blogINDIE 2006



37 Altman - Retrô de um pioneiro da alma indie

Isto mesmo! 37 longas do diretor norte-americano Robert Altman estarão no CCBB a partir de hoje, 27 de maio a 15 de junho no Rio de Janeiro; em São Paulo, de 4 a 22 de junho; e Brasília de 10 a 29 de junho. Altman que morreu em 2006, aos 81 anos, manteve um espírito independente mesmo produzindo para TV e estando em Hollywood.

"Altman começou como roteirista e diretor de séries para a TV. No cinema, ficou conhecido por sua abordagem iconoclasta e inovadora de gêneros clássicos (western, policial, musical, filme de guerra); o talento para a direção naturalista dos atores; traços muito particulares de estilo, como as falas simultâneas dos personagens e os famosos planos-seqüências, como o do início de “O Jogador”; e a preferência por filmes-corais, nos quais tece um painel de inúmeros personagens, misturando seus dramas de forma hábil e sutil" (imagino que este texto aí entre aspas seja do curador da mostra, já que veio no release... Esta expressão filmes-corais não conhecia, muito engraçada, aliás. Acho que ele quer dizer sobre a multiplicidade e simultaneidade de personagens em narrativa ou montagem paralela...). "As Muitas Vidas de Robert Altman” tem curadoria de Angelo Defanti.

Serão 33 filmes (dos 37) em película 35mm, fato cada dia mais raro de se ver. Ainda mais quando se trata de cinema norte-americano (totalmente sem apoio para intercâmbio com os países da América Latina) e ainda mais numa retrospectiva. Im-per-dí-vel.

Confira a lista completa e sinopses dos filmes ( acho que não tem um hotsite da mostra, mas os horários você pode conferir no site do CCBB):

Os Delinqüentes
(The Delinquents, EUA, 1957, 72 min)
Com: Tom Laughlin, Peter Miller, Richard Bakalyan
Robert Altman estreou como diretor de longa-metragem ficção com este drama que conta a história de Scotty White (Tom Laughlin), jovem de 19 anos de idade obrigado a romper o namoro com a bela Janice Wilson (Rosemary Howard), de apenas 16 anos, porque os pais da garota não aprovavam o relacionamento entre eles. Frustrado com a separação, Scotty acaba se envolvendo com uma turma de delinqüentes.

The James Dean Story
(The James Dean Story, EUA, 1957, 81 min)
Direção: Robert Altman, George W. George
Com: Martin Gabel, James Dean, Lew Bracker
Documentário feito apenas dois anos depois da morte de James Dean. A partir de filmagens, fotografias, narrações e depoimentos de pessoas que estiveram ao lado
de Dean, o filme apresenta a vida e a carreira de um dos maiores ícones do cinema americano. Entre os entrevistados se destacam uma tia do ator, que o criou desde os nove anos de idade - quando a mãe de James Dean morreu -, os avós paternos, um motorista de táxi em Nova York que sempre era chamado pelo astro, e o proprietário do restaurante predileto do ídolo em Los Angeles. O pai de James, que estava vivo quando o filme foi realizado, não quis fazer nenhum depoimento.

No Assombroso Mundo da Lua
(Countdown, EUA, 1968, 101 min)
Direção: Robert Altman, William Conrad
Com: James Caan, Joanna Moore, Robert Duvall
Equipe do foguete Apollo 3 está em pleno treinamento quando os planos dos russos de pousar na Lua são descobertos. Os americanos então abreviam a missão. E recrutam no lugar de Chiz, que havia sido treinado, o astronauta Lee. Ele tem três semanas para ir ao espaço e permancer na Lua por um ano, até que a Apollo esteja pronta. Ocorre que os russos lançam seu foguete dois dias antes do programado.

Uma Mulher Diferente
(That Cold Day in the Park, EUA, Canadá, 1969, 106 min)
Com: Sandy Dennis, Michael Burns, Susanne Benton
Casta balzaquiana conhece jovem de 19 anos num parque e decide levá-lo para casa, determinada a perder a virgindade. O rapaz se faz de mudo e a acompanha sem saber que ela pretende guardá-lo para sempre.

MASH
(EUA, 1970, 116 min)
Com: Donald Sutherland, Elliott Gould, Robert Duvall
Aclamado como uma das melhores comédias de todos os tempos, ''MASH'' conta a história de alguns cirurgiões do exército que desenvolvem um estilo de vida totalmente lunático para poder encarar os horrores diários da guerra em um Hospital Cirúrgico Móvel do Exército (Móbile Army Surgical Hospital - de onde vem a sigla M*A*S*H) durante a Guerra da Coréia. Apesar de altamente qualificados e extremamente dedicados, esse bando de malucos também são especialistas em transformar a burocracia do exército em um completo caos. Indicado ao Oscar em cinco categorias, incluindo o de melhor filme.

Voar é com os Pássaros
(Brewster McCloud, EUA, 1970, 105 min)
Com: Bud Cort, Sally Kellerman, Shelley Duvall
Brewster é um garoto sério, intelectual e sonhador. Seu maior desejo é poder voar. E faz questão de dizer a todos que o fará, ainda que muitos dêem de ombros para os planos do rapaz. Brewster constrói enormes asas. E quando se prepara para saltar e inaugurar seu vôo, é surpreendido pela polícia. Ele fará de tudo para não ser pego.

Jogos & Trapaças - Quando Os Homens São Homens
(McCabe & Mrs. Miller, EUA, 1971, 120 min)
Com: Warren Beatty, Julie Christie, Shelley Duvall, Keith Carradine
Compositor: Leonard Cohen
Com a ajuda de uma cafetina, jogador fracassado inaugura prostíbulo em cidade onde foi descoberta mina de ouro. Os negócios vão bem e, até por isso, a companhia que controla a mina quer que ele venda o bordel, por bem ou por mal.

Imagens
(Images, Inglaterra/Irlanda/EUA, 1972, 101 min)
Elenco: Susannah York, Rene Auberjonois, Marcel Bozzuffi
Mulher à beira do histerismo confunde as identidades dos seus antigos amantes, criando uma realidade fantasiosa. Seus temores a levam a um único desejo: destruir o mundo interior que ela construiu. Adaptação do livro ''In Search of Unicorns'', de Susannah York.

O Perigoso Adeus
(The Long Goodbye, EUA, 1973, 112 min)
Roteiro: Raymond Chandler, Leigh Brackett
Elenco: Elliott Gould, Nina Van Pallandt, Sterling Hayden
O esperto detetive particular Philip Marlowe dá carona a um amigo de Los Angeles até a fronteira de Tijuana. Ao voltar para casa, encontra seu apartamento cheio de policiais, sendo preso como cúmplice do assassinato da esposa de seu amigo. Quando é liberado após a polícia descobrir que o colega de Marlowe cometeu suicídio, o detetive é contratado por uma bela mulher que pretende encontrar o marido alcoólatra desaparecido. Ao mesmo tempo, Marlowe descobre que o amigo morto no México tinha em seu poder US$ 350 mil que pertencia à máfia.

Renegados até a Última Rajada
(Thieves Like Us, EUA, 1974, 123 min)
Elenco: Keith Carradine, Shelley Duvall, Louise Fletcher
Três assassinos condenados - Bowie (Carradine), Chicamaw (Schuck) e T-Dub (Remsen) - escapam de uma prisão na rural Mississippi em 1937. A gangue logo passa a fazer aquilo que melhor sabe: roubar bancos. A situação complica quando Bowie, o mais jovem, se apaixona pela jovem fazendeira Keechie (Duvall).

