blogINDIE 2006


Diário de Sintra - finalmente algo mais íntimo, poético, verdadeiro, humano, próximo de Glauber Rocha



"Diário de Sintra" é "o novo documentário da roteirista e cineasta Paula Gaitán, viúva de Glauber Rocha (1938-1981). A obra traz um registro do último ano de vida do cineasta, quando o casal e seus dois filhos, Ava Rocha e Erik Rocha, viveram em Portugal na cidade que lhe dá nome. Longe de ser um documentário jornalístico linear, a obra é uma espécie de ensaio poético narrado em primeira pessoa por Paula. A narradora revela uma relação impressionista com a imagem, por meio da qual junta fragmentos de sua memória. Além de imagens inéditas, o filme mostra ainda uma face menos conhecida de Glauber: a sua relação filosófica com a morte.

Em "Diário de Sintra", Paula mescla os registros em Super8 de 1981 em Portugal com novas imagens capturadas 25 anos mais tarde. O resultado, como a cineasta diz, é uma obra sobre a memória que ela tem de Glauber Rocha e da vida deles naquele período. "No filme, tenho uma relação impressionista com a imagem" conta ela para explicar a sua estrutura polifônica de imagem e de som: "Uma imagem chama a outra como se puxasse uma memória involuntária."

Sintra é uma antiga vila encravada na serra de mesmo nome, também conhecida como Montanha da Lua, e que permanece a maior parte do tempo entre nuvens e nevoeiro. Lá, Glauber viveu um período altamente criativo de sua vida, em que permaneceu fiel e comprometido com a sua obra, pensamentos e política. "Mas ele também começou a ter um discurso raro nele, um discurso filosófico sobre a morte", recorda Paula, que resgata este aspecto menos conhecido do cineasta além do cotidiano dele com os filhos, com ela e com os amigos. Logo depois de tomar café-da-manhã, Glauber passava horas escrevendo seus textos, roteiros e matérias para jornais, enquanto ouvia Villa-Lobos. Raramente saía para badalos sociais, mas gostava de receber amigos, como os brasileiros Jorge Amado e Zélia Gattai, João Ubaldo Ribeiro, o ator francês Patrick Bauchau ou ainda o engenheiro de som Carlos Pinto, encontros registrados em Super 8 e com a câmera fotográfica de Gaitán, como se fosse um diário de anotações."

(DIÁRIO DE SINTRA SERÁ EXIBIDO NO INDIE 2007!) Mas finalmente algo mais humano, mítico sim mas no bom sentido, sobre Glauber Rocha. Este homem que é ainda o diretor mais importante do cinema brasileiro que conhecemos tão pouco, de maneira quase histérica, pelas poucas imagens que temos dele, de quem não sabemos nada mais pessoal, prosaico.

Lançamento de Diário de Sintra
Dia 3 de setembro (segunda-feira), às 20h.
Dias 08 e 09 de setembro (sábado e domingo), às 19h30.

Sala Itaú Cultural
Entrada franca (ingressos devem ser retirados com meia hora de antecedência)

Exposição Imagem da Imagem ( com fotos de Paula Gaitán)
De 3 a 23 de setembro
Piso Paulista
Visitação: terça a sexta, das 10 às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10 às 19h

Itaú Cultural
Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô
Fones: 11. 2168-1776/1777
www.itaucultural.org.br
  Francesca Azzi    sexta-feira, agosto 31, 2007    29 comentários
 
 



Os filmes brasileiros do Festival do Rio 2007

Começaram os emails com as listas intermináveis de filmes do Festival do Rio (bom para o Bernardo que vai estar in loco, alucinado, vendo tudo; melhor pra mim que estou em São Paulo e não sofro com esta ansiedade... Existe algo que nos deixa mais ansioso do que festival? Nossa! Todo ano tento me controlar porque não adianta querer ver tudo porque afinal não podemos parar a vida em função disto... Mas que dá uma angústia dá!)
Este ano o festival, que começa dia 20 de setembro, terá 300 filmes em 20 salas e a abertura será com o filme "Tropa de Elite" do José Padilha (que ninguém aguenta mais ouvir falar sobre o DVD pirata etc e tal, foto acima do Globo Online). Bom, o DVD já está no torrent ( será que dou o link aqui? Humm...) mas esta opção de abertura do Festival é para aproveitar o ti ti ti ou simplesmente porque é melhor do que o último do Robert Duvall, será?

Vejam quem vai concorrer na Première Brasil, segue a lista:

Mostra Competitiva de Longas de Ficção

1) A CASA DE ALICE, de Chico Teixeira
2) DESERTO FELIZ, de Paulo Caldas
3) ESTÔMAGO, de Marcos Jorge
4) MARÉ, NOSSA HISTÓRIA DE AMOR, de Lucia Murat
5) MUTUM, de Sandra Kogut
6) ONDE ANDARÁ DULCE VEIGA?, de Guilherme de Almeida Prado
7) SEM CONTROLE, de Cris D'Amato
8) O SIGNO DA CIDADE, de Carlos Alberto Riccelli
9) A VIA LÁCTEA, de Lina Chamie

Mostra Competitiva de Longas Documentários

1) ANDARILHO, de Cao Guimarães
2) CONDOR, de Roberto Mader
3) DIÁRIO DE SINTRA, de Paula Gaitán
4) ESTRATÉGIA XAVANTE, de Belisario Franca
5) MEMÓRIA PARA USO DIÁRIO, de Beth Formaggini
6) O ENGENHO DE ZÉ LINS, de Vladimir Carvalho
7) PANAIR DO BRASIL, de Marco Altberg
8) PINDORAMA – A VERDADEIRA HISTÓRIA DOS 7 ANÕES, de Roberto Berliner, Lula Queiroga e Leo Crivelare
9) PQD, de Guilherme Coelho
10) RITA CADILLAC, A LADY DO POVO, de Toni Venturi

Hors-Concours Longa–Metragem

1) BRIGADA PÁRA-QUEDISTA, de Evaldo Mocarzel
2) GRUPO CORPO 30 ANOS – UMA FAMÍLIA BRASILEIRA, de Fabio Barreto e Marcelo Santiago
3) ILUMINADOS, de Cristina Leal
4) JOGO DE CENA, de Eduardo Coutinho
5) JUÍZO, de Maria Augusta Ramos
6) MULHERES SEXO VERDADES MENTIRAS, de Euclydes Marinho
7) NOME PRÓPRIO, de Murilo Salles
8) PEQUENAS HISTÓRIAS, de Helvécio Ratton

Mostra Retratos Longa–Metragem
1) CARLOS OSWALD - O POETA DA LUZ, de Regis Faria
2) A ETNOGRAFIA DA AMIZADE, de Ricardo Miranda
3) O TABLADO E MARIA CLARA MACHADO, de Creuza Gravina

