blogINDIE 2006


Recap Fest 4/8

>> Eu juro que eu não estou querendo criar celeuma ou insistir numa questão apenas para cansar os que não concordam, mas não deu para ignorar. Toda quinta-feira, a nova edição da LA Weekly - um dos semanários mais bacanas sendo feitos atualmente - se torna disponível não apenas nas bancas americanas, como na Internet (por isso, quero dizer, todo seu conteúdo). O que se segue pode parecer suspeito já que vem da cidade onde a indústria cinematográfica hollywoodiana está instalada, mas eu garanto a publicação enquanto fonte antenada e culta: a capa traz uma matéria sobre Brett Ratner e o repórter - engasgo! - toma uma polêmica posição pró-Ratner. O seguinte parágrafo acontece na terceira página virtual da reportagem:

"Agora, antes que você atire sua LA Weekly na lixeira, não me entenda mal: não estou tentando exacerbar o caso de Ratner sugerindo que ele é um destes estilistas cinematográficos inovadores cuja obra altera eternamente a face do meio. (Ele não é - pelo menos, ainda não.) Mas tampouco Ratner é um dos pilantras anônimos de Hollywood que compõem uma biblioteca inteira de filmes sem deixar uma impressão reconhecível. Muito menos ele é um desses diretores prodigiosmente sem talento e pretensiosos - os verdadeiros 'fauxtores' - que conseguem 'relevância' ao apelar para os instintos mais básicos dos eleitores do Oscar. O que proponho é simplesmente que Ratner mostra excelência numa espécie de entretenimento leve e totalmente sem pretensão que não é tão fácil de se manufaturar como parece; que ele é uma personalidade singular; e que ele, ao contrário das outros diretores 'sensação-da-semana', ele definitivamente está aqui para ficar. Na realidade, ele mal sequer começou."

Isso não me faz gostar de Ratner e muito menos dos filmes anteriores de Bay, mas a questão é justamente essa: você pode não gostar de quiabo, mas é preciso reconhecer que ele tem cor, forma e gosto distintos. E propriedades nutritivas, eu acho.

>> FANTASIA 2007 - OS VENCEDORES: Com atraso, mas para registrar:

PRÊMIOS DO JÚRI OFICIAL:

MELHOR FILME: MEMORIES OF MATSUKO - Tetsuya Nakashima (Japão)
MELHOR DIRETOR: Feng Xiaogang – THE BANQUET (China)
MELHOR ROTEIRO: Han Jae-rim – THE SHOW MUST GO ON (Coréia do Sul)
MELHOR FOTOGRAFIA: Li Zhang – THE BANQUET (China)
MELHOR ATOR: Ex æquo : Song Kang-ho - THE SHOW MUST GO ON (Coréia do Sul) / Ryu Deok-hwan - LIKE A VIRGIN (Coréia do Sul)
MELHOR ATRIZ: Mary McCormack – RIGHT AT YOUR DOOR (EUA)
MELHOR CURTA DE QUEBEC: FLUTTER - Howie Shia
MENÇÃO ESPECIAL DO JÚRI PARA CURTA-METRAGEM: MOI - Yan England (Quebec)
PRÊMIO DA SEQUENCES MAGAZINE: WOOL 100% - Mai Tominaga (Japão)
PRÊMIO INFO CULTURE: THE GHOSTS OF CITÉ SOLEIL - Asgen Leth (Dinamarca)
PRÊMIO DA L'ÉCRAN FANTASTIQUE: RIGHT AT YOUR DOOR - Chris Gorak (EUA)

PRÊMIOS DO PÚBLICO - FANTASIA 2007

MELHOR FILME ASIÁTICO
OURO: 13 BELOVED - Chookiat Sakweerakul (Tailândia)
PRATA: EXILADOS – Johnnie To (Hong Kong)
BRONZE: Ex æquo : CITY OF VIOLENCE - Ryoo Seung-wan (Coréia do Sul)/MEMORIES OF MATSUKO - Tetsuya Nakashima (Japão)

