Recap Fest 10/5
>> Se você estivesse andando pela Croisette e visse esse pré-pôster para The Triangle, omnibus contínuo de Tsui Hark, Ringo Lam e Johnnie To, você resistiria?
>> A origem da pirataria: claro, a comercialização de DVDs de filmes piratas é um problema do mundo subdesenvolvido, de países como Brasil e China, onde o dinheiro é pouco, a população é grande e o setor informal emprega mais do que o formal. Mas uma investigação desvendou a origem das pot-cams, os piratas filmados com uma câmera digital dentro do cinema (CAMs ou TELESYNCs). E se você achava que os malandros habitavam abaixo da linha de pobreza, pense de novo.
A maioria dos filmes pirata vem do Canadá. Mais especificamente Quebec e Alberta.
O que acabou eclodindo uma crise para a classe cinéfila local. Por causa da investigação, a Warner Bros. já declarou que os lançamentos cinematográficos de 2008 para essas localidades serão atrasados, a partir de 13 Homens e Um Segredo e até o próximo Harry Potter. Resta ver se o boicote se estende para outros estúdios. Deve ser chato morar num país no qual os filmes demoram para chegar aos cinemas... Aliás, segue a próxima:
>> Por que eu não vou baixar Hot Fuzz: Já vazou na Internet o novo filme do trio Pegg/Wright/Frost, o aguardadíssimo follow-up do time por trás do cult Shawn Of The Dead (ou "Todo Mundo Quase Morto", se você gosta desse tipo de coisa), aliás um belíssimo filme R5. Para esse HD, ele não tem nem chance de aparecer. Eu quero acreditar na possibilidade de poder assisti-lo nos cinemas, eu quero acreditar na possibilidade deles ficarem mais ricos às minhas custas, então eu vou dar uma chance aos distribuidores nacionais de por favor adquirirem esse título (e como ninguém elogiou o lançamento de Sunshine por aqui, acompanhando o circuito inglês - o filme só estreará nos EUA em outubro!), mas apenas até antes do lançamento do DVD importado. Porque eu sou paciente e patrocinador, mas também não sou de ferro.
>> Mas já que num tem tu, vai tu mêrmo: marque a data - 20 de agosto. É quando INLAND EMPIRE de David Lynch será lançado em DVD no Reino Unido.
>> Teto de vidro da porra: George Lucas, esse diretor versátil e que se reinventa a cada filme, deu uma entrevista para Roger Friedman, compartilhando suas opiniões sobre Homem-Aranha 3 (que, aliás, não vi e nem vou ver no cinema, porque ando sem muito saco pra fila e função; mil desculpas para shenmue e lucas, mas vou reservar o filme para uma tarde morta de sábado em DVD):
"É bobo. É um filme bobo. Não há muita substância nele. Uma vez que você o analisa, não sobra muita história, não é? As pessoas também acharam que Star Wars era um filme bobo. Mas não era."
Caralho, o sujo falando mal do encardido. Esqueça que Raimi tem um currículo muito mais consistente e superior ao sujeito que fez fortuna em cima da solidão um bando de nerds, estava mais do que na hora de Raimi fazer um filme realmente ruim na vida. Contabilizando, a trilogia Homem-Aranha tem um filme ruim e a trilogia Evil Dead é impecável, ao que a primeira trilogia de "Star Wars" tem apenas dois filmes bons e a nova trilogia de Lucas tem três péssimos (que eu até gostei de ver, mas nunca fui fã de "Star Wars" mesmo, então eu não sei do que estou falando). E se você não gosta de Darkman - Vingança Sem Rosto, você é um idiota.
Aliás, de todos os blockbusters do verão, Homem-Aranha 3 é o único cujos efeitos-especiais não foram feitos pela ILM, o que teve ter atiçado a fúria da poderosa chefona lá do Skywalker Ranch.
>> Os Melhores Filmes Não-Realizados Part Deux:(traduzido de um podcast - confiável) "li o roteiro de Frank Darabont para Indiana Jones 4, aquele que foi rejeitado por Lucas para confusão do próprio autor, o que só comprova que o sujeito já pode ser internado e a chave da cela jogada no limbo. O roteiro tem tudo o que se poderia esperar de uma aventura de Indiana Jones (aliás, Darabont tinha roteirizado o seriado The Indiana Jones Chronicles), existem incríveis possibilidades para cenas de ação memoráveis (a trama é sobre Indy investigando OVNIs - mas é muito melhor do que sôa), a questão da idade é lidada de forma inteligente. Mas o foco é definitivamente entre as relações familiares entre a família de Indy, provocadas pelas situações em que os homens das três gerações se metem. As brigas e discussões no meio de setpieces frenéticos são dignos dos momentos mais clássicos da série!"
Quero muito ler esse roteiro - isso vindo de uma pessoa que não poderia estar cagando mais por esse ataque de nostagia oitentista que está invade os cinemas (que o design do Optimus Prime difere do desenho animado - QUEM É QUE LIGA, PORRA?!? É o caralho de um filme sobre carros-robôs! Que tipo de pessoa é você para despediçar oxigênio com isso?!?). Lucas pegou o roteiro de Darabont e disse que o retrabalharia ele mesmo. Você sabe que terá problemas quando descobre que o seu roteiro será "melhorado" pelo mesmo autor de Howard, o Super-Herói.