Mostra Novos Rumos

1) 5 FRAÇÕES DE UMA QUASE HISTÓRIA, Armando Mendz, Cris Azzi, Cristiano Abud, Guilherme Fiúza, Lucas Gontijo e Thales Bahia
2) AINDA ORANGOTANGOS, de Gustavo Spolidoro
3) CORPO, de Rossana Foglia e Rubens Rewald
4) MEU NOME É DINDI, de Bruno Safadi




CURTAS

Mostra Competitiva de Curtas -Metragens
1) 7 minutos, de Cavi Borges, Julio Pecly e Paulo Silva
2) A Maldita , de Tetê Mattos
3) Alphaville 2007 d.C. , de Paulinho Caruso
4) Cabaceiras , de Ana Barbara Ramos Ramos
5) Esconde-Esconde, de Alvaro Furlone
6) Icarus, de Victor-Hugo Borges
7) O crime da atriz, de Elza Cataldo
8) O Lobinho nunca mente, de Ian SBF
9) Outono , de Pablo Lobato
10) Pequenos Tormentos da Vida, Gustavo Spolidoro
11) Picolé, pintinho e pipa, de Gustavo Melo
12) Réquiem, de Felipe Duque
13) Saliva, de Esmir Filho
14) Satori Uso, de Rodrigo Grota
15) Sentinela, de Afonso Nunes
16) Um Ramo, de Juliana Rojas e Marco Dutra
17) Vida Maria, de Márcio Ramos

Mostra Retratos Curta–Metragem
1) Elke, de Julia Rezende
2) Lêda de Arte Leda, de Daniela Gontijo
3) Maria Lenk, de Sonia Nercessian
4) O Homem-Livro, de Anna Azevedo
5) Quanto Mais Manga Melhor, de Michele Lavalle

Hors Concours Curta–Metragem
1) Noite de Sexta, Manhã de Sábado, de Kleber Mendonça Filho
2) Pixinguinha e a Velha Guarda do Samba, de Thomaz Farkas e Ricardo Dias


Os filmes selecionados para a Première Brasil concorrerão ao PRÊMIO FESTIVAL DO RIO nas seguintes categorias:

- Melhor Longa-Metragem Ficção
- Melhor Longa-Metragem Documentário
- Melhor Curta-Metragem
- Melhor Direção
- Melhor Ator
- Melhor Atriz
- Prêmio Especial do Júri
- Melhor Longa Voto Popular
- Melhor Curta Voto Popular

A escolha dos premiados (exceto voto popular) será feita por um um júri oficial, a ser divulgado posteriormente.
  Francesca Azzi    quinta-feira, agosto 30, 2007    1 comentários
 
 



Veja documentários!
(já que eles ainda são a melhor coisa do cinema brasileiro atual)


De hoje (22/08) até domingo (26), você poderá conferir os 5 documentários que receberam incentivo e foram produzidos dentro do projeto Rumos, do Itaú Cultural. O programa intitulado CINCO SOBRE CINCO traz 5 novos filmes, que acabaram de ficar prontos, dos diretores Maya Da-Rin, Márcia Derraik, Camilo Cavalcante e Cláudio Assis, André Costa e Miriam Chaniderman.

Ontem foi exibido para o público, aqui em SP, apenas um pequeno trailer dos filmes mas ficou uma boa impressão. Os filmes apresentam temas e formatos orginais, e deixaram uma vontade enorme de assistí-los na íntegra.

O documentário brasileiro passa por um longo período de grande produção, nada mais natural que ele sofra questionamentos sobre seu lugar, sua dimensão, sua contribuição e até seu possível esgotamento neste contexto atual. Junto aos filmes foi distribuído também um livro "Sobre Fazer Documentários" que explicita melhor o andamento dos processos do projeto Rumos, com textos de Carlos Nader, Paschoal Samora, José Carlos Avellar, Cláudia Mesquita, Consuelo Lins, Sheila Schvarzman, e vários outros que participaram de debates pelo Brasil e que refletem sobre os caminhos do documentário independente. Ao livro, anexo está um DVD com entrevistas com produtores, realizadores e pesquisadores da área.

Os filmes são:

Para viajar

"Margem"
Maya Da-Rin, RJ, 2007, 54min
Durante dois dias e três noites uma embarcação navega lentamente o Rio Amazonas, partindo da fronteira do Brasil e Colômbia em direção a cidade peruana de Iquitos. A margem se revela diante da câmera à medida que os passageiros divagam sobre um território de múltiplas feições e em constante transformação.

Para instigar seu lado feminista e político

"Memórias de uma mulher impossível"
Marcia Derraik, RJ, 2007, 54min
Um mosaico sobre a vida e as idéias da escritora Rose Marie Muraro. O filme, construído a partir de depoimentos contudentes da própria Rosie Marie, apresenta uma colagem de suas idéias e argumentos, traçando aspectos de sua intelectualidade e de subjetiva criativa.

Para entender melhor "certos" mundos tão próximos

"Eu Vou De Volta"
Camilo Cavalcante e Cláudio Assis, PE, 2007, 54min
Documentário sobre a migração nordestina para São Paulo e o regresso à terra de origem. Simultaneamente duas viagens são realizadas em ônibus clandestinos: a ida de Caruaru (a maior cidade do agreste pernambucano) até São Paulo e a volta de São Paulo à Caruaru. Os fluxos e refluxos desses passageiros migrantes que, em suma, refletem as movimentações da vida, as pequenas vitórias e derrotas de cada um, a imensa vontade de que algo aconteça e mude o que está estagnado.

Para pensar o que se pensou raramente

"Histórias de Morar e Demolições"
Andre Costa, SP, 2007, 54min
Quatro famílias paulistanas estão de mudança. A casa de cada uma delas foi vendida para um incorporador imobiliário e agora será demolida: o que era um lar vai virar terreno e, sobre este, altos edifícios residenciais irão surgir e não deixar resquícios do lugar onde viveram. Para fixar as suas histórias guardadas sob esses tetos, essas pessoas resolvem registrar os objetos, paredes, cômodos e cantos da casa, iniciando videografias domésticas ou respondendo ao anúncio de uma pequena empresa de vídeo e contratando seus serviços.

Para chorar pra valer

"Procura-se Janaína"
Miriam Chnaiderman, SP, 2007, 54min
Há crianças sem lugar no mundo. São crianças que os pais não podem cuidar, entregues a instituições, e que não se desenvolvem nos padrões esperados: não são portadoras de deficiências, mas também não têm um desenvolvimento dito normalAssim era Janaína, negra, pobre e institucionalizada na Febem dos anos 80, que se debatia no berço e se machucava, que ficava com a mão espalmada, não falava e não se relacionava com outras crianças. Hoje, duas décadas depois, onde estará Janaína?

(Torça porque há grandes chances que o lançamento destes filmes em Belo Horizonte aconteça dentro da programação do Indie 2007 em outubro!)


** Foto do filme "Procura-se Janaína" acima.
  Francesca Azzi    quarta-feira, agosto 22, 2007    2 comentários
 
 


Quero ser um curador?!

