blogINDIE 2006
RIOFAN: O Festival Que Veio nos Salvar Começa Agora


Acaba no próximo dia 30 de abril uma das maiores carências do cenário cinematográfico brasileiro: o reconhecimento da existência de um tal “cinema fantástico” através da realização do primeiro grande evento celebratório do gênero. O RIOFAN – Festival de Cinema Fantástico do Rio de Janeiro acontece em três salas cariocas (Caixa Cultural, Estação Botafogo 1 e Cinemateca do MAM) até o dia 11 com uma programação repleta de impressionantes e numerosas surpresas, estabelecendo-o como uma das mostras mundiais de respeito já logo na primeira edição. Não é todo festival de cinema fantástico que pode se gabar de declarar sua existência perante o mundo inteiro com um filme do mestre George Romero (cujo “Diário dos Mortos” abençoa a abertura para convidados nesta quarta-feira).

Descobrindo o site do festival, o espectador poderá checar a extensa lista de longas e curtas programados, entre produções aguardadíssimas, novidades independentes (dentre os quais “Blood Car” faz coro), grandes clássicos imperdíveis (sendo “Ugetsu” obrigatório de se descobrir numa sessão 35mm) e surpreendentes contribuições brasileiras (“Conceição – Autor Bom é Autor Morto”; “Meu Nome é Dindi” e “O Fim da Picada”, além de filmes do Zé do Caixão) que ajudam a localizar nosso cinema dentro das amplas possibilidades do gênero (são inclusive as produções brasileiras que quebram o foco do RIOFAN, bastante concentrado no horror, oferecendo uma perspectiva mais abrangente). Claro, estaremos cobrindo o RIOFAN entusiasmadamente. Congratulações ao pessoal da Associação Cultural Contracampo (Fernando Veríssimo, Raphael Mesquita, Mario Azen e Leonardo Levis) pela iniciativa e pelo sucesso da empreitada.

A programação a seguir tem propósito apenas sugestivo, determinando num oceano de opções fantásticas apenas alguns portos seguros de acordo com o feedback de outros festivais do gênero no mundo todo. Portanto, trate de esquecer o “Homem de Ferro”: você vai ter inúmeras chances de assisti-lo na vitrine da Ponto Frio. Neste fim de semana, trate de se assustar, se revoltar e de se deslumbrar com algo de fantástico nesta sua vida modorrenta.

JACK BROOKS: MONSTER SLAYER

Dando continuidade ao movimento de represália aos terrores importados com o revival do cinema de horror oitentista puramente norte-americano, “Jack Brooks: Monster Slayer”, candidata-se à vaga que “Behind The Mask” e “Hatchet” (ambos também estrelados pelo mesmo Robert Englund deste) ocuparam ano passado: terror de entretenimento irrepreensível. Um bombeiro encanador com um passado sombrio e problemas de temperamento descobre sua verdadeira vocação quando o professor de seu curso escolar para adultos se transforma numa besta mosntruosa.

Textos: http://www.fangoria.com/ghastly_review.php?id=5755
http://twitchfilm.net/site/view/efm-jack-brooks-monster-slayer-review/
http://www.variety.com/review/VE1117935845.html?categoryid=31&cs=1
http://www.bloody-disgusting.com/review/1803

DIÁRIO DOS MORTOS

George Romero em seu habitat natural (um filme de zumbis num festival de cinema fantástico) é algo inédito no Brasil e obrigatório para qualquer cinéfilo, ainda que o filme tenha dividido opiniões e surgido numa época particularmente repleta de outros que se aproveitam da mesma estética câmera-na-mão (“Cloverfield”, “[REC]”). Ainda assim, vale para ver como Romero mais uma vez utiliza a zumbificação para abrir fogo crítico contra a sociedade, neste caso, a mídia de informação.