Jogando com a Sorte
(California Split, EUA, 1974, 108 min)
Elenco: George Segal, Elliott Gould, Ann Prentiss
Dois jogadores e apostadores compulsivos (George Seagal e Elliot Gould) se encontram e partem para uma viagem a Tijuana, onde pretendem participar de um campeonato de pôquer que pode mudar suas vidas. Entre uma partida e outra, os dois se envolvem em muita confusão e bebedeiras.

Nashville
(EUA, 1975, 159 min)
Elenco: Ned Beatty, Karen Black, Keith Carradine, Geraldine Chaplin, Shelley Duvall, Scott Glenn, Jeff Goldblum
A história de vários personagens ligados ao mundo da música se cruza na cidade de Nashville, capital do Tennessee. Barbara Jean é considerada a rainha do local, mas está à beira de um colapso; Linnea e Delbert Reese mantém um casamento instável e possuem filho deficiente; Opal é um jornalista britânico a trabalho na cidade. Clássico dirigido por Altman, indicado em cinco categorias do Oscar e ganhador da estatueta de melhor canção - ''I'm Easy'', de Keith Carradine.


Buffalo Bill
(Buffalo Bill and the Indians, or Sitting Bull's History Lesson, EUA, 1976, 123 min)
Com: Paul Newman, Harvey Keitel, Geraldine Chaplin
Buffalo Bill (Paul Newman) planeja ter o seu próprio show de Velho Oeste, e o chefe Touro Sentado concorda em aparecer nele. No entanto, Touro Sentado tem sua própria agenda secreta, envolvendo o presidente e o General Custer. Lançado também com o título ''Oeste Selvagem''.

Três Mulheres
(3 Women, EUA, 1977, 124 min)
Com: Shelley Duvall, Sissy Spacek, Janice Rule
A tímida e solitária Pinky começa um novo trabalho e logo sente-se emocionalmente ligada à colega Millie. Um acidente envolvendo as duas faz com que, inexplicavelmente, elas troquem de personalidade. Mas é uma mudança breve, que só volta ao normal quando entra na história uma outra mulher, uma artista que há algum tempo já rondava a vida de Pink e Millie.

Cerimônia de Casamento
(A Wedding, EUA, 1978, 125 min)
Com: Geraldine Chaplin, Mia Farrow, Vittorio Gassman, Lillian Gish
Rapaz de família tradicional está prestes a unir-se em matrimônio com a filha de novo rico. Desde os preparativos para a festa, as inevitáveis confusões são prenunciadas, mas nada pode abalar a cerimônia, nem mortes, nem estranhas ligações, nem crises de depressão e incompatibilidades sociais.

Quinteto
(Quintet, EUA, 1979, 118 min)
Com: Paul Newman, Vittorio Gassman, Fernando Rey, Bibi Andersson
Drama que mistura ficção científica e suspense na história em que a Terra vive uma nova era glacial. Nesse ambiente, um estranho jogo envolve cinco participantes que se digladiam até à morte. Apenas um sobreviverá, mas terá de enfrentar um inimigo ainda mais poderoso.

Um Casal Perfeito
(A Perfect Couple, EUA, 1979, 111 min)
Com: Paul Dooley, Marta Heflin, Titos Vandis
Los Angeles. Alex Theodopoulos (Paul Dooley) e Sheila Shea (Marta Heflin) se conhecem através de um serviço de encontros por computador. Apesar de sentirem atração um pelo outro, se deparam com o problema dele se sentir pressionado por um pai dominador, Panos (Titos Vandis), e ela ter um tipo de vida irregular, pois divide seu apartamento com os integrantes de 'Mantedo-os Fora das Ruas', uma banda da qual participa. Assim sempre acontece algo que perturba o "clima" deles.

Popeye
(EUA, 1980, 114 min)
Elenco: Robin Williams, Shelley Duvall, Ray Walston
Um Popeye de carne e osso procura encontrar Gugu, o bebê pestinha comedor de hamburger que vive desaparecendo. Com direito a Olívia Palito e Brutus. Adaptação para as telas do famoso personagem criado nas tiras de jornais por E.C. Segar, contando as aventuras do marinheiro Popeye, cuja incrível força vem do espinafre. Filme que marca a estréia de Robin Williams no cinema.

Política do Corpo e Saúde
(Health, EUA, 1980, 105 min)
Com: Glenda Jackson, James Garner, Lauren Bacall, Alfre Woodard
Altman fez aqui uma sátira política que inicialmente seria lançada durante a campanha presidencial americana em 1980. Os executivos da Fox acharam que seria uma enorme provocação, e o filme foi engavetado por dois anos. ''Health'', que também significa saúde mas no filme descobrimos ser anacronimo de ''Happiness, Energy And Longevity Through Health'' (felicidade, energia e longevidade através da saúde), se passa numa convenção de alimentação e saúde na Flórida. É no envento que se trava a campanha pela presidência da organização, justamente chamada H.E.A.L.T.H.

James Dean, O Mito Sobrevive
(Come Back to the Five and Dime, Jimmy Dean, Jimmy Dean, EUA, 1982, 109 min)
Com: Sandy Dennis, Cher, Karen Black, Kathy Bates
No vigésimo aniversário da morte de James Dean, veteranas fãs do ator se reúnem no bar de sua cidade natal para cultuar a memória do ídolo e relembrar os tempos de juventude. Baseado em peça de Ed Graczyk.

O Exército Inútil
(Streamers, EUA, 1983, 118 min)
Com: Matthew Modine, Michael Wright, Mitchell Lichtenstein
Enquanto espera a ordem para seguir para o Vietnã, grupo de soldados americanos vive momentos de tensão e angústia nos alojamentos. Adaptado por David Rabe de sua própria peça. Os seis atores do elenco dividiram o prêmio de melhor interpretação masculina no Festival de Veneza.

Secret Honor
(EUA, 1984, 90 min)
Com: Philip Baker Hall
De forma audaciosa e arriscada, Altman levou para as telas esse monólogo dramático apresentado na Broadway (com texto de Donald Freed e Arnold M. Stone). Philip Baker Hall interpreta o ex-presidente Richard Nixon, solitário numa sala com pouca luz, quadros na parede e uma garrafa de uísque na mesa. Um Nixon abatido relembra sua infância e juventude, até chegar à presidência dos Estados Unidos. E descreve as ''verdadeiras'' razões que o colocaram no centro do escândalo de Watergate, cujo desfecho foi seu afastamento do cargo.

Louco de Amor
(Fool for Love, EUA, 1985, 106 min)
Roteiro: Sam Shepard
Com: Sam Shepard, Kim Basinger, Harry Dean Stanton
May está à espera do namorado num motel de beira de estrada, pronta para fugir com ele e começar nova vida. De repente ela é tomada por lembranças que a fazem se questionar sobre tudo aquilo e coloca em risco sua decisão. May sente que está sendo puxada para a vida que está deixando para trás. Quando o namorado aparece, a situação fica bastante complicada

O.C. and Stiggs
(EUA, 1987, 109 min)
Com: Daniel H. Jenkins, Neill Barry, Cynthia Nixon
O.C. e Stiggs são dois amigos adolescentes. Mas não aquele tipo comum de adolescente, constantemente infeliz. Eles não apenas desprezam a vizinhança suburbana, mas têm planos terríveis contra eles. Em especial a família Schwab, para quem armam um plano de vingança só porque essa família representa tudo o que os garotos odeiam: a classe média.