Quando fazemos um festival ou uma mostra obrigatoriamente passamos por um processo de pesquisa e curadoria. Apesar desta matéria não ser "ensinada" na faculdade de comunicação, e talvez nem no mestrado, e quase nunca ser abordada em cursos e worshops da área cinematográfica, ser um curador implica em muito conhecimento teórico, pesquisa, estilo e se possível capacidade de ver e propor algo que vá bem além do óbvio ou do efêmero dia a dia. O certo é que todo mundo que reflete sobre arte, cinema, vídeo, teatro, dança deseja no fundo ser um curador. (Aliás esta palavra é um tanto quanto forte, para quem mais do que aliviar questões, deveria sim, aguçá-las.)
Discutir a curadoria como uma atitude profissional é uma das idéias que quero ainda trazer para o Indie. Não, este ano ainda não vai ser possível... Mas,
achei por isso mesmo interessante a oficina que vai acontecer na Galeria Vermelho em São Paulo sobre o tema, "A curadoria um laboratório para a arte", com a curadora cubana Maria Magaly Espinosa Delgado, de 27 a 30 de agosto. Ela é crítica Ph.d em Filosofia com especialização em Estética. Professora da Universidad de La Habana e do Instituto Membro da Unión Nacional de Escritores e Artistas de Cuba, Presidente de la Sección de Teoría y Crítica.

Acho que o enfoque da discussão com a Maria Magaly vai ser mais em torno das artes plásticas mas você pode apresentar um projeto para discutir em grupo e individualmente sua curadoria em qualquer área. Olha o que diz e ementa do curso:

"Como agente da arte, o curador se desloca entre valores formais, tendências e condutas estéticas. Nesse sentido, é exigido desse profissional não apenas instrução e sensibilidade, mas também um forte engenho para ir a fundo em determinadas circunstâncias, se adiantando à própria distinção artística.Por vários fatores, o curador institucional ou independente, se vê constantemente confrontado com as várias possibilidades de ação e pela oscilação da própria criação artística."

Pode a curadoria ser uma matéria interdisciplinar? Acho que sim. De qualquer maneira, o curso é gratuito! E vc pode tirar suas dúvidas no email cultura1@ccebrasil.org.br.
  Francesca Azzi    quarta-feira, agosto 22, 2007    0 comentários
 
 


Juventude em Marcha

Com o lançamento em circuito de "Hannah Takes The Stairs" de Joe Swanberg e a mostra "The New Talkies: Generation DIY" no IFC Center de Nova York, o movimento mumblecore se estabelece como a primeira manifestação cinematográfica do novo século. Tudo isso antes que o público tivesse acesso aos filmes.

A mostra "The New Talkies: Generation DIY" (traduzindo: Os Novos Filmes Falados: Geração Faça Você Mesmo), marcada para acontecer a partir do dia 22 de agosto no IFC Center em Nova York, é um grande evento há apenas poucos anos em desenvolvimento. Nas palavras da própria curadoria, "esses filmes tiveram pouca exposição pública até agora. Agora que este ramo do cinema independente está mais estabelecido, conquistando atenção dos críticos e atraindo novos talentos, [a mostra] faz uma pesquisa dessa revigorante nova direção do cinema americano com amostras tanto de seus trabalhos-chave como de novos exemplos." Uma retrospectiva de destaque numa cidade tão crucial para a carreira de um cineasta como é Nova York, a mostra surge como uma aguardada festa de debutante, um generoso aval do talento dos cineastas envolvidos num movimento cujo rótulo oscila entre os termos "Mumblecore" ou "Movimento Ultra-Indie", que chega a atenção de um grande público ao mesmo tempo que seus cineastas já começam a se desviar dele, colhendo os louros de suas bem-sucedidas turnês por festivais mundo afora (por exemplo, Andrew Bujalski, um de seus cineastas mais marcantes, foi contratado pelo produtor Scott Rudin para escrever e dirigir uma adaptação de "Indecision", livro de Benjamin Kunkel).

Apenas agora foco de reportagens de J. Hobermann no Village Voice e Dennis Lim no International Herald Tribune graças ao evento (que ganhara meses antes reportagens na Filmmaker Magazine e no inglês The Guardian), os repórteres analisam os desdobramentos de um frutífero movimento cinematográfico, confundindo os sinais: este movimento não foi iniciado em decisão conjunta, mas seus filmes e cineastas se identificam em sua abordagem temática (o limbo que sucede o recebimento do diploma universitário, falta de clareza sobre os rumos a tomar em todos os aspectos da vida), o alinhamento das características de seus objetos de estudo/personagens e de alcance/público (os mesmos jovens, normalmente brancos, bem criados e bem estabelecidos de vida) e em suas estéticas urgentes e baratas. Seu sucesso atual traz consigo uma visão mais crítica e global (os filmes agora saem do círculo de segurança dos blogs amigos para a imprensa estabelecida), fazendo que os filmes entrem em cheque: sua estética barata é fruto de escolha consciente ou de um voto de pobreza artifical adotado por meninos ricos culpados? Qual a relevância desses filmes para o público que não se encaixa no perfil e o que justificaria a amplitude em sua divulgação? A declaração seguinte de Matt Dentler (considerado um dos cabeças do movimento e programador da SXSW) já nos revela um comportamento defensivo, antecipando uma provável enxurrada da mídia em cima dos objetivos e conquistas dos cineastas:

"Mumblecore é um mito e o termo tomou vida própria. A única coisa que esse termo apreende, no entanto, é que os filmes aglomerados nele são todos sobre comunicação ou a falta dela. Num todo, estes filmes falam profundamente sobre o que a vida pós-universidade e pré-casamento significa para uma geração inteira a qual foram prometidos carros voadores após os anos 2000 e, ao invés disso, ganharam reality shows. E por volta dessa época, um gênero peculiar de cinema independente americano começou a surgir dentre a cacofonia de derivados de Tarantino/Rodriguez. Nós queríamos algo diferente."

E embora radicalmente diferentes eles não sejam, os filmes são perfumados com frescor, fruto da liberdade artística e da inocência que apenas cineastas iniciantes podem usufruir. Experimentos de montagem pipocam aqui e acolá aleatoriamente dentro dos longas, cenas improvisadas que se permitem alongar até alcançar momentum, atuações que se alternam entre o truncado e o espontâneo. Se o movimento é irregular, é também porque a maioria dos cineastas surgiu e amadureceu enquanto artistas dentro dele e as tentativas em enquadrá-los dentro de um termo é mais insistência midiática.