>> Indo à Cannes sem sair de casa: belíssima desculpa para revisitar ou até mesmo descobrir alguns filmes clássicos é mergulhar de cabeça na programação da mostra Cannes Classics e fazer suas próprias sessões em casa, alugando os DVDs ou fuçando para encontrar os filmes na Internet. Segue lista abaixo (mas o link para a página do festival é esse, visse?)
a) Nascimento da World Cinema Foundation (cópias restauradas)
TRANSES de Ahmed El Maanouni (Marrocos, 1981)
LIMITE de Mario Peixoto (Brasil, 1931)
LA FORET DES PENDUS ("A Floresta dos Enforcados") de Liviu Ciulei (România, 1964)
b) Centenário John Wayne
HONDO 3D de John Farrow (EUA, 1953) - exibido em seu formato tridimensional original (alô, Festival do Rio!)
RIO BRAVO de John Ford (EUA, 1959)
c) Laurence Olivier filma Shakespeare
HAMLET (Reino Unido, 1948)
HENRIQUE V (Reino Unido, 1944)
RICARDO III (Reino Unido, 1955)
d) TRIBUTOS:
KANAL de Andrzej Wajda e 12 HOMENS E UMA SENTENÇA de Sydney Lumet
e) Documentários sobre Cinema
"Brando" de Leslie Greif and Mimi Freedman (EUA, 2007)
"Maurice Pialat, L'amour existe" de Jean-Pierre Devillers, Anne-Marie Faux (França, 2007)
"Man of Cinema: Pierre Rissient" de Todd McCarthy (EUA, 2007)
"Never Apologize: A Personal Visit With Lindsay Anderson" de Mike Kaplan (Grã-Bretanha, 2007)
f) Seleção de filmes restaurados e novas cópias:
"Israel Why" de Claude Lanzmann (Itália-França, 1972)
"Bound by Chastity Rules" de Sang-Ok Shin (Coréia do Sul, 1962)
"My Last Mistress" de Sacha Guitry (França, 1943)
"Mikey and Nicky" de Elaine May (EUA, 1976)
"Escape From Yesterday" de Julien Duvivier (França, 1935)
"The Garden of the Finzi-Continis" de Vittorio de Sica (Itália, 1970)
"Suspiria" de Dario Argento (Itália, 1977)
"The Adventures of Prince Achmed" de Lotte Reiniger (Alemanha, 1926)
"Dracula" de Terence Fisher (Inglaterra, 1958)
"Yo Yo" de Pierre Etaix
>> Aliás, a entrada chinesa para a competição pela Palma de Ouro desse ano, The Sun Also Rises de Jiang Wen, foi retirada do festival. Motivo? Durante a pós-produção, partes inteiras do filme foram destroçadas pelo processo de montagem. O filme agora está com o lançamento atrasado, programado para ser exibido apenas em festivais de final de ano. Boa sorte para eles.
>> Cruz-credo, as pessoas já estão fazendo a lista de melhores filmes de 2007?! Para o The London Times e para o PopMatters, já está na hora da xêpa.
>> Já visualizou o pôster de A Lista de Schindler caso fosse um filme nazi-exploitation? Veja nesse link do Something Awful - como seriam as versões grindhouse de cartazes de filmes blockbuster hollywoodianos.
>> Quer aprender mais sobre o cinema coreano? Não custa nada! Dá até um pouco de dor porque eu considerava esse link meu tesouro, mas o novo e-book publicado pela Korean Film Council (o melhor site de cinema por uma comissão nacional - veja o cuidado com que os sul-coreanos disseminam as notícias e o conhecimento sobre seu prórpio cinema!) é muito bom para deixar passar. Já tendo disponibilizado para download - de graça! - três livros sobre a nova geração de diretores sul-coreanos (Park Chan-wook, Bong Joon-ho e Ryoo Seung-wan - existem ainda os e-books sobre Im Kwon-taek, lançando em 2007 seu centésimo filme, e Kim Ki-young), o mais novo lançamento é o e-book sobre a História do Cinema Coreano. Baixe e imprima no computador do escritório, excelente leitura para o fim-de-semana.
No site do The Korean Film Council, clique em Publications.
>> O duo francês Justice restaurou a minha fé na música eletrônica enquanto possibilidade de algo remotamente escutável. Vade retro, minimal electro! Inegavelmente divertido, o CD dos franceses (que fizeram o maior hit house de 2006 na Europa, "We Are Your Friends", remix de uma música do Simian) só será lançado em junho-julho, mas faixas como "The Party" e "D.A.N.C.E." me deixaram ansioso pelo álbum inteiro. O clipe de "D.A.N.C.E." merece uma espíadela, portanto segue o link.
>> Joe Swanberg assinou as populares vinhetas que precediam os filmes do festival SXSW. Para assisti-los, é só ir no site do festival (que se mantém na ativa com uma competição de curtas online).
>> Aliás, se alguém precisar visualizar a teia de relações da geração Mumblecore, não precisa mais procurar:
>>Link genial: Nickelback, considerem-se flagrados.
>> Dor é dor em qualquer idioma. A surra cinematográfica que o Napão Gonzaga enfiou Cro Cop Filipovic no UFC foi uma coisa de dar pesadelos para uma semana. Quer saber como é que a punição divina se parece?
>> Os 10 Melhores Momentos do The Gong Show - O Show do Gongo (gente velha como eu se lembrará - era o programa americano que tinha trechos exibidos no Topa Tudo Por Dinheiro). Apesar do clássico vídeo da Máquina de Dança (sacaneado/homenageado nos Simpsons), o vídeo das meninas chupando um picolé é o momento inacreditável. Puro ouro dos anos 70.
Ei, vamos ver Lady Vingança este fim de semana! Eu sei que vai ser a nonagésima vez que você viu o filme, mas está no cinema e você precisa prestigiá-lo na telona (vi no Festival do Rio e, apesar de ter o filme em DVD há meses, pode contar comigo de volta). E semana que vem, tem O Hospedeiro.
Bernardo Krivochein