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Zumbidos de Cannes: Dia 9

Still de You, The Living (Du Levande) de Roy Andersson

>> O vencedor da mostra Semana da Crítica foi a co-produção entre Argentina/Espanha/França XXY, de Lucia Puenzo, que explora os conflitos psicológicos de um adolescente hermafrodita (incrível descrição, estou oficialmente intrigado). Na mesma mostra, o grupo de defesa dos direitos dos autores franceses SACD escolheu "Jellyfish" para ganhar o prêmio de melhor diretor (para a dupla Etgar Keret e Shira Geffen). O mesmo Jellyfish ganhou o prêmio da TV5 Monde dos (Muito) Jovens Críticos, que dá uma grana para ajudar na publicidade e lançamento do filme.

>> Já o vencedor da Quinzena dos Realizadores foi Control de Anton Corbjin, que abocanhou três prêmios: o prêmio CICAE Art & Essai de Melhor Filme, o Prêmio "Regards Jeunes" dado aos melhores filmes de diretores inciantes (primeira ou segunda obra) e o Prêmio Europa Cinemas Label para melhor filme europeu dentro da referida mostra. Control ainda ganhou um dinheiro esperto, uma vez que foi comprado para distribuição pela The Weinstein Company.

>> Às vésperas do final do festival, os diagnósticos gerais já começam a ser rascunhados: Dave Calhoun da Time Out chama a 60a. edição do Festival como uma das mais fortes dos últimos tempos, lamentando apenas a falta de uma obra-prima absoluta ou a de um desses filmes geralmente detestados que provocam vaias e revolta. Clique aqui.

WE OWN THE NIGHT de James Gray - Em Competição

"As alternâncias cuidadosamente orquestradas entre reflexões e fúria que faziam do filme anterior de Gray, 'Caminho Sem Volta'(The Yards), tão intrigante aqui abrem caminho para um melodrama previsível e corriqueiro, e uma tendência meia-bomba de contar mais do que mostrar, iniciada por duas linhas de diálogo que, se posso interpretar o comportamento dos meus colegas corretamente, realmente provocaram uma torcida para que o filme saísse da tela o mais rápido possível." Glenn Kenny, Premiere

"Há não muito tempo atrás, parecia que a carreira de James Gray enquanto diretor tinha terminado. Seu filme de 2000, 'Caminho Sem Volta', um drama com um elenco de jovens e talentosos parceiros - Joaquin Phoenix, Mark Wahlberg e Charlize Theron - tinha acabado de fracassar nas bilheterias... Quanta diferença sete anos fazem. Gray finalmente emergiu com um novo filme que pode garantir-lhe tanto o louvor da crítica quanto uma platéia mais ampla para o diretor de 38 anos de idade. Chamado 'We Own The Night', o filme é um cativante drama passado nos anos 80 no ápice de uma guerra sangrenta entre a polícia novaiorquina e a máfia russa que haviam marcado os oficiais e suas famílias como alvo. O filme estrela Phoenix e Wahlberg como os irmãos em conflito."Patrick Goldstein, The Los Angeles Times

UNE VIEILLE MAÎTRESSE de Catherine Breillat - Em Competição

"Uma recuperação gratificantemente forte do retrógrado 'Anatomia de um Inferno.' Logo que, Lonsdale está podando a aventureira espanhola (ou assim nos parece) Vellini, a 'velha meretriz' do título, interpretada por uma feral Asia Argento. E logo após que descobrimos que seu amante Ryno de Marigny (Fu'ad Ait Aattou, com lábios que fazem o Mick Jagger dos anos 60 se parecer com like Mark Linn-Baker) está prestes a se casar com a inocente herdeira Hermangarde (Roxanne Masquida, cujo relacionamento com Breillat deve ser, imagino, bem interessante), e que todo esse círculo social de 1830 gira em torno do comportamento libertino de Ryno." Glenn Kenny, Premiere