Não há um ponto de partida definido ou um momento em que os caminhos dos artistas convergiram para criar o "mumblecore" em conjunto, mas seus cineastas eventualmente se encontrariam sob o olhar atento de Matt Dentler dentro do festival South By Southwest. Sua curadoria enxergou em cineastas vindos de diferentes partes dos EUA - até então estranhos uns para os outros - o mesmo conjunto de influências cinematográficas e angústias pessoais. As estéticas, essas continuam sendo pessoais seja nas ambições ou no modus operandi de filmagem. Aliás, muitos dos cineastas, atores e técnicos que surgem em filmes posteriores do mumblecore já tinham sido um dia parte do público, formando assim uma rede modesta de informações e auxílio durante as produções. Mas quando isso só aconteceu porque os filmes já existiam. Isso fatalmente implicará em ataques, ao que público e crítica convencional poderão reclamar de estarem recebendo um movimento pré-fabricado; precisamos, no entanto, refletir que papel o público cumpriu no estabelecimento e desenvolvimento de outros movimentos, sejam eles a Nouvelle Vague, o Cinema Novo, o Neo-Realismo Italiano, o Letrismo, etc. Mas algo só recebe crítica se existe de fato - o movimento é, portanto, real.

No Brasil, o público já pôde ser privilegiado com alguns exemplos do movimento, seja a exibição de "Admiração Mútua" no Festival do Rio 2006 ou de "Four-Eyed Monsters" no Indie 2005. Espera-se que "Hannah Takes The Stairs", o último filme do prolífico Joe Swanberg dê as caras por aqui: a - até agora - obra-máxima de um dos expoentes desse tipo de cinema reúne no elenco vários dos cineastas e atores representantes (Bujalski, Ry-Russo Young, Mark Duplass, entre muitos outros) na história de uma jovem espoleta e indecisa (Greta Gerwig, em atuação elogiada) que se envolve com os membros de um grupo de escritores de Chicago. Produzido por Anish Savjani ("Old Joy"), "Hannah Takes The Stairs" é uma exceção dentro de um movimento que não apenas é realizado na marra, como distribuído por iniciativas também independentes. Um dos blogueiros do movimento, o crítico de cinema e ex-funcionário de uma importante distribuidora Aaron Hillis acaba de abrir a Benten Films, distribuidora de DVD encarregada em lançar alguns dos filmes mais célebres desses artistas ("LOL" de Swanberg é o primeiro; por vir estão os dois de Aaron Katz, "Dance Party USA" e "Quiet City", e o elogiado mas pouco visto longa de Todd Rohal, "The Guatemalan Handshake" - este último inexplicavelmente ausente da mostra). Mesmo embora faltem muitas conquistas para os cineastas enquanto movimento, o mais fundamental eles já conseguiram: firmar um verbete dentro do novo vocabulário cinematográfico.


Filmmaker Magazine: Especial Mumblecore

Site da Mostra "The New Talkies: Generation DIY" no IFC Center
Site oficial da Benten Films
J. Hoberman cobre o movimento para o Village Voice
Dennis Lim cobre o movimento para o International Herald Tribune
Blog de Matt Dentler - Blog SXSW

(No site principal da Zeta Filmes, meus takes em cima de "Kissing On The Mouth" e "The Puffy Chair")
  Bernardo Krivochein    segunda-feira, agosto 20, 2007    2 comentários
 
 



David Lynch conseguiu me fazer cagar de medo como há muito tempo nenhum outro filme de terror fazia

Acredite ou não, a imagem acima é um still de um filme de verdade; retirado dos últimos minutos de "INLAND EMPIRE" de David Lynch, disponível a partir de hoje em DVD edição especial da Ryko Entertainment (ou no seu torrent manager preferido).
  Bernardo Krivochein    quinta-feira, agosto 16, 2007    8 comentários
 
 


YYYYYYYY de XXXXXXXX – Seleção Oficial INDIE 2007 – Mostra de Cinema Mundial



"Para muitos críticos e espectadores, o candidato da Tiger Competition “XXXXXXX” dirigido por XXXXXXX foi uma das grandes histórias do Festival de Cinema de Rotterdam 2006. Com um orçamento absolutamente mínimo, utilizando equipamento emprestado e atores não-profissionais, XXXXXX e seu colaborador XXXXXX realizaram um filme capaz de intenso impacto emocional enquanto simultaneamente comunicava em alto volume sobre vidas cotidianas na China moderna e urbana. Aqui encontrávamos um jovem cineasta com uma apreensão firme e aparentemente instintiva de como utilizar o meio cinemático para se contar uma história; seu dom para a composição e movimento dentro de um quadro, sua coordenação de elementos visuais e áuricos, o marcaram como um talento singular. E, felizmente para nós, ele não mostrava o menor sinal de acomodar-se em suas láureas: os pôsteres de “XXXXXXX” incluíam um aviso para que aguardássemos seu filme seguinte, intitulado “YYYYYYY”.

Agora finalmente chega “YYYYYYYY” e durante os créditos finais, ele se anuncia como “O Segundo Longa-Metragem de XXXXXXX”. Não é exatamente uma nota modesta e talvez um refém em potencial do acaso. Mas afortunadamente para todos os interessados, o filme confirma o status de XXXXXX como um dos diretores mais excitantes do mundo atualmente – e é portanto, antes de qualquer coisa, ainda mais supreendente do que “XXXXXX” (incontáveis são os débuts impressionantes que apenas deram partida para carreiras rapidamente efervescentes). Apesar de discutivelmente não alcançar o mesmo alto nível de seu predecessor em termos de momentum narrativo, foco ou impacto emocional, “YYYYYYY” mostra XXXXXX expandindo seu talento em termos de amplitude e profundidade de seu objeto de estudo. Se você assisstir a somente um filme de XXXXXXX, este ainda deveria ser “XXXXXX” – mas as conquistas consistentes e impressionantes apresentadas em “YYYYYY” acima de tudo o coloca num patamar muito superior à produção cinematográfica contemporânea em geral (o filme certamente está a um ou dois degraus acima do superestimado “Em Busca da Vida” de Jia Zhang-ke, com o qual compartilha certas similaridades temáticas e geográficas).

Assim como em “XXXXXXX”, XXXXXX consegue nos mostrar o ritmo da cidade enquanto devota toda sua mais íntima atenção ao participantes humanos e suas vidas cotidiana (o áspero dialeto de seu discurso capturado de forma intrigante, como no primeiro filme de XXXXXX, via as legendas em inglês decididamente rústico). Autofalantes Tannoy nos mantém atualizados com notícias mundiais importantes, mas de uma forma casual reminiscente do melhor período de Altman, nos guiando na direção de temas maiores com os quais XXXXX está lidando: o papel das mulheres no mercado de emprego (“elas estão criando um futuro colorido”), o desenvolvimento econômico e os medos sempre presentes de um desastre ambiental.

Da mesma forma como “XXXXXX” culminava inexoravelmente numa enorme (e real) enchente, mostrada através de imagens documentais, “YYYYYY” também apresenta a evacuação de Zigong – desta vez causada por um enorme vazamento de benzina (“uma explosão está a caminho”) – exibida através de noticiários reais [de fato, este último filme apresenta imagens reais da evacuação dos arredores de Chonqing].

