"Para muitos críticos e espectadores, o candidato da Tiger Competition “XXXXXXX” dirigido por XXXXXXX foi uma das grandes histórias do Festival de Cinema de Rotterdam 2006. Com um orçamento absolutamente mínimo, utilizando equipamento emprestado e atores não-profissionais, XXXXXX e seu colaborador XXXXXX realizaram um filme capaz de intenso impacto emocional enquanto simultaneamente comunicava em alto volume sobre vidas cotidianas na China moderna e urbana. Aqui encontrávamos um jovem cineasta com uma apreensão firme e aparentemente instintiva de como utilizar o meio cinemático para se contar uma história; seu dom para a composição e movimento dentro de um quadro, sua coordenação de elementos visuais e áuricos, o marcaram como um talento singular. E, felizmente para nós, ele não mostrava o menor sinal de acomodar-se em suas láureas: os pôsteres de “XXXXXXX” incluíam um aviso para que aguardássemos seu filme seguinte, intitulado “YYYYYYY”.
Agora finalmente chega “YYYYYYYY” e durante os créditos finais, ele se anuncia como “O Segundo Longa-Metragem de XXXXXXX”. Não é exatamente uma nota modesta e talvez um refém em potencial do acaso. Mas afortunadamente para todos os interessados, o filme confirma o status de XXXXXX como um dos diretores mais excitantes do mundo atualmente – e é portanto, antes de qualquer coisa, ainda mais supreendente do que “XXXXXX” (incontáveis são os débuts impressionantes que apenas deram partida para carreiras rapidamente efervescentes). Apesar de discutivelmente não alcançar o mesmo alto nível de seu predecessor em termos de momentum narrativo, foco ou impacto emocional, “YYYYYYY” mostra XXXXXX expandindo seu talento em termos de amplitude e profundidade de seu objeto de estudo. Se você assisstir a somente um filme de XXXXXXX, este ainda deveria ser “XXXXXX” – mas as conquistas consistentes e impressionantes apresentadas em “YYYYYY” acima de tudo o coloca num patamar muito superior à produção cinematográfica contemporânea em geral (o filme certamente está a um ou dois degraus acima do superestimado “Em Busca da Vida” de Jia Zhang-ke, com o qual compartilha certas similaridades temáticas e geográficas).
Assim como em “XXXXXXX”, XXXXXX consegue nos mostrar o ritmo da cidade enquanto devota toda sua mais íntima atenção ao participantes humanos e suas vidas cotidiana (o áspero dialeto de seu discurso capturado de forma intrigante, como no primeiro filme de XXXXXX, via as legendas em inglês decididamente rústico). Autofalantes Tannoy nos mantém atualizados com notícias mundiais importantes, mas de uma forma casual reminiscente do melhor período de Altman, nos guiando na direção de temas maiores com os quais XXXXX está lidando: o papel das mulheres no mercado de emprego (“elas estão criando um futuro colorido”), o desenvolvimento econômico e os medos sempre presentes de um desastre ambiental.
Da mesma forma como “XXXXXX” culminava inexoravelmente numa enorme (e real) enchente, mostrada através de imagens documentais, “YYYYYY” também apresenta a evacuação de Zigong – desta vez causada por um enorme vazamento de benzina (“uma explosão está a caminho”) – exibida através de noticiários reais [de fato, este último filme apresenta imagens reais da evacuação dos arredores de Chonqing].