"Esta é uma espécie rara de drama de época que se faz parecer ao mesmo tempo fiel à sua época e inteiramente moderno. Os fãs ardentes de Breillat podem até se sentir traídos, respondendo emocionalmente apenas ao momento em que Vellini faméricamente ataca o sangue expelido pelo ferimento a bala de seu amante; a meu ver, esse filme corta mais profundamente do que seus outros mais ousados esforços, precisamente porque é populado por pessoas que, por mais fodidos que sejam, retém sua sanidade." Mike D'Angelo, ScreenGrab

"Um flashback enorme que acontece por volta de uma hora de filme, onde são recontados os 10 anos que Ryno e La Vellini passaram juntos, é de longe o momento mais interessante do filme, já que toda história se encaminha à ele e tudo o que o sucede não é apenas desinteressante quanto sem graça, no mesmo estilo de uma adaptação-para-televisão-de-um-romance-respeitado (associar 'sem graça' ao trabalho de Breillat é algo que esse crítico em particular jamais pensou que faria). Porque a energia do ato central apesar da época e dos costumes (isto é, quando os personagens estão vestidos), as outras partes, nas quais as roupas permanecem nos atores e também apresentam discursos elaborados,parecem ainda mais parados e poderia servir-se de um bom corte." Boyd van Hoeij, european-films.net.

YOU, THE LIVING (Du Levande) de Roy Andersson - Un Certain Regard

"De fato, o que impressiona aqui é a capacidade de unir uma ironia finíssima sobre a experiência das relações humanas, sem perder por nem um segundo o apego e o calor para com seus personagens. É um jogo de equilibrista dos mais delicados, como de resto também é este formato episódico que, no entanto, Andersson resolve com uma regularidade surpreendente e uma comicidade realmente hilariante (seu tempo e encenação de comédia, além da presença forte dos cenários construídos em estúdio para reproduzir uma cidade, lembram bastante o Tati de Playtime). E um plano final realmente impressionante. Se um filme for julgado pela relação entre a proposta de um realizador e sua capacidade de resolve-la no cinema, o filme de Andersson foi sem dúvida das melhores coisas vistas no Festival." Eduardo Valente, Revista Cinética

"'Songs From The Second Floor' sempre pareceu tão completo em sua estética única que era difícil imaginar o que Roy Andersson faria para um bis. A: Mais do mesmo, só com um tom mais sólido e menos excessivamente desesperado. De fato, 'You, The Living', uma adição de última hora a seção Un Certain Regard, em momentos parece uma comédia muda perdida, com gags construídas de forma magnífica... e uma trilha-sonora recorrente de jazz ao estilo Dixieland, com ênfase na tuba." Mike D'Angelo, ScreenGrab

"Ausente de 'You, The Living' está o espírito anticapitalista e o clima prevalecente de desespero apocalíptico, o quarto filme de Andersson é marginalmente mais leve, até mais doce em seu tom e na sua utilização brincalhona de sua trilha-sonora - o conjunto inclui uma guitarrista com um penteado punk, um quarteto de jazz da Louisiana e uma mulher que canta um número musical logo após uma queixa suicida - transforma 'You, The Living' numa espécie de ode miserável aos obstáculos da existência humana, com cada cena tecendo uma variação solo desse tema." Justin Chang, Variety

"Filmado em pastéis ultrapassados e interiores um pouco difusos, o filme cria a sua própria perspectiva paralela e um tanto inusitada de mundo, assim como os filmes anteriores de Andersson (e os filmes de Aki Kaurismäki da vizinha Finlândia). A chave do sucesso de ambos é que seus mundos são tão reconhecíveis pois reduzem o mundo real ao máximo de seu essencial sem comprometer seus personagens." Boyd van Hoeij, european-films.net

"'Fiquem agradecidos então, vocês os vivos, em sua cama deliciosamente aquecida, antes que a gélida onda de Lethe lamba seu pé fugitivo.' Essa citação de Goethe aludida em 'You, The Living'... resume precisamente os objetivos do diretor: adicionar um joie de vivre expresso no humor burlesco para um estado desesperado do ser humano e do mundo contemporâneo." Fabien Lemercier, Cineuropa.