Em termos de execução, XXXXX não muda muito a receita que funcionou tão bem da última vez. Novamente, ele tem uma pecha por encenações cuja ação ocorra no plano de fundo e no intermediário tanto quanto no primeiro plano – uma tarefa arriscada até para cineastas mais experientes, mas cumprida aqui com êxito, auxiliado pelo foco ainda mais profundo providenciado pelas câmeras digitais padrão. Apesar de dispensar tripés, XXXXX jamais move a câmera uma vez ligada – dependendo nos citados elementos de composição e movimento dentro de campo, sem nos esquecermos da questão fundamental sobre o local onde a câmera deve estar posicionada. Novamente, XXXXXX consistentemente triunfa – é muito raro sequer suspeitarmos de que a cãmera não esteja no lugar certo, que o ângulo escolhido não é o mais ideal para os requerimentos de cada cena em particular. Mas as conquistas não são puramente técnicas: ele extrai performances palpáveis de natureza improvisada de um elenco que, mais uma vez, é composto de não-atores (os personagens compartilham o mesmo nome de seus intérpretes). XXXXXXX não tem muitas falas, mas é igualmente eficiente tanto falando quanto em silêncio; enquanto os 12 atores secundários dão o máximo de si em seu tempo de tela necessariamente limitado.

Tudo termina por construir um retrato cativante e ressonante da China durante a primeira metade da primeira década do século XXI. Não é um retrato belo: esse país é, como vemos e escutamos, “pobre, sem emprego e poluído”. Mas a conquista de XXXXX está em conseguir transmitir essa mensagem de uma maneira que é vívida, provocativa e vibrante – quando muito mais fácil seria realizar duas horas de lamentos deprimentes. Pensados juntos, “XXXXXX” e “YYYYYYY” são, apesar dos aspectos pessimistas de suas narrativas, eles mesmos a causa para grande otimismo, de celebração até: o cinema mundial precisa de vozes tão acessíveis, ambiciosas e estruturadas, e com XXXXXX é possível dizer que finalmente conseguimos uma.
(Neil Young, The Guardian)

O segundo filme de XXXXXX, filmado com equipamento de segunda mão com atores não-profissionais, cumpre competamente as expectativas criadas pelo seu début igualmente brilhante e empobrecido “XXXXXXX”. O olho preciso de XXXXXX para composição de campos profundos novamente transforma vídeo de baixa qualidade em canvas cinematográfico. Ao escolher mulheres “da vida real” para recontarem seus problemas diretamente para a cãmera, por trás da qual encontra-se uma mulher “fictícia” com problemas próprios, XXXXX e sua namorada-produtora compuseram uma dupla perspectiva sobre a população feminina chinesa. “YYYYYY”, seguindo os passos de “XXXX” já está ganhando reconhecimento dos festivais.

[...] Infinitamente assombroso, as interações complexas entre o individual e o coletivo, som e imagem, primeiro plano e cenário de fundo, todos embebem uma consciência serena e até alegre aos filmes de XXXXX, que opõem-se diretamente ao desespero. Apesar do mal acabamento da resolução digital, do tom cinza do horizonte urbano e o alcoolismo, desemprego e corrupção descontrolados de seus habitantes, “YYYYYY” é um filme tremendamente belo." (Ronie Scheib, Variety)

  Bernardo Krivochein    quarta-feira, agosto 15, 2007    5 comentários
 
 


Trailer Internacional de "Encarnação do Demônio" de José Mojica Marins

Está no ar desde ontem no site Gomorrahy o trailer do novo filme de Zé do Caixão, "Encarnação do Demônio", com legendas em inglês (provavelmente para as vendas internacionais). Produzido pela Gullane Filmes e Olhos de Cão, e roteirizado por Marins e Dennison Ramalho ("Amor Só de Mãe"), o filme traz o icônico papa-defunto, solto de um manicômio após 30 anos, perambulando pelas ruas de São Paulo em busca da escolhida para gerar seu sucessor, deixando uma trilha de horror por onde passa.

Se o trailer peca por uma coisa é excesso de exposição, que acaba com a expectativa criada pelos segundos iniciais (o semblante de Marins no contra-luz, andando em direção à câmera? Legal para caralho). A produção parece tecnicamente bem cuidada ainda que evidencie as limitações dos efeitos práticos - o que nesse caso particular é bom, pois preserva o caráter tão barroco dos filmes de Marins.

O link está aqui.

Telecine de "Tropa de Elite" Nas Mãos dos Piratas

O estabelecimento do Cinema Brasileiro enquanto grande indústria não pode ser somente os lucros e o glamour; agora os produtores de "Tropa de Elite" enfrentam as dores de cabeça dos maiores estúdios hollywoodianos: uma versão telecinada do copião do "Cidade de Deus 2007" (baseado no polêmico livro "Elite da Tropa", sobre agentes corruptos do BOPE) está sendo vendida pelso camelõs do RJ desde o fim de semana passado. A versão - com 117 min. - com aúdio irregular, mas imagem de boa qualidade, apresenta legendas das passagens de tempo em inglês, indicando que seria uma screener copy para festivais e distribuidores internacionais em potencial. A superprodução orçada em 10 milhões de reais tem estréia prevista para outubro. Por um lado, o número na venda dos DVDs pode servir de termômetro da popularidade do filme. Por outro, o termômetro de popularidade é o filme inteiro, dispensando os 20 reais na boca da bilheteria do cinema.

Metralhadora Hollywoodiana de Remakes! Shinobi! Terror colombiano!

"Shinobi" (DVD Paris Filmes), filme de artes-marciais japonês de Ten Shimoyama sobre o amor proibido entre dois jovens de clãs inimigos, está sendo aprontado para remake sob o semblante da Paramount Pictures por ninguém menos que Max Makowski, cujo filme "One Last Dance" (ou "O Jogo da Vingança", DVD Focus Filmes) foi exibido no INDIE 2006. Makowski trará a história do Japão Feudal para o mundo contemporâneo corporativo, no qual os dois jovens apaixonados serão de empresas rivais. O que é engraçado, já que "Shinobi" é uma derivação de "Romeu & Julieta" - já atualizado por Baz Luhrmann - passado no setting contemporâneo da (ótima mesmo) adaptação de "Hamlet" de Michael Almereyda.

Já Nicole Kidman (que NÃO desistiu de "Lady From Shanghai... já virou novela) será produtora e protagonista do remake americano do colombiano "Al Final del Espectro", a ser dirigido pelo diretor original Juan Orozco. O projeto está em desenvolvimento sob a batuta do comprador-de-direitos-de-filmes-asiáticos-profissional Roy Lee ("O Chamado", "O Grito", et al.). "Al Final del Espectro" acabou de ser exibido no Fantasia 2007, suas sessões sempre precedidas do curta-metragem "Akai" de Carlos Gananian (também sendo exibido no novíssimo festival de cinema fantástico de São Francisco, "Dead Channels").

Soi Cheang e Johnnie To juntos em longa-metragem + 1

Os dois estão conversando, mas os planos parecem estar em estado avançado. A notícia foi escancarada por Grady Hendrix (que voltou com o seu blog "Kaiju Shakedown", graças ao bom Deus!), o filme ainda sem título é estrelado pelo infelizmente-batizado-segundo-a-fonética-brasileira Louis Koo e Richie Jen. A sinopse, segundo a prdutora Media Asia: "Um policial se junta a um assassino para se infiltrar num cartel da morte apenas para descobrir que também se tornou um assassino como os outros."