Além da Terapia / Loucos, Apaixonados e Incuráveis
(Beyond Therapy, EUA, 1987, 93 min)
Com: Jeff Goldblum, Glenda Jackson, Geneviève Page
Prudence coloca um anúncio no jornal e Bruce responde. Ao se encontrarem, ela logo nota que ele é pirado. Descobre depois que sua psiquiatra namora o psiquiatra dele e as histórias começam a se cruzar, numa sucessão de situações cômicas. Baseado na peça de Christopher Durang. O flme também foi lançado com o título ''Loucos, Apaixonados e Incuráveis''.

Van Gogh - Vida e Obra de um Gênio
(Vincent & Theo, Holanda, Inglaterra, França, 1990, 138 min)
Com: Tim Roth, Paul Rhys, Adrian Brine
Exibido em alguns países da Europa em formato de minissérie (o filme tem originalmente quatro horas), trata-se da cinebiografia do pintor Vincent van Gogh e seu relacionamento com o irmão Theo. Obra não convencional na filmografia de Altman, mas que mantém o apuro estético do diretor.

O Jogador
(The Player, EUA, 1992, 124 min)
Com: Tim Robbins, Greta Scacchi, Whoopi Goldberg, Peter Gallagher, Vincent D'Onofrio, Sydney Pollack
Vice-presidente de um estúdio de Hollywood subestima as qualidades de um roteirista desconhecido e passa a receber cartas ameaçadoras

Short Cuts - Cenas da Vida
(Short Cuts, EUA, 1993, 187 min)
Roteirista(s): Raymond Carver, Robert Altman, Frank Barhydt
Com: Andie MacDowell, Jack Lemmon, Julianne Moore, Matthew Modine, Anne Archer, Jennifer Jason Leigh, Chris Penn, Lili Taylor, Robert Downey Jr., Madeleine Stowe
Um painel da Los Angeles atual a partir do atropelamento de uma criança, filha de apresentador de TV, por uma garçonete. Casais que não se entendem, pais e filhos que não se comunicam e amantes que não conseguem se integrar fazem parte da narrativa costurada a partir de oito contos de Raymond Carver. Vencedor do Leão de Ouro em Veneza

Prêt-à-Porter
(EUA, 1994, 133 min)
Com: Marcello Mastroianni, Sophia Loren, Jean-Pierre Cassel, Kim Basinger, Chiara Mastroianni, Stephen Rea, Anouk Aimée, Rupert Everett, Rossy de Palma, Forest Whitaker
Série de vinhetas satirizam a concorrida semana dos lançamentos da alta costura em Paris, enquanto um repórter se divide entre a cobertura do evento e o assassinato de um executivo do ramo.

Kansas City
(França/EUA, 1996, 116 min)
Com: Jennifer Jason Leigh, Miranda Richardson, Harry Belafonte, Dermot Mulroney, Steve Buscemi
Numa cidade dominada pela máfia e pelo caos, uma mulher tenta salvar seu amante das garras do crime. Robert Altman reconstitui fielmente o clima de tensão de uma cidade controlada por políticos corruptos, dominada por gângsteres, embalada pelo jazz de seus night clubs e ainda criou um clima de suspense.

Jazz '34
(EUA, 1996, 72 min)
Com: Harry Belafonte (narrador), Ron Carter, Joshua Redman
Robert Altman visitou sua Terra natal, Kansas City, onde reuniu 34 dos maiores músicos de jazz contemporâneos. A jam session durou uma semana, e Altman transformou as apresentações nesse documentário musical.

A Armação
(The Gingerbread Man, EUA, 1998, 114 min)
Com: Kenneth Branagh, Robert Downey Jr., Daryl Hannah, Tom Berenger, Famke Janssen, Robert Duvall
Rick (Kennetg Branagh) é um advogado que se encontra com a bela e misteriosa Mallory Doss (Embeth Davidtz). Após uma carona, eles iniciam um tórrido romance e Rick descobre que ela vem sofrendo ameaças de Dixon (Robert Duvall), seu desequilibrado pai. Rick coloca sua firma para trabalhar, prende Dixon e intima Pete (Tom Berenger), o ex-marido, para testemunhar no tribunal. Ele é enviado para um asilo, de onde acaba fugindo para colocar a vida de todos em grande perigo.

A Fortuna de Cookie
(Cookie's Fortune, EUA, 1999, 118 min)
Com: Glenn Close, Julianne Moore, Liv Tyler, Chris O'Donnell
Cookie é uma senhora idosa e rica que aparentemente se suicida. Camille, sua sobrinha invejosa e ambiciosa, quer a herança da tia, e para isso faz com que pareça que o criado negro da casa a tenha assassinado, tudo com o conluio da manipulável irmã Cora. A chegada à cidade da bela e rebelde filha de Cora, Emma, só aumenta a confusão.

Doutor T e As Mulheres
(Dr T and the Women, EUA, Alemanha, 2000, 122 min)
Com: Richard Gere, Helen Hunt, Farrah Fawcett, Laura Dern, Kate Hudson, Liv Tyler
Dr. Sullivan Travis (Richard Gere) é um ginecologista de prestígio rodeado de muitas mulheres que ainda vão levá-lo à loucura. No consultório, tem de enfrentar um ritmo alucinante de pacientes que fazem fila na sala de espera e, em casa, a esposa (Farrah Fawcett) apresenta sintomas de uma doença rara, a cunhada (laura Dern) se mudou com as filhas para lá e uma de suas filhas (Kate Hudson) está prestes a se casar. A solução é esfriar a cabeça no campo de golfe, mas acaba se apaixonando pela independente e determinada professora (Helen Hunt).

Assassinato em Gosford Park
(Gosford Park, Inglaterra/EUA/Alemanha/Itália, 2001, 137 min)
Com: Maggie Smith, Kristin Scott Thomas, Ryan Phillippe, Stephen Fry, Clive Owen, Emily Watson
Passada na Inglaterra dos anos de 1930, trata-se da história de um assassinato durante um jantar em que os donos da festa são rodeados por inúmeros serviçais e convidados.

De Corpo e Alma
(The Company, Alemanha/EUA, 2003, 112 min)
Roteiro: Neve Campbell, Barbara Turner
Com: Neve Campbell, Malcolm McDowell, James Franco
Drama centrado num grupo de dançarinos de balé, no qual uma jovem objetiva se tornar a estrela principal. Projeto pessoal da atriz e dançarina por formação Neve Campbell.

A Última Noite
(A Prairie Home Companion, EUA, 2006, 105 min)
Com: Woody Harrelson, Tommy Lee Jones, Kevin Kline, Lindsay Lohan, Virginia Madsen, John C. Reilly, Meryl Streep, Lily Tomlin
Os bastidores do famoso ''A Prairie Home Companion'', um dos mais tradicionais shows de rádio na América em sua última transmissão. O programa, apresentado pelos cowboys cantores Dusty e Lefty, fazia sucesso com a participação de várias celebridades da música.