DÉFICIT de Gael García Bernal - Semana da Crítica

"Gael García Bernal mostra tanta promessa por trás das câmeras quanto ele já tem como ator. O filme desce suave feito tequila, com um impressionante (ainda que não surpreendente) pontada em sua cauda de bônus." Geoff Andrew, Time Out

"Se comprometimento sincero e boas intenções fossem o bastante, esse primeiro filme do soberbamente bem sucedido - embora ainda bastante jovem - ator e galã mexicano Gael García Bernal (Y Tu Mama Tambien, Diários de Motocicleta, A Má Educação) seria uma obra-prima. No entanto, esses ingredientes, embora certamente desejáveis, não são o bastante, e o resultado é um filme que, apesar de seus nobres objetivos, nunca é intrigante e apenas razoavelmente assistível." Peter Brunette, Screen Daily

MY BROTHER IS AN ONLY CHILD (Mio fratello è figlio unico) de Daniele Luchetti - Un Certain Regard

"O título italiano da Un Certain Regard e sucesso de bilheteria local 'Mio fratello è figlio unico' é um retrato panorâmico divertido de um grupo de jovens italianos politicamente engajados nos anos 60 e 70 que não apenas aprende sua época, mas também, de forma diluída, a juventude italiana de hoje em dia." Boyd van Hoeij, european-films.net

"Roteirizado pela mesma dupla que lançou uma luz dura e comovente aos anos de pós-Segunda Guerra em 'O Melhor da Juventude', o filme oferece um caloroso humor que ilumina uma vista corajosa de esperança mesmo quando os procedimentos se tornam trágicos." Jay Weissberg, ScreenGrab

"Em comparação com 'Juventude', esse é um filme mais produzido e mais palatável para o grande público, uma vez que trata da paixonite tímida de Accio pela rebelde Francesca assim como trata das mudanças políticas da época. Existem uma série de piadas ra´pidas mas efetivas em cima do fanatismo de Accio e Manrico - a versão comunista de 'An Die Freude' de Beethoven cantada durante uma manifestação estudantil é uma hilária referência à correção política dos anos 70. Mas é no relacionamento entre os dois irmãos - caloroso, repleta de significado, belamente interpretado por Germano e Scamarcio - que o filme impressiona." Ed Lawrenson, Time Out

RETOUR EN NORMANDIE de Nicholas Philibert

"O filme não se afunda em lástimas nostálgicas, mas é uma exploração calorosa, engraçada e viva de temas interligados: História, documentação, loucura, memória, vida familiar e por aí vai. É um filme incrivelmente sutil, e possivelmente um pouco pesado para aqueles que acharam o pequeno Jojo o elemento mais interessante em 'Ser e Ter' (Être et Avoir); mas também é uma caça ao tesouro, com maravilhosos achados pelo caminho." Geoff Andrew, Time Out

"Em 1975, quando Philibert tinha 24, ele trabalhou como assistente de diretor no filme de época baseado num crime real 'Eu, Pierre Rivière, Tendo Assassinado Minha Mãe, Minha Irmã e Meu Irmão...' O jovem Philibert explorou as cidades do campo procurando por não-profissionais para interpretar os papéis centrais no drama passado em 1835. 30 anos depois, ele retorna ao vilarejo para entrevistar os civis que foram selecionados." Lisa Nesselson, Variety

"Uma empreitada diferencial e convivial, 'Retour...' não é entretenimento ou uma iluminação mais do que é um livro de rascunhos cinemático um tanto pessoal, no qual deveria estar carimbado 'retornar ao remetente'."Duane Byrge, The Hollywood Reporter

(tradução das compilações da Greencine, Allocine e outros)
  Bernardo Krivochein    sexta-feira, maio 25, 2007
 
 
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