Mais além, Johnnie To está terminando a pós-produção de seu novo filme, feito na surdina. Com o título provisório "Mad Detective", sabe-se apenas pelos repórteres do Kung Fu Cult Cinema que o filme marca o retorno de Lau Ching-Wan para os filmes de ação de Hong Kong e que as primeiras imagens prometem.

E mais mais além, Johnnie To continua filmando "The Sparrow", drama sobre um grupo de ladrões em produção há 3 anos, para desespero da produtora. A última é a adição de Loi Hoi-pang (PTU) ao elenco.

Pílulas Finais:

- Seth Rogen ("O Virgem de 40 anos", "Ligeiramente Grávidos"), recentemente escalado para roteirizar e possivelmente estrelar "O Besouro Verde" na adaptação cinematográfica, disse à imprensa que quer ninguém menos que Stephen Chow para o papel de Kato (interpretado na TV por Bruce Lee).

- Hou Hsaio-hsien cansou de arte. Vai fazer o que todos os seus colegas fazem para espairecer: wuxia pian. Ang Lee fez. Wong Kar-Wai fez. Chen Kaige fez. Zhang Yimou fez. Nenhum detalhe no momento além do desejo expresso do diretor em trabalhar novamente com Shu Qi (já fizeram "Three Times" e "Millenium Mambo" juntos).

- Sophie Marceau anda perseguindo Park Chan-wook com uma série de telefonemas, implorando por um papel em seu próximo filme. Chan-wook ainda não se pronunciou, mas sabe como é que é: mulher muito oferecida...
  Bernardo Krivochein    quinta-feira, agosto 09, 2007    4 comentários
 
 


Recap Fest 4/8

>> Eu juro que eu não estou querendo criar celeuma ou insistir numa questão apenas para cansar os que não concordam, mas não deu para ignorar. Toda quinta-feira, a nova edição da LA Weekly - um dos semanários mais bacanas sendo feitos atualmente - se torna disponível não apenas nas bancas americanas, como na Internet (por isso, quero dizer, todo seu conteúdo). O que se segue pode parecer suspeito já que vem da cidade onde a indústria cinematográfica hollywoodiana está instalada, mas eu garanto a publicação enquanto fonte antenada e culta: a capa traz uma matéria sobre Brett Ratner e o repórter - engasgo! - toma uma polêmica posição pró-Ratner. O seguinte parágrafo acontece na terceira página virtual da reportagem:

"Agora, antes que você atire sua LA Weekly na lixeira, não me entenda mal: não estou tentando exacerbar o caso de Ratner sugerindo que ele é um destes estilistas cinematográficos inovadores cuja obra altera eternamente a face do meio. (Ele não é - pelo menos, ainda não.) Mas tampouco Ratner é um dos pilantras anônimos de Hollywood que compõem uma biblioteca inteira de filmes sem deixar uma impressão reconhecível. Muito menos ele é um desses diretores prodigiosmente sem talento e pretensiosos - os verdadeiros 'fauxtores' - que conseguem 'relevância' ao apelar para os instintos mais básicos dos eleitores do Oscar. O que proponho é simplesmente que Ratner mostra excelência numa espécie de entretenimento leve e totalmente sem pretensão que não é tão fácil de se manufaturar como parece; que ele é uma personalidade singular; e que ele, ao contrário das outros diretores 'sensação-da-semana', ele definitivamente está aqui para ficar. Na realidade, ele mal sequer começou."

Isso não me faz gostar de Ratner e muito menos dos filmes anteriores de Bay, mas a questão é justamente essa: você pode não gostar de quiabo, mas é preciso reconhecer que ele tem cor, forma e gosto distintos. E propriedades nutritivas, eu acho.

>> FANTASIA 2007 - OS VENCEDORES: Com atraso, mas para registrar:

PRÊMIOS DO JÚRI OFICIAL:

MELHOR FILME: MEMORIES OF MATSUKO - Tetsuya Nakashima (Japão)
MELHOR DIRETOR: Feng Xiaogang – THE BANQUET (China)
MELHOR ROTEIRO: Han Jae-rim – THE SHOW MUST GO ON (Coréia do Sul)
MELHOR FOTOGRAFIA: Li Zhang – THE BANQUET (China)
MELHOR ATOR: Ex æquo : Song Kang-ho - THE SHOW MUST GO ON (Coréia do Sul) / Ryu Deok-hwan - LIKE A VIRGIN (Coréia do Sul)
MELHOR ATRIZ: Mary McCormack – RIGHT AT YOUR DOOR (EUA)
MELHOR CURTA DE QUEBEC: FLUTTER - Howie Shia
MENÇÃO ESPECIAL DO JÚRI PARA CURTA-METRAGEM: MOI - Yan England (Quebec)
PRÊMIO DA SEQUENCES MAGAZINE: WOOL 100% - Mai Tominaga (Japão)
PRÊMIO INFO CULTURE: THE GHOSTS OF CITÉ SOLEIL - Asgen Leth (Dinamarca)
PRÊMIO DA L'ÉCRAN FANTASTIQUE: RIGHT AT YOUR DOOR - Chris Gorak (EUA)

PRÊMIOS DO PÚBLICO - FANTASIA 2007

MELHOR FILME ASIÁTICO
OURO: 13 BELOVED - Chookiat Sakweerakul (Tailândia)
PRATA: EXILADOS – Johnnie To (Hong Kong)
BRONZE: Ex æquo : CITY OF VIOLENCE - Ryoo Seung-wan (Coréia do Sul)/MEMORIES OF MATSUKO - Tetsuya Nakashima (Japão)

MELHOR FILME EUROPEU/AMERICANO
OURO: HATCHET - Adam Green (EUA)
PRATA: END OF THE LINE - Maurice Deveraux (Canadá)
BRONZE: Ex æquo : MULBERRY STREET - Jim Mickle (EUA) / THE SIGNAL - David Bruckner, Dan Bush and Jacob Gentry (EUA)

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
OURO: TEKKON KINKREET - Michael Arias (Japão)
PRATA: WE ARE THE STRANGE - M dot Strange (EUA)
BRONZE: AACHI & SSIPAK - Joe Bum-jin (Coréia do Sul)

FILME MAIS INOVADOR
OURO: WE ARE THE STRANGE - M dot Strange (EUA)
PRATA: EXTE: HAIR EXTENSIONS - Sion Sono (Japão)
BRONZE: MEMORIES OF MATSUKO - Tetsuya Nakashima (Japão)

MELHOR DOCUMENTÁRIO
OURO: KING OF KONG - Seth Gordon (EUA)
PRATA: YOUR MOMMY KILLS ANIMALS - Curt Johnson (EUA)
BRONZE: Ex æquo : GHOSTS OF CITY SOLEIL - Asger Leth (Dinamarca) / ZOO – Robinson Devor (EUA)