Serviço:
CCBB – Rio de Janeiro
De 27/5 a 15/6
Rua Primeiro de Março, 66 – Centro
Ingressos: R$ 6 e R$ 3 (meia-entrada)

CCBB – São Paulo
De 4 a 22/6
Rua Álvares Penteado, 112 – Centro
Ingressos: R$ 4 e R$ 2 (meia-entrada)

CCBB – Brasília
De 10 a 29/6
SCES Trecho 2 Conjunto 22
Ingressos: R$ 4 e R$ 2 (meia-entrada)
  Francesca Azzi    terça-feira, maio 27, 2008    3 comentários
 
 
ZUMBIDOS DE CANNES 2008 - OS PREMIADOS

COMPETIÇÃO OFICIAL

Palma de Ouro: ENTRE LES MURS, de Laurent Cantet
Grand Prix: GOMORRA, de Matteo Garrone
Prix de la Mise en Scene (melhor diretor): Nuri Bilge Ceylan, por "Three Monkeys"
Prix du Scenario (melhor roteiro): LE SILENCE DE LORNA, de Jean Pierre & Luc Dardenne Camera d'Or (melhor primeiro filme): HUNGER de Steve McQueen. (Menção honrosa: ILS MOURRONT TOUS SAUF MOI, de Valeria Gai Guermanika)
Prix du Jury: IL DIVO, de Paolo Sorrentino
Prix d'interpretation feminine (melhor atriz): Sandra Corveloni por "Linha de Passe"
Prix d'interpretation masculine (melhor ator): Benicio del Toro por "Che".
Prix de 61st Festival de Cannes: Catherine Deneuve por "Un Conte de Noël" e Clint Eastwood por "The Exchange"
Palme d'Or (curta-metragem): MEGATRON, de Marian Crisan. (menção honrosa: JERRYCAN, de Julius Avery)

MOSTRA UN CERTAIN REGARD

Grand Prix de la Fondation GAN: TULPAN, de Sergey Dvortsevoy
Hope Prize: JOHNNY MAD DOG, deJean-Stéphane Sauvaire
Knock-Out Award: TYSON, de James Toback
Prêmio do Júri: TOKYO SONATA, de Kiyoshi Kurosawa
Prix Coup de Coeur: CLOUD 9, de Andreas Dresen

SEMANA DA CRÍTICA

Grand Prix: SNOW, de Aida Begic
Prix SACD: MOSCOW, BELGIUM, de Christophe Van Rompaey
Prix ACID/CCAS: MOSCOW, BELGIUM, de Christophe Van Rompaey
OFAJ (Very) Young Critics’ Award: BLOOD APPEARS - Pablo Fendrick
Canal+ Grand Prix de Melhor Curta: NEXT FLOOR, de Denis Villeneuve
Prêmio Kodak Discovery para Melhor Curta-Metragem: SKHIZEIN, de Jérémy Clapin

PRÊMIO DO JÚRI ECUMÊNICO
ADORATION, de Atom Egoyan

FIPRESCI
DELTA, de Kornél Mundruczó; e HUNGER, de Steve McQueen
Revelação do Ano: LAKE TAHOE, de Fernando Eimbcke
Prêmio François Chalais: Marco Tullio Giordano, por "Sanguepazzo"
  Bernardo Krivochein    domingo, maio 25, 2008    3 comentários
 
 
Uma sessão de "Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal" em algum cinema do Rio de Janeiro

Os únicos assentos restantes estão marcados em verde na tela do computador, todos nas primeiras fileiras. "Jesus...", eu exclamo. A bilheteira ri. Escolho C-13. Tenho a certeza de que por escolher uma poltrona praticamente dentro da tela, eu roubei o lugar de algum crítico da Contracampo.

ANÚNCIOS GERAIS:

Em "A República" de Platão, Sócrates prega que, para que as crianças se tornem boas cidadãs - especialmente as destinadas a se tornar guerreiras - elas deveriam ser privadas de narrativas como a "Odisséia" de Homero, cuja história de deuses cruéis e do sofrimento nada poderiam trazer de benéfico para sua educação. Ao invés disso, elas deveriam ser educadas apenas com histórias sobre grandes feitos, positivas, edificantes, para assim construírem caráter, auto-confiança e senso de dever e sociedade.

Fico eu imaginando o que Platão e Sócrates achariam então da notícia-real-transformada-em-espetáculo-cinematográfico projetada na tela: o boletim eletrônico do Último Segundo anuncia a lei paulistana que não indicia mais usuários de droga por tráfico. A manchete vem acompanhada de uma foto genial: três linhas de cocaína esticadas para uso imediato, adequadíssima para uma sessão de um cinema repleta de crianças. Às 16h. da tarde. Claro, liberdade de imprensa, sempre. Mas será que a imprensa precisa ser sempre esse órgão degenerante da sociedade, provocando os limites e depois se jogando no chão, fazendo-se de vítima ao ser publicamente atacada por seus abusos? Quando é que nós permitimos o "Tudo tem sua hora e lugar apropriado" ser confundido com censura?

Se as histórias edificantes ajudavam a criar heróis, membros dignos da sociedade, o que uma história como "cheirar agora está na moral com o guarda" cria? Será que, numa história, a realidade paralizante e claustrofóbica é preferível a uma fantasia benéfica, educativa e encorajadora, com efeitos positivos na sociedade a longo prazo? Bem vindo ao pesadelo do "real", termo este que lentamente se torna ultrapassado, inexato.

COMERCIAIS:

>> De uma revigorante fúria kinética esta nova campanha "Rala Que Rola" da Nike, que só não é uma obra-prima porque Guy Ritchie está claramente chupando o clipe "Smack My Bitch Up" de Jonas Akerlund (mais do que na idéia, mas também no tom intenso e ríspido). Quando assisto a este comercial, eu, que nunca pude ligar menos para futebol, tenho vontade de escancarar a porta de casa, correr para a rua, fazer flexões até vomitar e causar pânico social chutando bolas a esmo nos transeuntes distraídos. Repleto de astros da chuteira em pequenas pontas (Wayne Rooney, Cristiano Ronaldo, o elenco europeu), este épico relâmpago sobre a ascenção, queda e rendenção de um jogador de futebol é uma peça audiovisual de energia bruta, capaz de comover com uma potência que alguns longas sequer ousam em sonhar, que manda uma rajada de eletricidade e testosterona pelo corpo.

>> O inverso total pode ser dito de outro comercial cujo gancho bizarro é ter Dan Stulbach fazendo malabarismos de street dance, algo inconcebível para uma figura como Dan Stulbach. Talvez com isso, o publicitário queira nos dizer que com tal produto - que o comercial falta grosseiramente em fazer marcante (pela carga incomensurável de horripilância da peça, trilhada a uma versão Ti-Hi de um dance tenebroso dos anos 90 de Scatman John), eu sinceramente não sei o que estavam anunciando - o consumidor seja capaz de realizar coisas tão inimagináveis quanto o tal street dance de Dan Stulbach. Mas como não se trata do próprio Stulbach fazendo os movimentos, e sim um dublê muito mal integrado por efeitos digitais para lá de mal feitos, a mensagem se subverte por inteiro: o consumidor não será capaz de dançar street dance ou qualquer outra coisa impossível. Seus sonhos não se tornarão possíveis para você, mas para outro como você, e por sua causa.