MELHOR FILME EUROPEU/AMERICANO
OURO: HATCHET - Adam Green (EUA)
PRATA: END OF THE LINE - Maurice Deveraux (Canadá)
BRONZE: Ex æquo : MULBERRY STREET - Jim Mickle (EUA) / THE SIGNAL - David Bruckner, Dan Bush and Jacob Gentry (EUA)

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
OURO: TEKKON KINKREET - Michael Arias (Japão)
PRATA: WE ARE THE STRANGE - M dot Strange (EUA)
BRONZE: AACHI & SSIPAK - Joe Bum-jin (Coréia do Sul)

FILME MAIS INOVADOR
OURO: WE ARE THE STRANGE - M dot Strange (EUA)
PRATA: EXTE: HAIR EXTENSIONS - Sion Sono (Japão)
BRONZE: MEMORIES OF MATSUKO - Tetsuya Nakashima (Japão)

MELHOR DOCUMENTÁRIO
OURO: KING OF KONG - Seth Gordon (EUA)
PRATA: YOUR MOMMY KILLS ANIMALS - Curt Johnson (EUA)
BRONZE: Ex æquo : GHOSTS OF CITY SOLEIL - Asger Leth (Dinamarca) / ZOO – Robinson Devor (EUA)

MELHOR CURTA-METRAGEM
OURO: THE FITH - Ryan Levin (EUA)
PRATA: ANGEL - Paul Hough (EUA)
BRONZE: Ex æquo: CRITICIZED - Richard Gale (EUA) / THE MORNING AFTER - Daniel Knight (Austrália)

MELHOR PUTAIN D’COURT! (Curta Fantástico Francófono)
GRATTE-PAPIER - Guillaume Martinez(França)

>> PROGRAMAÇÃO DAS MOSTRAS FANTÁSTICAS DA TORONTO INTERNATIONAL FILM FESTIVAL

O festival mais célebre da América do Norte é canadense e tem privilégio sobre as premières continentais mais esperadas do ano (muitos dos filmes que lá estréiam tornam-se os favoritos das listas anuais, prêmios, etc.). Mas são as mostras specialty que chamam a atenção. Contando com Todd Brown, do Twitch, no quadro dos programadores, a TIFF reserva duas janelas para a cinematografia mais ousada sendo feita na contemporaneidade. Sem mais delongas, aqui vão as programações da Midnight Madness (para filmes de gênero) e a auto-explicativa Vanguard.

TIFF -- MIDNIGHT MADNESS:

LA TERZA MADRE de Dario Argento
SUKIYAKI WESTERN DJANGO de Takashi Miike
DIARY OF THE DEAD de George Romero
DAI NIPPONJIN de Hitoshi Matsumoto
THE DEVIL'S CHAIR de Adam Mason
FLASH POINT de Wilson Yip
FRONTIERES de Xavier Gens
A L'INTERIEUR de Julien Maury e Alexandre Bustillo
STUCK de Stuart Gordon
VEXILLE de Fumihiko Sori

TIFF -- VANGUARD:

THE ORPHANAGE de JS Bayona
CONTROL de Anton Corbijn
LES CHANSONS D'AMOUR de Christophe Honore
NAISSANCE DE PIEUVRES de Celine Sciamma
PARANOID PARK de Gus Van Sant
DÉFICIT Gael Garcia Bernal
CHRYSALIS de Julien Leclerq
EX DRUMMER de Koen Mortier
HELP ME EROS de Lee Kang-Shen
ME de Rafa Cortes
PING PONG PLAYA de Jessica Yu
XXY de Lucia Puenzo

O Festival do Rio parece ter boas relações com Argento e sempre traz seus filmes mais recentes para serem exibidos, tomara que isso se repita em 2007. E, claro, que raiva dos programadores que já viram o faroeste de Miike. Tenho que dizer, no entanto, que é a sinopse do novo Gordon que me instiga: jovem retorna de uma festa e atropela um sujeito que fica preso ao pára-bisa de seu carro. Mas temendo as complicações que o acidente terá sobre seu futuro, ao invés de levá-lo para o hospital, ela o deixa, carro em tudo, na sua garagem para morrer. E a história é real!