Em termos de execução, XXXXX não muda muito a receita que funcionou tão bem da última vez. Novamente, ele tem uma pecha por encenações cuja ação ocorra no plano de fundo e no intermediário tanto quanto no primeiro plano – uma tarefa arriscada até para cineastas mais experientes, mas cumprida aqui com êxito, auxiliado pelo foco ainda mais profundo providenciado pelas câmeras digitais padrão. Apesar de dispensar tripés, XXXXX jamais move a câmera uma vez ligada – dependendo nos citados elementos de composição e movimento dentro de campo, sem nos esquecermos da questão fundamental sobre o local onde a câmera deve estar posicionada. Novamente, XXXXXX consistentemente triunfa – é muito raro sequer suspeitarmos de que a cãmera não esteja no lugar certo, que o ângulo escolhido não é o mais ideal para os requerimentos de cada cena em particular. Mas as conquistas não são puramente técnicas: ele extrai performances palpáveis de natureza improvisada de um elenco que, mais uma vez, é composto de não-atores (os personagens compartilham o mesmo nome de seus intérpretes). XXXXXXX não tem muitas falas, mas é igualmente eficiente tanto falando quanto em silêncio; enquanto os 12 atores secundários dão o máximo de si em seu tempo de tela necessariamente limitado.
Tudo termina por construir um retrato cativante e ressonante da China durante a primeira metade da primeira década do século XXI. Não é um retrato belo: esse país é, como vemos e escutamos, “pobre, sem emprego e poluído”. Mas a conquista de XXXXX está em conseguir transmitir essa mensagem de uma maneira que é vívida, provocativa e vibrante – quando muito mais fácil seria realizar duas horas de lamentos deprimentes. Pensados juntos, “XXXXXX” e “YYYYYYY” são, apesar dos aspectos pessimistas de suas narrativas, eles mesmos a causa para grande otimismo, de celebração até: o cinema mundial precisa de vozes tão acessíveis, ambiciosas e estruturadas, e com XXXXXX é possível dizer que finalmente conseguimos uma.
(Neil Young, The Guardian)
Agora finalmente chega “YYYYYYYY” e durante os créditos finais, ele se anuncia como “O Segundo Longa-Metragem de XXXXXXX”. Não é exatamente uma nota modesta e talvez um refém em potencial do acaso. Mas afortunadamente para todos os interessados, o filme confirma o status de XXXXXX como um dos diretores mais excitantes do mundo atualmente – e é portanto, antes de qualquer coisa, ainda mais supreendente do que “XXXXXX” (incontáveis são os débuts impressionantes que apenas deram partida para carreiras rapidamente efervescentes). Apesar de discutivelmente não alcançar o mesmo alto nível de seu predecessor em termos de momentum narrativo, foco ou impacto emocional, “YYYYYYY” mostra XXXXXX expandindo seu talento em termos de amplitude e profundidade de seu objeto de estudo. Se você assisstir a somente um filme de XXXXXXX, este ainda deveria ser “XXXXXX” – mas as conquistas consistentes e impressionantes apresentadas em “YYYYYY” acima de tudo o coloca num patamar muito superior à produção cinematográfica contemporânea em geral (o filme certamente está a um ou dois degraus acima do superestimado “Em Busca da Vida” de Jia Zhang-ke, com o qual compartilha certas similaridades temáticas e geográficas).
Assim como em “XXXXXXX”, XXXXXX consegue nos mostrar o ritmo da cidade enquanto devota toda sua mais íntima atenção ao participantes humanos e suas vidas cotidiana (o áspero dialeto de seu discurso capturado de forma intrigante, como no primeiro filme de XXXXXX, via as legendas em inglês decididamente rústico). Autofalantes Tannoy nos mantém atualizados com notícias mundiais importantes, mas de uma forma casual reminiscente do melhor período de Altman, nos guiando na direção de temas maiores com os quais XXXXX está lidando: o papel das mulheres no mercado de emprego (“elas estão criando um futuro colorido”), o desenvolvimento econômico e os medos sempre presentes de um desastre ambiental.
Da mesma forma como “XXXXXX” culminava inexoravelmente numa enorme (e real) enchente, mostrada através de imagens documentais, “YYYYYY” também apresenta a evacuação de Zigong – desta vez causada por um enorme vazamento de benzina (“uma explosão está a caminho”) – exibida através de noticiários reais [de fato, este último filme apresenta imagens reais da evacuação dos arredores de Chonqing].