>> Já que estamos no assunto comerciais, falemos do anúncio da Perdigão, onde várias figuras da sociedade se deleitam com a mortadela da marca ao som do tema de Nino Rota para "O Poderoso Chefão". Das duas, uma possibilidade e uma certeza. A possibilidade como sugerida pelo anúncio: Perdigão é uma marca de frio de/para mafiosos. A certeza: "O Poderoso Chefão" se assume sendo um filme família dos mais SuperCine, passado num cenário de máfia italiana tão artificial e asséptico, higienizado de sua derradeira crueldade e violência para os espectadores que precisam preservar a fantasia de sua própria maturidade intelectual (mas que não suportam ter os sentidos violentados pela realidade do universo que exigem testemunhar enquanto "arte"), que não surpreenderia caso se tornasse uma montanha-russa temática na Disney (prova derradeira: hoje o filme "de máfia" é um comercial da Perdigão). Francis Ford Coppola odiou fazer "O Poderoso Chefão", pelas pressões dos produtores, especialmente Robert Evans, que vai ao ponto de chamá-lo de "imbecil" em "O Show Não Pode Parar", contando a verdadeira história da conturbada produção. Ou seja, o filme é regido pelo signo do erro, sem pai, sem discurso, sem visão. Filmes com história semelhante acabam sendo eventualmente esquizofrênicos, várias vozes fortes disputando para ser a derradeira. "O Poderoso Chefão" é um filme mudo, sem voz própria: não há a voz de Coppola (ele admite), não há a voz de Evans (ele admite), não há a voz de Puzo (que não se pronuncia realmente). Talvez seja exatamente por causa dessa total falta de personalidade narrativa que a maioria das pessoas ame "O Poderoso Chefão" como uma grande obra: por não ter um dono, as pessoas se sintam livres para se apropriarem dele.

TRAILERS

>> "As Crônicas de Nárnia: No épico desta temporada, o Príncipe Caspian combate seu inimigo mortal: o Selsiun Azul." Engraçado como príncipe de filme tem sempre cara de modelo/ator/manequim (por que será?). Nesta época em que exigimos o realismo mais precioso de nossos filmes mais fantásticos, por que a platéia ainda não está amadurecida para conceber um príncipe com a cara do Príncipe Charles? Eu não vi o primeiro porque, sinceramente, "O Leão, A Bruxa e o Guarda-Roupa" soa como título de filme de suruba e eu me recuso a assistir pornô com cachorro, cavalo, anão ou móveis indefesos.

>> O que há de errado com esse pessoal da Pixar? Caralho, 15 segundos do trailer de "Wall-E" e eu já estava pronto para chorar horrores. "A Terra foi abandonada." Que horrível! "Mas um robô foi deixado para trás, com a responsabilidade de limpar o planeta." Cacete, que triste. "E o robô desenvolveu personalidade e se sente sozinho": o coração aperta, os olhos umedecem. "E então ele, que nunca teve um amigo, recebe a visita inesperada do espaço." Ah, quer dizer que ele finalmente encontrou alguém? Que emoção, vou chorar, puta que o pariu! "Mas quando eles levam sua companhia embora, o robozinho vai atrás da única amiga que jamais conheceu." E as imagens de sacrifício intergaláctico do robô indo atrás desta "única amiga que ele jamais conheceu" me fazem quase querer cortar os pulsos de emoção/depressão. O trailer acaba e quase que me levanto e vou embora, na impressão de já ter visto o que vim ao cinema assistir.

Os filmes da Pixar são mais deprimentes do mundo, de fazer Ingmar Bergman xingá-los de inveja de dentro do caldeirão lá no inferno onde ele cozinha por ter espalhado a angústia pela humanidade com seus filmes. Eles são sempre assim (especialmente ao se tratar dos de Brad Bird, que vem deprimindo geral desde o grande clássico do chororô animado "O Gigante de Ferro" - eu vomitei de tanto chorar com este filme): um final totalmente pra baixo, arrasador, maquiado de feliz através de seu prolongamento, seja com uma transformação no tom, seja pela inclusão de uma pequena piadinha de encerramento. Vejamos o caso dos filmes mais recentes: "Os Incríveis" e "Ratatouille" (que ninguém me tira da cabeça: aquilo é um filme de horror dos mais tenebrosos; eu quase passei mal assistindo-o, tamanha a ânsia provocada pela idéia de ratos de esgoto humanizados e cozinhando, a prática onde mais se preza a higiene do indivíduo). No primeiro, uma tenebrosa mensagem de acomodação: se você tiver algum talento especial, não o revele a ninguém, disfarce-se dentro da sociedade e evite o sofrimento de ser diferente dos demais (o que é uma mensagem anti-homossexual, anti-negros, anti-semita, etc. - o que explica a enorme popularidade do filme). É absolutamente deprimente como os pais transmitem essa mensagem aos filhos (o menino se prostra de ganhar uma corrida, a menina gótica aquiesce para as pressões do colégio e vira uma patricinha - afinal, góticos não podem ser felizes jamais, até porque a depressão é a condição gótica para a felicidade). E em "Ratatouille", ecoando o tema de "Os Incríveis", a verdade traz desgraça a todos ao redor e arruina as carreiras do cozinheiro, do crítico, etc. Mesmo que se possa argumentar que o final derradeiro deste filme seja feliz, perto dos acontecimentos que o antecedem e sua prontificação em apresentar seus efeitos sem mostrar a forma como se desenvolvem, este final-final mais me parece com a última projeção de alegria de uma alucinado que tudo perdeu, idealizando a felicidade futura que nunca virá. A alegria do final derradeiro é simplesmente ideal demais para ser "real". Avançasse "Ratatouille" um pouco mais na sua duração, voltaríamos deste delírio para a realidade deprimente de Rémy, destituído, sem amigos, de volta ao mundo que sempre rejeitou, apenas um rato.

Então, eu não tenho dúvidas. "Wall-E" vai me detonar. Vou chorar horrores. Chorei horrores com "Um Robô em Curto-Circuito", tanto no primeiro quanto no segundo. Aposto que ele não vai recuperar a única amiga que teve na vida. O filme pode até inventar um final piadinha, no qual Wall-E ganha um outro amigo, mas eu já vejo ele tendo que se despedir de sua amiga para sempre. E eu vou chorar. Vou chorar até vomitar. Isto quer dizer, a menos que eu faça algo a respeito... [engatilha a espingarda]

>> O FILME

Já passou o logo da LucasFilm, já passou o logo da Paramount, já se anunciou o título do novo filme de Indiana Jones. E as luzes da sala ainda não se apagaram. Essa mania da gerência de manter a sala acesa até o derradeiro minuto empata a foda da necessária aclimatização do espectador na atmosfera de um espetáculo cinematográfico. Tudo para dar a impressão ao espectador faminto ou com vontade de dar uma barrigada esperta que "ainda dá tempo de ir lá fora". Mas não dá tempo de ir lá fora. Não dá tempo de ir lá fora nunca mais.

[crítica do filme sendo cuidadosamente tecida]
  Bernardo Krivochein    sexta-feira, maio 23, 2008    3 comentários
 
 
ZUMBIDOS DE CANNES 2008 - PARTE 4

Still de "La Mujer Sin Cabeza" de Lucrecia Martel



LA MUJER SIN CABEZA, de Lucrecia Martel

“Segundo a nota na Variety, o próximo filme de Lucrecia Martel será um projeto de ficção científica, com alienígenas invasores da Terra, cheio de efeitos especiais. Não, não é piada, como alguns poderiam ter pensado, e pelo contrário: a partir do conhecimento deste fato (e se ele se concretizar, já que muitos projetos anunciados acabam não se realizando), talvez seja bem interessante repensar em breve este ‘La mujer sin cabeza’ na obra de Lucrecia. Afinal, recém-saído como estou de uma outra (pequena) maratona, a do RioFan (Festival de Cinema Fantástico do Rio de Janeiro), eu poderia dizer sem medo que La mujer sin cabeza poderia facilmente ser encaixado numa mostra do tipo, desde que o programador possua a cabeça aberta (sem trocadilhos) [...] Se não chega a ser uma obra-prima, por ter uma segunda metade sem tanta energia em movimento como a primeira (ainda que com seqüências impressionantes, vide a carona que a personagem dá a uma menina, e onde o simples enquadramento usado cria uma desconfortabilíssima sensação de que um acidente acontecerá a qualquer momento), ‘La mujer sin cabeza’ não deixa nunca de ser um filme fantástico – em todos os sentidos.” Eduardo Valente, Revista Cinética

