como um lugar de exibição e troca e, conseqüentemente como lugar de estímulo a criação de novas ferramentas para o filme experimental. Sendo assim, a câmera dos celulares é apenas mais uma ferramenta de produção de imagens ( não é uma linguagem em si) e tanto quanto uma câmera digital ou super 8 pode gerar sim, a possibilidade de um filme, de um projeto e de uma pesquisa. Tanto quanto um software, como o Flash da Macromedia, pode criar um filme de animação.
Muitas perguntas que nos fazíamos lá em 2000, quando começou o filme na web, estão sendo feitas hoje por quem quer produzir para celulares, ou nos inúmeros pequenos eventos sobre o tema. Mas realmente interessa a capacidade de se criar um mundo audiovisual, as ferramentas estão aí e você pode usar uma ínfima imagem captada no seu celular para inserir esta imagem no seu curta de 35mm, ou converter suas imagens em super 8 em imagens digitais, colorizadas ou animadas por um software de última geração. Ou criar um projeto todo de imagens captadas apenas no celular que serão exibidas na web. Esta é a verdade: as mídias se entrecruzam, e esta mistura de mídias, suportes, mensagens e possibilidade tecnológicas e criativas é que interessa ao Fluxus.
O importante para um festival como o Fluxus é estimular o uso, a participação, a inserção de tecnologias ainda pouco exploradas na participação da web e principalmente na apresentação e promoção de novos modelos de filme.
Isto é o mais importante para o Fluxus: dizer a todos que o cinema é possível em muitos formatos e que talvez estar sintonizado com o cinema seja acreditar nas constantes mutações tecnológicas e não deixar de interagir com as novas tecnologias. Acreditando que o filme é tudo aquilo que se constrói a partir de uma idéia em imagens e som. E as experiências estão aí, pra todo mundo ver, on-line, on demand, livre e gratuitamente como deve ser a Internet.
Acompanhe o Fluxus, a partir de dezembro, votando no melhor filme, enviando filmes e comentários pra seus amigos. Depois o Fluxus segue sua itinerância em festivais pelo mundo e no Brasil.
** Foto da animação abstrata _grau do alemão Robert Seidel que ganhou o melhor filme na categoria escolha da audiência no Fluxus 2005.
(Francesca Azzi)
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