Em termos de execução, XXXXX não muda muito a receita que funcionou tão bem da última vez. Novamente, ele tem uma pecha por encenações cuja ação ocorra no plano de fundo e no intermediário tanto quanto no primeiro plano – uma tarefa arriscada até para cineastas mais experientes, mas cumprida aqui com êxito, auxiliado pelo foco ainda mais profundo providenciado pelas câmeras digitais padrão. Apesar de dispensar tripés, XXXXX jamais move a câmera uma vez ligada – dependendo nos citados elementos de composição e movimento dentro de campo, sem nos esquecermos da questão fundamental sobre o local onde a câmera deve estar posicionada. Novamente, XXXXXX consistentemente triunfa – é muito raro sequer suspeitarmos de que a cãmera não esteja no lugar certo, que o ângulo escolhido não é o mais ideal para os requerimentos de cada cena em particular. Mas as conquistas não são puramente técnicas: ele extrai performances palpáveis de natureza improvisada de um elenco que, mais uma vez, é composto de não-atores (os personagens compartilham o mesmo nome de seus intérpretes). XXXXXXX não tem muitas falas, mas é igualmente eficiente tanto falando quanto em silêncio; enquanto os 12 atores secundários dão o máximo de si em seu tempo de tela necessariamente limitado.
Tudo termina por construir um retrato cativante e ressonante da China durante a primeira metade da primeira década do século XXI. Não é um retrato belo: esse país é, como vemos e escutamos, “pobre, sem emprego e poluído”. Mas a conquista de XXXXX está em conseguir transmitir essa mensagem de uma maneira que é vívida, provocativa e vibrante – quando muito mais fácil seria realizar duas horas de lamentos deprimentes. Pensados juntos, “XXXXXX” e “YYYYYYY” são, apesar dos aspectos pessimistas de suas narrativas, eles mesmos a causa para grande otimismo, de celebração até: o cinema mundial precisa de vozes tão acessíveis, ambiciosas e estruturadas, e com XXXXXX é possível dizer que finalmente conseguimos uma.
(Neil Young, The Guardian)
O segundo filme de XXXXXX, filmado com equipamento de segunda mão com atores não-profissionais, cumpre competamente as expectativas criadas pelo seu début igualmente brilhante e empobrecido “XXXXXXX”. O olho preciso de XXXXXX para composição de campos profundos novamente transforma vídeo de baixa qualidade em canvas cinematográfico. Ao escolher mulheres “da vida real” para recontarem seus problemas diretamente para a cãmera, por trás da qual encontra-se uma mulher “fictícia” com problemas próprios, XXXXX e sua namorada-produtora compuseram uma dupla perspectiva sobre a população feminina chinesa. “YYYYYY”, seguindo os passos de “XXXX” já está ganhando reconhecimento dos festivais.
[...] Infinitamente assombroso, as interações complexas entre o individual e o coletivo, som e imagem, primeiro plano e cenário de fundo, todos embebem uma consciência serena e até alegre aos filmes de XXXXX, que opõem-se diretamente ao desespero. Apesar do mal acabamento da resolução digital, do tom cinza do horizonte urbano e o alcoolismo, desemprego e corrupção descontrolados de seus habitantes, “YYYYYY” é um filme tremendamente belo." (Ronie Scheib, Variety)
[...] Infinitamente assombroso, as interações complexas entre o individual e o coletivo, som e imagem, primeiro plano e cenário de fundo, todos embebem uma consciência serena e até alegre aos filmes de XXXXX, que opõem-se diretamente ao desespero. Apesar do mal acabamento da resolução digital, do tom cinza do horizonte urbano e o alcoolismo, desemprego e corrupção descontrolados de seus habitantes, “YYYYYY” é um filme tremendamente belo." (Ronie Scheib, Variety)