“[O] filme de Martel é [...] finalmente frustrante. O ponto de partida é interessante, e nos primeiros cinco minutos, achei que veria um filme excelente. As idéias relacionadas ao estado de espírito da personagem (algo na pia da cozinha, elementos pretos na parte final, a ponte) ameaçam trazer inteligência, mas são tão apavoradas com a possibilidade de serem de fácil acesso para qualquer espectador comum, que terminam registrando como tentativas e não realizações bem sucedidas. Ao final, fica um triste "só isso?", em scope. Pena.” Kléber Mendonça Filho, Cinemascópio

"A diretora argentina Lucrecia Martel não é nada senão sutil. Ela é também uma mestre de técnica aural e visual, que estão em total e esplêndida exposição em ´La Mujer Sin Cabeza’, seu terceiro filme. O problema é que, assim como em ‘O Pântano’ e ‘ A Menina Santa’, suas narrativas podem ser um tanto esparsas, causando no espectador um esforço para tentar compreender mesmo os relacionamentos mais básicos entre os personagens ou suas motivações. É difícil investir emocionalmente quando se tem pouca idéia de quem é quem.” Peter Brunette, The Hollywood Reporter.

"É um ‘Blow-Up’ menor porém eficaz sobre uma mulher argentina da classe alta (Maria Onetto) cuja vida se perturba após ter possivelmente atropelado um jovem numa estrada do interior. Onetto está especial como a burguesa que deriva entre estados de clareza aguçada, e pode-se sentir a fúria queimando sob a superfície congelada do filme. Talvez Martel devesse ter deixado um pouco mais desta raiva emergir à tela. Pode ser falta de conexão cultural da minha parte, uma vez que os argentinos sentados ao meu lado durante a exibição abertamente o vaiaram. Mas filmes são um esporte sangrento por aqui; esta é parte da diversão sádica.” Ty Burr, The Boston Globe.

“Durante o filme, Martel posiciona a personagem em closes sem profundidade de campo e em widescreen; portanto, as pessoas em sua periferia – geralmente serventes, trabalhadores e por aí vai – ficam difusos, enevoados. É uma forma oblíqua de reflexão sobre relações contemporâneas de classe, mas é apta, e de fato este é um dos poucos filmes desta competição altamente-socialmente-consciente que refletem as relações de classe de tal forma.” Glenn Kenny


"Lucrecia Martel exige demais do espectador em seu terceiro filme, um conto amargo de parálise social e moral centrado num atropleamento-e-fuga no interior rural argentino e seus efeitos sobre a mulher ao volante. A princípio, o aguardado novo filme da diretora argentina parece construir a mesma mescla arriscada de drama familiarm simbolismo visual, crítica social e atmosfera ameaçadora que distinguiam seus filmes anteriores, ‘O Pântano’ e ‘A Menina Santa’. Mas em ‘La Mujer Sin Cabeza’ , Martel deixa que o miasma obstrua o drama e endureça a história. O resultado é um ‘filme sem trama’ que, em sua exibição em Cannes, motivou saídas e vaias, ainda que muitos insistam que o avançado e simbólico sudoku narrativo vale a pena ser decifrado.” Lee Marshall, Screen Daily.

"Poucos cineastas usam o foco de forma tão eficaz e incisiva do que Martel. Inspirado pelos sonhos e pesadelos da diretora, ‘La Mujer Sin Cabeza’ é um filme climático, misterioso e carregado com portentos eminentes e críticas sutis à burguesia.” Anthony Kaufman, indieWIRE.


LIVERPOOL, de Lisandro Alonso

“Ontem, fui ver o novo filme do Lisandro Alonso na Quinzaine, ‘Liverpool’, e achei muito ruim, com a sensação de que todo o mimo autoral que a crítica vem jogando em cima dele (e do cinema argentino em geral) pode ter subido à cabeça como vinho ruim. A "desdramatização" que Walter menciona no vídeo no cinema de Alonso parece atingir congelamento absoluto na história de um marinheiro que arranja um tempo para visitar a pequena localidade onde nasceu. É o cinema dos longos planos, mas, de fato me pareceram estéreis e de uma monotonia realmente atordoante, enlouquecedora.” Kléber Mendonça Filho, Cinemascópio

“[N]o geral o novo filme de Lisandro Alonso (cujo Los Muertos me tocou bastante) me pareceu um exercício em uma imanência que a tela não completava – suas imagens não me pareceram fortes, marcantes, surpreendentes, engajadoras em suma. E aí é um passo para que o uso dos planos longos, dos movimentos sutis e do silêncio quase onipresente nos sintam mais como tiques de grife de autor do que um movimento natural e necessário do diretor neste filme, cujo momento final à la Rosebud me pareceu especialmente infeliz.” Eduardo Valente, Revista Cinética

"Após anos em alto-mar, um marinheiro de meia-idade retorna ao lar no interior de Tierra del Fuego e descobre que seu passado retornou para atormentá-lo no supremamente realizado ‘Liverpool’ de Lisandro Alonso. O filme continua a fascinação do diretor argentino com homens solitários na labuta (‘La Libertad’) ou numa missão (‘Los Muertos’), ao mesmo tempo encapsulando uma grande saga familiar. Muito será dito, na Croisette e além, sobre como Alonso parece flertar com um estilo mais tradicional de cinema. Isto seria algo um tanto enganador.” Robert Koehler, Variety.

"Esta será uma frustração garantida para a maioria dos espectadores, mas o pequeno exército de devotos do diretor verão este quarto filme como um refinamento sutil de seu estilo assertivo. Como em outros filmes de Alonso, ‘Liverpool’ prende a atenção desde que você esteja disposto a entrar na espécie de estado de transe que ele requer. Mas o filme também mantém o espectador a distância, desencorajando envolvimento emocional e oferecendo nada além das informações mais básicas. ‘Liverpool’ é o road movie em seu estado mais esparso e realista." Johnathan Romney, Screen Daily

“A brilhante e sorrateira simplicidade de Alonso se insinua lenta porém definitivamente, e seu impacto continua a se embrenhar mesmo após cenas do mais brutal desinteresse e de infelicidade das mais profundamente reprimidas rotineiramente se procedem. Este é um sinal de que ‘Liverpool’ não é nem um pouco banal como parece.” Daniel Kasman, The Auteur’s Notebook

"Claro, o filme é precisamente fotografado com suas imagens frias do sudeste rural argentino, e mistificantes na forma como ele retém sua história, mas finalmente ‘Liverpool’ é um porre de se sobreviver e mais rico em retrospecto.” Anthony Kaufman, indieWIRE.

VERSAILLES, de Pierre Schoeller.

"A criança abandonada é um dispositivo dramático certeiro e é para crédito do roteirista-diretor Pierre Schoeller que ele o utiliza em ‘Versailles’ para explorar sentimentos reais ao invés de mero sentimentalismo. Charlie Chaplin fez melodramas a partir de material semelhante, mas Schoeller meramente quer observar um personagem forçado a se adaptar a um amor inesperado.” Kirk Honeycutt, The Hollywood Reporter.