MELHOR CURTA-METRAGEM
OURO: THE FITH - Ryan Levin (EUA)
PRATA: ANGEL - Paul Hough (EUA)
BRONZE: Ex æquo: CRITICIZED - Richard Gale (EUA) / THE MORNING AFTER - Daniel Knight (Austrália)

MELHOR PUTAIN D’COURT! (Curta Fantástico Francófono)
GRATTE-PAPIER - Guillaume Martinez(França)

>> PROGRAMAÇÃO DAS MOSTRAS FANTÁSTICAS DA TORONTO INTERNATIONAL FILM FESTIVAL

O festival mais célebre da América do Norte é canadense e tem privilégio sobre as premières continentais mais esperadas do ano (muitos dos filmes que lá estréiam tornam-se os favoritos das listas anuais, prêmios, etc.). Mas são as mostras specialty que chamam a atenção. Contando com Todd Brown, do Twitch, no quadro dos programadores, a TIFF reserva duas janelas para a cinematografia mais ousada sendo feita na contemporaneidade. Sem mais delongas, aqui vão as programações da Midnight Madness (para filmes de gênero) e a auto-explicativa Vanguard.

TIFF -- MIDNIGHT MADNESS:

LA TERZA MADRE de Dario Argento
SUKIYAKI WESTERN DJANGO de Takashi Miike
DIARY OF THE DEAD de George Romero
DAI NIPPONJIN de Hitoshi Matsumoto
THE DEVIL'S CHAIR de Adam Mason
FLASH POINT de Wilson Yip
FRONTIERES de Xavier Gens
A L'INTERIEUR de Julien Maury e Alexandre Bustillo
STUCK de Stuart Gordon
VEXILLE de Fumihiko Sori

TIFF -- VANGUARD:

THE ORPHANAGE de JS Bayona
CONTROL de Anton Corbijn
LES CHANSONS D'AMOUR de Christophe Honore
NAISSANCE DE PIEUVRES de Celine Sciamma
PARANOID PARK de Gus Van Sant
DÉFICIT Gael Garcia Bernal
CHRYSALIS de Julien Leclerq
EX DRUMMER de Koen Mortier
HELP ME EROS de Lee Kang-Shen
ME de Rafa Cortes
PING PONG PLAYA de Jessica Yu
XXY de Lucia Puenzo

O Festival do Rio parece ter boas relações com Argento e sempre traz seus filmes mais recentes para serem exibidos, tomara que isso se repita em 2007. E, claro, que raiva dos programadores que já viram o faroeste de Miike. Tenho que dizer, no entanto, que é a sinopse do novo Gordon que me instiga: jovem retorna de uma festa e atropela um sujeito que fica preso ao pára-bisa de seu carro. Mas temendo as complicações que o acidente terá sobre seu futuro, ao invés de levá-lo para o hospital, ela o deixa, carro em tudo, na sua garagem para morrer. E a história é real!

>> SERÁ?!? Ela foi princesinha da Disney. Ela foi ídolo teen. Ela se tornou piranha cheirada de Hollywood, viveu fugindo da reabilitação e acabou de ser detida por desordem no trânsito, flagrada com cocaína no carro. Lindsay Lohan degringolou geral, justamente a uma semana de estréia de seu "filme-maturidade" intitulado "Eu Sei Quem Me Matou" (distribuição nacional prevista para 19 de outubro).

O que não foi publicado nos tablóides é que "I Know Who Killed Me" foi dirigido por Chris Sivertson, o mesmo diretor do favorito indie/cult "The Lost", sucesso em festivais de terror mundo afora, e que o filme é de forte influência européia, especialmente o giallo (ao invés do torture porn). Com os escândalos, tentou-se transformar "I Know Who Killed Me" num novo "Gigli". Mas voltando a LA Weekly, sinta só a crítica e tente resistir a tentação de assisti-lo (eu sei que quero programá-lo no Indie, mas não sei se deveria):

"Observe os queixos dos ratos de shopping caírem no chão enquanto eles pagam para o que acham que será o mesmo terror de picadinho adolescente, apenas para acabarem assisindo essa mistureba tresloucada da filmografia de horror de Brian De Palma com - eu juro por Deus! - "A Dupla Vida de Veronique" de Kieslowski. Lindsay Lohan interpreta uma estudante exemplar que é seqüestrada por um psicopata e reaparece semanas depois num leito de hospital, sem a sua... bem, digamos que ela precisará reavaliar sua carreira como pianista. Pior ainda, a garota não apenas esqueceu de seu passado como diz ser uma outra pessoa, completamente diferente - para seu namorado atleta tarado (Brian Geraghty), isso se revela um prêmio da loteria, já que sua casta namorada se transforma numa excitada stripper doida para se roçar num poste. Resumindo, é um papel embrulhado para presente para Lohan, que faz o tipo boa menina/má menina com sagacidade e um ar de afiado calculismo. Apesar de algumas revoltantes (e obrigatórias) cenas de açougue cirúrgico com dedos apodrecidos e mãos decepadas, este intrigante OVNI dirigido por Chris Sivertson (The Lost) é menos um terror feito para chocar do que um estudo atmosférico e surrealista sobre alienação adolescente. O roteiro ainda tem os colhões de abandonar a solução óbvia por algo muito mais insano e exagerado - o tipo de nonsense de alta altitude que só pode ser explicada na tela por um paranormal DJ de rádio através de uma alusão a Kafka." Jim Ridley)

Aliás, uma crítica tão positiva e mais extensa encontra-se na versão digital da Fangoria e que exige uma lida agora.

>> PREPARANDO-SE PARA O DVD DE INLAND EMPIRE: Boa época para redescobrir "Crepúsculo dos Deuses", que é aparentemente referência indispensável para o universo de "INLAND EMPIRE". Veja a descoberta de Jürgen Fauth aqui.

>> MOMENTO AUDIOVISUAL BIZARRO DA SEMANA: Estou eu prestando atenção em absolutamente nada enquanto vejo TV quando imagens familiares aparecem acompanhadas de áudio nem tanto.

Será que o diretor mostrou a referência cinematográfica ao astro tween Jesse McCartney quando sugeriu a sinopse para o clipe "Beautiful Soul"? Porque o clipe é "Y Tu Mamá También" cuspido e escarrado. Nem a conotação homossexual está faltando.

Espécie de versão Disney Channel do filme mexicano sexualmente carregado, quero ver o momento que um pai fizer a associação direta. Babá eletrônica virou aliciadora de menores. Ó-tê-mo. Aqui vai o link do YouTube, mas cuidado que a música é um grude.
  Bernardo Krivochein    quinta-feira, agosto 02, 2007    6 comentários
 
 


Sangue hollywoodiano, cinema brasileiro

Mais digno de comentários e surpresa durante a filmagem de um comercial gringo no Brasil há alguns anos atrás (por Marcus Nispel, um déspota do set de filmagens apelidado carinhosamente pelos brasileiros de "Marcuzão") não foi a técnica cinematográfica empregada ou a tecnologia de efeitos digitais que seria aplicada às imagens, mas a revelação da receita do autêntico sangue falso hollywoodiano. Mantido como mistério na indústria de efeito práticos, o sangue falso é como receita de miojo: cada companhia tem sua receita própria, mas a base da composição ainda é a mesma - essa mantida pelos americanos como um segredo guardado a sete chaves.