Textos: http://twitchfilm.net/site/view/tiff-report-diary-of-the-dead/
http://www.horror-movies.ca/horror_reviews_2716.htm
http://www.cinematical.com/2007/09/10/tiff-review-diary-of-the-dead/
http://www.rollingstone.com/reviews/movie/15691968/review/18419611/george_a
_romeros_diary_of_the_dead



CRONOCRIMES (TIME CRIMES/CRONOCRÍMENES)

Oportunidade imperdível para se assistir o primeiro longa-metragem do cultuado Nacho Vigalondo (do genial curta indicado ao Oscar “7:35 de la mañana”: http://www.youtube.com/watch?v=WA3I1kZR98o), que tem sido um sucesso arrebatador por todos os festivais por onde passa e já se encontra em processo de remake pela United Artists, No filme, um observador de árvores isolado num bosque aproveita para espiar uma mulher e acaba se envolvendo numa trama enrolada através de um loop no tempo. Descrito como uma espécie de “Feitiço do Tempo” dark, o filme agradou tanto Todd Brown, cabeça do site Twtich, a ponto de tornar-se produtor executivo deste e de seu próximo longa.

Textos: http://www.variety.com/review/VE1117935730.html
http://www.cinematical.com/2007/10/12/fantastic-fest-review-timecrimes/
http://chud.com/articles/articles/13331/1/SUNDANCE-REVIEW-TIME-CRIMES/Page1.html

POP SKULL

O indie da vez (vindo do Alabama) tem feito bastante barulho recentemente, ao que o filme chega a nós fresquinho no seu circuito de festivais internacionais. Mesclando várias estéticas para reproduzir o estado de desmoronamento psicológico de Daniel que, sofrendo de distúrbios do sono após o término com a namorada, vicia-se em remédios farmacêuticos não-prescritos, o melancólico e sinteticamente feérico longa de Adam Wingard é uma estréia tecnicamente complexa que vem chamando enorme atenção por onde passa.

Textos: http://www.bloody-disgusting.com/film/1600
http://twitchfilm.net/site/view/iiff-2008-pop-skull-review/
http://www.variety.com/review/VE1117935492.html?cs=1&p=0

ESTAÇÃO FINAL (END OF THE LINE)

Praticamente um veterano de festivais de cinema fantástico, o canadense Maurice Deveraux limpa a ficha do sistema metroviário como palco precioso para filmes de horror após o fracassado “Plataforma do Medo” (e assim redimindo-se de “Slashers”) com este conto bastante similar em seu ponto de partida: uma enfermeira já cheia de problemas na vida acaba presa dentro de um metrô junto com membros de uma seita que acredita precisar sacrificar os descrentes para evitar o apocalipse. Sessão de terror primal que tem impressionado pelos intensos sustos e surpresas que a história reserva ao espectador.

Textos: http://www.joblo.com/arrow/reviews.php?id=1185
http://www.eyeforfilm.co.uk/reviews.php?id=5853
http://www.cinematical.com/2007/04/09/philly-ff-review-end-of-the-line/

THE RAGE

Estrelado pelo Wishmaster em pessoa, Andrew Divoff (além de Reggie Bannister, de “Phantasm”), “The Rage” é uma aposta na diversão puramente escatológica do diretor Robert Kurtzman (especialista em FX fazendo sua estréia atrás das câmeras), que partiu, com este throwback aos primeiros filmes de Stuart Gordon (“Re-Animator” e “Do Além”), para salvar o gênero da higienização imposta pelas técnicas de mercado de terrores adolescentes. O sangue rola solto quando um médico, após descobrir a cura do câncer, é isolado e torturado pela ambiciosa indústria farmacêutica (que crê mais lucrativo tratar a doença do que curá-la por completo), se vinga da humanidade criando um vírus que zumbifica geral, só de raiva. Mas nem por isso Divoff escapa de ficar ainda mais feio, com auxílio de uma revoltante maquiagem.

Textos: http://efilmcritic.com/review.php?movie=16309
http://www.bloody-disgusting.com/review/1083

MIRAGE MAN

Após “Kiltro”, o diretor Ernesto Diaz Espinoza e o astro de artes marciais Marko Zaror retomam a parceira, com mais orçamento e mais ousadia, ao que “Mirage Man” tenta estabelecer um super-herói tipicamente latino na cinematografia latina. À história de um vigia noturno que se torna um justiceiro mascarado (contada com bastante humor auto-reflexivo), Zaror injeta suas impressionantes habilidades, deixando a questão: será que Espinoza conseguirá finalmente abrir os planos, sempre tão fechados nos filme anterior para esconder os limites da produção e a inferioridade dos extras perante as acrobacias do protagonista (no entanto, rendendo a “Kiltro” um charme bastante peculiar)? A resposta parece ser positiva, ao que ambos os filmes foram comprados pela Magnolia Pictures para distribuição comercial. Mais um exemplo do cinema fantástico em impressionante ebulição de nosso país vizinho.