“’Versailles’ é um retrato reflexivo e cumulativamente afetuoso de três párias sociais – incluindo-se aí uma criança pequena – em conjecturas críticas em suas vidas. Esta história de uma mãe solteira que abruptamente abandona seu filho aos cuidados de outro desabrigado que ela mal conhece é não-julgador como é descompromissado. Demonstrando de forma inteligente que numa terra de fartura, muitos têm praticamente nada, o filme está carregado da sutil ironia das vidas a nível de subsistência num subúrbio parisiense cujo próprio nome é sinônimo de opulência e riqueza.” Lisa Nesselson, Screen Daily.

"A melhor coisa de ‘Versailles’ é o que o conecta, do topo, ao que está se tornando uma obsessão para o jovem cinema francês. Você se lembra de uma época em que as pessoas diziam que todos os filmes franceses de estréia eram literalmente histórias de amor que se passavam em Paris, entre as paredes de um pequeno quarto de empregada? Aquela época veio e já está distante; os novos estúdios se encontram em Versailles, Boulogne, todos os ricos subúrbios a oeste de Paris. Quartos de empregada? Longe disso; agora nós iremos para a floresta, para as bordas das cidades, reconectarmos com o húmus de nossas origens. Discussões e brigas entre jovens adultos? Acorde! Nós, a juventude dos anos 2000, somos velhos antes de nossa época, atravancados pela maternidade ou paternidade. O roteiro para os anos futuros é fácil de se prever: é sobre infanticídio, abandono de crianças. A história contada em ‘Versailles’ será também contada por um bom número de filmes no outono 2008.” Emmanuel Burdeau, Cahiers du Cinema.

SURVEILLANCE, de Jennifer Lynch.

“Lynch filha estreou com uma esquisitice pouco memorável nos anos 90, Encaixotando Helena, mas agora aos 40 anos de idade parece ter amadurecido o suficiente para realizar um Filme B com razoável capacidade de estabelecer ansiedade. Difícil ignorar os tiques muito pessoais do seu pai, que tanto revelam um certo pedigree, como funcionam para atrair atenção para o filme em si como produto. David está presente em pequenos detalhes envolvendo o consumo de café e cigarros, agentes engravatados do FBI, amantes assassinos nas estradas americanas, imagens em vídeo que revelam detalhes escondidos e na presença de Bill Pullman (Lost Highway).” Kleber Mendonça Filho, Cinemascópio

"Quinze anos após a confusão assassina-de-carreiras que foi ‘Encaixotando Helena’, Jennifer Lynch ousa erguer sua cabeça para fora da toca mais uma vez . O excêntrico thriller ‘Surveillance’ não mostra nenhum impacto duradouro na sua auto-confiança ao misturar um coquetel lúrido de humor negérrimo e banho de sangue com um arrepiante reviravolta vinda do nada.” Allan Hunter, Screen Daily.

"Pense num ‘Rashomon’ encontra ‘O Massacre da Serra Elétrica’ em ‘Twin Peaks’ e dê bastante espaço para algumas interpretações improvisadas canastronas, e possivelmente você se encontrará na mesma sintonia distorcida desta parábola semi-cômica de anarquia social.” Richard Corliss, Time.

"Um thriller cheio de viradas com um comportamento desavergonhadamente malvado e um gosto quase teatral pelo excesso, o filme estrela Bill Pullman e Julia Ormond como dois agentes do FBI investigando um massacre nas planícies do Nebraska, onde devewm trabalhar ao lado dos policiais locais idiotizados e um grupo de testemunhas nem um pouco confiáveis.” Dennis Lim, The Los Angeles Times

"Com um alto quociente de escatologia e várias cenas de humilhação pervertida, o filme terá seus fãs mesmo se a reviravolta eventual não seja realmente surpreendente – e talvez não o seja de forma proposital.” Ray Bennett, The Holywood Reporter.

FRONTEIRS DE L'AUBE, de Philippe Garrel.

“Curioso ver reação de críticos estrangeiros diante do que de alguma forma deve ser visto como protótipo do “filme francês” por esses mesmos jornalistas. Num preto e branco lindíssimo como em Amantes Constantes fotografado por William Lubtchansky, o personagem de Louis Garrel, fotógrafo, atravessa o filme vivendo e discutindo uma relação amorosa com uma jovem estrela de cinema. Bem menor que Amantes Constantes (e com metade da duração), La frontière de l’aube está também longe da força e da estranheza de outros filmes de Garrel como A Cicatriz Interior ou Le Révélateur, mas tem sua beleza além da fotografia e dos corpos em questão. Conexão sutil e pouco importante, porém interessante, com Les chansons d’amour, de Cristophe Honoré.” Leonardo Sette, Filmes Polvo

“De fato, há uma virada nesta segunda parte que não vale a pena revelar aqui, mas que basta dizer que, por sua radicalidade (principalmente no aspecto visual, em que o filme de Garrel nos remete aos de Cocteau ou mesmo Meliés), fez com que a sessão de imprensa fosse tomada pelos apupos e risadas típicas de um público (mesmo ou principalmente o “especializado”) que considera que o cinema é o terreno apenas para determinadas “expressões artísticas”, sem qualquer generosidade para se relacionar com o que se propõe diferente, único. Mas, para quem ultrapasse esta barreira, logo fica claro que é exatamente esta virada o momento que interessa a Garrel em toda esta história, o momento que nos coloca em problema tudo aquilo que vínhamos assistindo até então.” Eduardo Valente, Revista Cinética

“Não foi muito feliz a sessão da prata da casa La Frontiere de L'Aube (A Fronteira da Alvorada), filme francês em competição de Phillippe Garrel (de Os Amantes Constantes) que passou para uma imprensa talvez já cansada do festival, e com o cinismo ligado em alta. As palmas pedindo para que a trama fosse concluída logo, gargalhadas em desdobramentos místicos e, finalmente, uma vaia digna de nota (com os aplausos de apoio indo contra) assinala o filme como sendo talvez o protótipo de um cinema largamente rejeitado por espectadores pragmáticos. La Frontiere de L'Aube seria, aliás, o "filme francês" por excelência, uma mística que marca um preconceito muito típico do espectador médio.” Kleber Mendonça Filho, Cinemascópio

“ ‘Frontiers de L’Aube’ é a história de um amor que fica tão fou que o mundo natural se tornal assunto para o sobrenatural. Definitivamente o filme mais acessível de Garrel que já vi, ainda assim é um desafio estranho, delirante, inrotulável. Existem planos na segunda metade deste filme que são mais assustadores do que qualquer coisa que eu tenha visto num filme de horror em anos recentes... e simultaneamente, incrivelmente emocionante na sua evocação de um amor que não morre. Ou, pelo menos, recusa a respeitar os limites tradicionais de vida e morte." Karina Longworth, SpoutBlog

" ‘Frontiers de L’Aube’ - o 28° longa do diretor tradicionalista Philippe Garrel – foi recebido com aplausos tumultuosos e assobios após sua exibição na mostra competitiva. Laureado em várias ocasioões no Festival de Veneza, o cineasta de 60 anos está em competição oficial em Cannes pela primeira vez, com um trabalho característico de sua oeuvre que poderia ser descrito como atemporal e anacrônico, ou até mesmo sugestivo e efêmero, dependendo de seu ponto de vista.” Fabien Lemercier, Cineuropa.