>> SERÁ?!? Ela foi princesinha da Disney. Ela foi ídolo teen. Ela se tornou piranha cheirada de Hollywood, viveu fugindo da reabilitação e acabou de ser detida por desordem no trânsito, flagrada com cocaína no carro. Lindsay Lohan degringolou geral, justamente a uma semana de estréia de seu "filme-maturidade" intitulado "Eu Sei Quem Me Matou" (distribuição nacional prevista para 19 de outubro).

O que não foi publicado nos tablóides é que "I Know Who Killed Me" foi dirigido por Chris Sivertson, o mesmo diretor do favorito indie/cult "The Lost", sucesso em festivais de terror mundo afora, e que o filme é de forte influência européia, especialmente o giallo (ao invés do torture porn). Com os escândalos, tentou-se transformar "I Know Who Killed Me" num novo "Gigli". Mas voltando a LA Weekly, sinta só a crítica e tente resistir a tentação de assisti-lo (eu sei que quero programá-lo no Indie, mas não sei se deveria):

"Observe os queixos dos ratos de shopping caírem no chão enquanto eles pagam para o que acham que será o mesmo terror de picadinho adolescente, apenas para acabarem assisindo essa mistureba tresloucada da filmografia de horror de Brian De Palma com - eu juro por Deus! - "A Dupla Vida de Veronique" de Kieslowski. Lindsay Lohan interpreta uma estudante exemplar que é seqüestrada por um psicopata e reaparece semanas depois num leito de hospital, sem a sua... bem, digamos que ela precisará reavaliar sua carreira como pianista. Pior ainda, a garota não apenas esqueceu de seu passado como diz ser uma outra pessoa, completamente diferente - para seu namorado atleta tarado (Brian Geraghty), isso se revela um prêmio da loteria, já que sua casta namorada se transforma numa excitada stripper doida para se roçar num poste. Resumindo, é um papel embrulhado para presente para Lohan, que faz o tipo boa menina/má menina com sagacidade e um ar de afiado calculismo. Apesar de algumas revoltantes (e obrigatórias) cenas de açougue cirúrgico com dedos apodrecidos e mãos decepadas, este intrigante OVNI dirigido por Chris Sivertson (The Lost) é menos um terror feito para chocar do que um estudo atmosférico e surrealista sobre alienação adolescente. O roteiro ainda tem os colhões de abandonar a solução óbvia por algo muito mais insano e exagerado - o tipo de nonsense de alta altitude que só pode ser explicada na tela por um paranormal DJ de rádio através de uma alusão a Kafka." Jim Ridley)

Aliás, uma crítica tão positiva e mais extensa encontra-se na versão digital da Fangoria e que exige uma lida agora.

>> PREPARANDO-SE PARA O DVD DE INLAND EMPIRE: Boa época para redescobrir "Crepúsculo dos Deuses", que é aparentemente referência indispensável para o universo de "INLAND EMPIRE". Veja a descoberta de Jürgen Fauth aqui.

>> MOMENTO AUDIOVISUAL BIZARRO DA SEMANA: Estou eu prestando atenção em absolutamente nada enquanto vejo TV quando imagens familiares aparecem acompanhadas de áudio nem tanto.

Será que o diretor mostrou a referência cinematográfica ao astro tween Jesse McCartney quando sugeriu a sinopse para o clipe "Beautiful Soul"? Porque o clipe é "Y Tu Mamá También" cuspido e escarrado. Nem a conotação homossexual está faltando.

Espécie de versão Disney Channel do filme mexicano sexualmente carregado, quero ver o momento que um pai fizer a associação direta. Babá eletrônica virou aliciadora de menores. Ó-tê-mo. Aqui vai o link do YouTube, mas cuidado que a música é um grude.
  Bernardo Krivochein    quinta-feira, agosto 02, 2007
 
 
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