Textos: http://papeldigital.info/lt/edicion.html?20080320010482
http://twitchfilm.net/archives/010727.html

OTTO, OR UP WITH DEAD PEOPLE

Uma revelação: gays adoram filmes de horror. Talvez pelo mesmo motivo que eles adorem ser encarcerados (com um cara bem gostoso) e seqüestrados (por um cara bem gostoso). É um fetiche, baseado na crença de que, sendo a única opção sexual disponível numa situação de tensão, o hétero vai ter que ceder e experimentar aquilo ali. Então cuidado com o seu furico no escuro durante a projeção de “Otto, or Up With Dead Pepole” de Bruce La Bruce, ícone do queer cinema arriscando um filme reflexivo de zumbis. Filmes gays de terror não são novidade (toda a cinematografia de David DeCoteau e “O Pacto”, por exemplo), mas a inovação pode estar justamente na abordagem, que pega emprestado do queer cinema a experimentação e a reflexividade. A descobrir.

ESTRADA PARA O INFERNO (ZIBAHKANA)

O primeiro filme paquistanês de zumbis já vem chamando a atenção na internet desde o seu anúncio, mas experiências derradeiras com ele tem sido esparsas. Aparentemente uma mistura de “O Massacre da Serra Elétrica”, do tailandês “Hell” com “A Noite dos Mortos-Vivos”, a história é típica trama de “filme de adolescente morto”, ao que um grupo de hormonalmente incautos se perde a caminho de um concerto de rock apenas para se descobrirem refeição de um bando de zumbis selvagens. Ajuda muito pouco que um assassino de burka também esteja na sua cola. Parece galhofa. Parece divertido.

O BOSQUE MALDITO (IL BOSCO FUORI)

Cabe ao filme de Gabriele Albanesi defender a dinastia do terror italiano, uma das mais nobres da História do Cinema. Há muito pouco nas críticas que ressaltem alguma coisa sobre seu estilo ou abordagem, mas todas fazem questão em ressaltar o corajoso gore que não se restringe ou se acovarda em face do revoltante e nauseante. Quando um casal de jovens é ameaçado por uma dupla de locais ameaçadores, um casal de idosos toma suas dores e os convida para passar uma noite em sua casa, a última casa do bosque. Mas tem terra com predisposição para brotar filhos da puta...

Textos: http://efilmcritic.com/review.php?movie=17301
http://www.variety.com/review/VE1117933946.html?categoryid=31&cs=1&nid=2577

AUTOMATONS

Para ser visto em “double feature” com “Cthulhu”, esta ficção-científica vintage feita com orçamento de conserto de geladeira aproveita-se de sua falta de recursos para intensificar sua atmosfera retrô, própria de tantos programas de televisão clássicos dos anos 50 e 60. Mais do que remeter esteticamente a época, o filme de James Felix McKenney tenta resgatar dos escombros da sobrecarga atual de efeitos em CGI a mentalidade de que podia se fazer um sci-fi apenas com idéias.

Texto: http://movies.nytimes.com/2006/12/13/movies/13auto.html
http://efilmcritic.com/review.php?movie=15459
http://www.monsterpants.net/automatons/reviews.html

Além destes, temos também “The Man From Earth”, já amplamente elogiado pelo Shenmue GDA aqui no blogINDIE, como também o clássico acidental do INDIE 2007, "Blood Car”, que merecem ser descobertos para quem nunca os assistiu. Recomendação que se estende para toda a excitante programação que se desenrola em frente aos nossos olhos incrédulos e gratos.

Site do RIOFAN: link
  Bernardo Krivochein    terça-feira, abril 29, 2008
 
 
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