Suco de groselha (de um vermelho não muito fechado) + chocolate em pó (algumas colheradas para escurecer) + detergente (para dar textura). Não sei quais são as medidas, mas no dia seguinte, a receita já estava dando as caras em ensaio de moda de revista muderna e o caralho a quatro. Eu sei disso porque eu acabei ajudando a preparar a mistura. O resultado fica mais parecido com sangue venal, aquele mais escuro, sem oxigênio. Fica, inclusive, escuro demais se comparado com o sangue real, mas fotografa muito melhor do que o mesmo.

Uma vez, meu pai se desequilibrou e meteu o antebraço pela vidraça da porta da varanda. Na queda, ele acabou puxando o braço rasgado de volta para si e arrancou um naco de carne. Sangue para todos os lados e minha mãe correu com ele para o hospital. Acabei ficando no apartamento, limpando a piscina de sangue que se tornara o chão do quarto, do corredor e especialmente da sala, onde ele ficou um tempo enquanto apertávamos um cinto no seu braço para tentar estancar a enxurrada que escorria pela ferida.

Não se dá crédito para quão vermelho o sangue pode ser. Claro, não é um vermelho Tintas Suvinil como num filme do Dario Argento, mas entre todas as tonalidades que o sangue atinge, a ais clara é um vermelho bem vivo. A mais escura que eu vi era quase vinho tinto.

A textura é que é mais a questão: comecei limpando do quarto até a sala. Quando eu cheguei na sala com o esfregão, pano de chão e balde d'água suja, o sangue atingira - muito rapidamente - seu estado semi-coagulado. Quando eu jogava água por cima dele, o sangue se movia como uma massa vermelha, denso, feito molho de tomate Pomarola (sem polpa). As gotas, antes de secarem, formam umas massas que se puxa da parede como se fossem melecas moles vermelhas. Era muito diferente de quando o sangue pingava vivo do braço do meu pai: ele caía líqüido e pesado no chão, feito água de mangueira de boca larga apontada para o alto, sobre o piso de sinteco. Enfim, o sangue jorra mais líqüido do que o gelatinoso - que serve muito mais para os hematomas de fotos que estilizam hematomas como sinais de masculinidade ou coisa parecida.

Lembre-se disso quando você fizer seu filme daqui a alguns meses. Eu sei que você quer fazer um filme. E eu quero que você faça um filme. É só você se livrar de suas inibições e pedir ajuda das pessoas, dos seus amigos. Prepare-se para não viajar nas férias de dezembro/janeiro. Quando você fizer seu filme, você acabará viajando com ele para festivais mundo afora - você não sacrificará suas férias, apenas as adiará. E viajar sendo picão é muito melhor do que viajar estudante, turista, mochileiro, vagabundo sem nada o que fazer, sem compromisso para justificar sua passagem pela cidade.

Digo mais: não apenas eu asseguro que - se você fizer seu filme com genuíno desejo - não apenas seu filme está destinado a ser selecionado nos festivais mundo afora (que você se inscrever) como é bem capaz de você ganhar um prêmio. Há pouco tempo atrás, descobri que o curta-metragem que me serviu de trabalho de final de curso (fazendo design de som, captação e trilha... logo depois disso, tive uma crise e escrevi um roteiro para um longa-metragem mudo de três horas) acabou ganhando um prêmio especial em um festival por aí. Não quero dizer que era um curta ruim, mas era um projeto estritamente acadêmico e o som que fizemos foi com compromisso (era um trabalho de conclusão de curso), mas sem lá muito entusiasmo (idem). Ei, legal ter ganhado um prêmio e tal, mas... será que realmente não havia filmes superiores?

Não vi e, na realidade, nem pretendo ver os filmes de Bill Zebub anteriores a "Assmonster", mas aparentemente toda uma cinematografia de mau gosto e feita com nenhum orçamento se justifica na realização de um filme discutivelmente bom, inteligente. Zebub se manteve na ativa, realizando filmes de garagem, se sustentando com os mesmos (!) e acabou por dominar de forma curiosa a linguagem apenas por persistir na prática cinematográfica, ainda que com despojamento, com irresponsabilidade. É muito diferente do panorama independente brasileiro, onde o pouco que se faz é estritamente para servir de cartão de visita para os editais (e ainda assim, pedem para que a mesa julgadora leve em conta os poucos recursos que dispunham).

Recentemente Aaron Hills, um blogger de cinema que já havia realizado alguns trabalhos para distribuidoras cinematográficas, resolveu abrir sua própria companhia de DVD, a Benten Films (o nome da deusa budista ligada a tudo aquilo na natureza que flui, sempre associada às artes). O primeiro lançamento é o segundo longa-metragem de Joe Swanberg, "LOL" (a chegar em lojas americanas em 28 de agosto) com uma embalagem linda e ótimo conjunto de extras. Os próximos lançamentos são os filmes de Aaron Katz (Quiet City e Dance Party, USA) e ainda um filme internacional cujo título ainda não foi anunciado. Mais do que a iniciativa em realizar filmes independentes, agora há uma base também independente para fazê-los acessíveis - realização e distribuição independente. Um grande movimento de colaboração.

Qual é o problema com uma inciativa cinematográfica independente do Brasil? Que provincianismo congelante é esse que impede a maioria de realizar os filmes na raça, na marra, que deixa todo mundo na espera de uma vaga nas tetas dos editais? Será porque cineasta brasileiro só tem idéia cara e burra? Eu sei que existem um ou outro filme independente que é realizado - mas onde está a rede que colabora para fazer sua existência ser conhecida além de sua cidade de origem? Há um vídeo em que Lloyd Kaufman dá uma palestra sobre cinema independente na Comic Con, no qual um dos atendentes levanta-se - para entusiasmo geral - e conta como seu amigo realiza filmes independentes e trabalha satisfeito como balconista de uma loja de bebidas alcoólicas. Que idéia fixa é essa que só se pode falar de cinema sendo formado cineasta, se realizar cinema formado cineasta, e que para ser diretor é preciso sobreviver servindo estritamente a carreira de diretor (ninguém vive só aquilo que gosta de fazer: o próprio Swanberg faz bicos de webdesign para sobreviver, muitas das pessoas trbalhando com moda idem, todo mundo costura para fora)?

Fazer filmes está dentro da sua capacidade, se é isso que você deseja fazer. A receita de sangue falso, você já sabe. Mas há muito o que fazer no que se refere ao modo como ele é representado na tela.

  Bernardo Krivochein    quinta-feira, agosto 02, 2007    6 comentários
 
 
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