"Esforço honesto e inerentemente divisivo, deslumbrantemente fotografado em preto-e-branco, é uma das obras recentes mais fracas na carreira de quatro décadas de Philippe Garrel marcada por filmes de arte bravamente inconoclastas. O filho de Garrel, Louis, continua a encarnar sua geração, projetando uma atraente mistura de inquietude de cabelos desgrenhados com dúvida e angústia. Mas sua presença nesta história de amor episódica com tons sobrenaturais é insuficiente para superar a aura enternecedora mas estranhamente retrógrada.” Lisa Nesselson, Screen Daily.


"Tendo sido recentemente canonizado por alguns críticos e platéias por sua história de slackers passada em Maio de 68 ‘Amantes Constantes’ , o diretor Philippe Garrel pode ter que encarar excomungação por uma boa parte de seus seguidores casuais por ‘Frontiers de L’Aube’. Uma fatia risível de palavreado pretensioso, esta trama sobre um triângulo amoroso com um ângulo sobrenatural reforça a velha crença misógina e sádica de que as mulheres mais belas e desejadas são doidivanas auto-flagelantes.” Leslie Felperin, Variety.

ADORATION, de Atom Egoyan

"’Adoration’ de Atom Egoyan é uma bagunça fascinante. Mistura-se todo o tipo de questionamentos pós-11 de setembro – sobre a ética do terrorismo, a enganosa aparência externa, as formas como a tecnologia podem ao mesmo tempo permitir o diálogo e ocultar a verdade – num miasma um tanto Egoyanesco de cronologia elegantemente fraturada e idéias provocantes, este ambicioso filme reflexivo finalmente sufoca suas boas intenções em revelações didáticas, seu pleitear sincero e a incessante música de violino.” Justin Chang, Variety.

"Após o fracasso na tentativa de fazer cinema convencional e comercialmente viável com ‘Where The Truth Lies’ , o auteur candense Egoyan retorna ao seu estilo-assinatura com ‘Adoration’. A câmera desliza a um ritmo tranqüilo quase perfeito. Ele mistura uma trilha-sonora rica (composições excelentes e melancólicas de Mychael Danna) com excelentes bridges sonoras e diálogos perspicazes e pontuais. E mais uma vez ele se move graciosamente por tramas das mais variadas. Infelizmente, as histórias aqui são fracas, desncessariamente complicadas e crípticas; algumas seções são difíceis de acompanhar, até mesmo irritantes em sua ciência de si mesmas.” Howard Feinstein, Screen Daily.

"O notável novo filme de Atom Egoyan, ‘Adoration’, é uma meditação assombrosa sobre a natureza da sabedoria recebida e como ela pode perverter indivíduos, prejudicar famílias e até mesmo ameaçar a sociedade.Filmado em película utilizada de forma encantadora, mas vividamente empregando imagens da internet e de telefones celulares, é um exame do poder que idéias falsas podem ter na imaginação e na crença das pessoas quando são repetidas várias e várias vezes.” Ray Bennett, The Hollywood Reporter.

AQUELE QUERIDO MÊS DE AGOSTO, de Miguel Gomes

“Cannes não poderia ser um lugar pior para redizer uma evidência da época: não existe mais hierarquia no cinema. O documentário e a ficção se dão as mãos. Os filmes caseiros são as superproduções do dia. ‘Aquele Querido Mês de Agosto’ é o vídeo de férias e comédia musical hollywwodiana. O novo Raya Martin (Quinzaine) dura quatro horas e quarenta, rivalisando assim o ‘Che’ de Soderbergh. Ferrara se tornou um cineasta tão marginal e solitário do que Costa, que ama comparar a si mesmo com Tarantino. Este é o momento oportuno de declarar: os jogos estão abertos.” Emmanuel Burdeau, Cahiers du Cinema

“Se Lucrecia Martel nos leva a novos caminhos na carreira dela, o novo filme do português Miguel Gomes é o primeiro em Cannes cujo efeito eu realmente possa caracterizar como uma surpresa completa [...] Por enquanto basta dizer que poucos filmes mostram uma alegria tão grande frente ao ato de filmar o mundo, ao mesmo tempo que usa de uma ironia inteligentíssima que nunca torna essa alegria algo “bobo alegre”, pelo contrário, ela parece se pensar e repensar inúmeras vezes. A falsidade de uma verdade e a verdade de uma falsidade – é disso que se faz o cinema de Miguel Gomes. Tomara que algum festival o leve ao Brasil.” Eduardo Valente, Revista Cinética

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  Bernardo Krivochein    sexta-feira, maio 23, 2008    0 comentários
 
 
ZUMBIDOS DE CANNES 2008 - PARTE 3

Still de "Che" de Steven Soderbergh


CHE, de Steven Soderbergh

"Seja um filme ou dois, “Che” claramente não está terminado. O filme foi exibido aqui sem créditos de abertura ou de encerramento, apenas alguns intertítulos digitais rústicos (“NOVA YORK 1964”) que tinham o aspecto de ter sido colocados no filme apenas uma hora antes da exibição. Como com em qualquer filme neste Ano das Emoções Confusas em Cannes, as reações ao filme eram as mais diversas possíveis; ninguém no grupo de críticos com quem jantei estava completamente seguro sobre o que ele ou ela achou.

A versão de Cannnes de “Che”, provavelmente um filme que ninguém nunca mais verá, é uma confusão grande, dispersa e ambiciosa. É menos uma bagunçada grande ópera dop que uma máquina belamente construída cujas peças não funcionam lá muito bem juntas. Não me entediei, nas suas mais de quatro horas. Independente se acaba se tornando um grande filme (ou filmes), isto está a milhas e milhas de distância daquilo que imaginava ser Soderbergh capaz de criar a aprtir deste material.” Andrew O’Hehir, Salon

"Haverá debates sobre as políticas do filme; dicutir-se-á se os filmes têm ou não algum núcleo emocional. Discutir-se-á se Benicio Del Toro merece uma indicação ao prêmio de Melhor Ator por sua interpretação de Guevara, ou se o retrato de Che por Steven Soderbergh é muito monótono para nos envolver; Posso facilmente imaginar debates sobre o som e a imagem do filme capturados em digital de alta-definição com todo o artesanato e cuidado que Soderbergh normalmente emprega ao filmar em película. Não posso prever como todas essas perguntas e possibilidades se desenrolarão, mas o que posso dizer – e direi – que raro prazer é ter um filme (ou filmes) nesta nossa era obcecada por números de bilheteria, filmes-evento, iscas de Oscar, que vale a pena se debater em tantos níveis.” - James Rocchi, Cinematical.

"Nos 20 anos desde que ganhou a Palma de Ouro por “sexo, mentiras e videotape”, Steven Soderbergh já caminhou por diferentes caminhos desde a experimentação demente de “Schizopolis” e a homenagem estéril aos anos 40 em “The Good German” até diversas ofertas de Danny Ocean e seus alegres companheiros para aumentar sua credibilidade comercial. É difícil imaginar outro diretor americano de sua geração com a coragem e a habilidade de realizar um retrato de cinco horas em dois filmes sobre o ícone revolucionário Ernesto Che Guevara. Sua abordagem comedida rejeita gestos grandiosos de apelo fácil aos espectadores ou qualquer tentativa de adotar o arrebatamento de um épico de David Lean. Ao invés disso, ele criou uma maratona envolvente e reflexiva na qual o foco está firmemente sobre as personalidades e os argumentos políticos que forjaram os ideais revolucionários dos anos 50 e 60 [...] Este é basicamente um filme de idéias.” Allan Hunter, Screen Daily.

"Se o diretor saiu de seu lugar comum para evitar as típicas convenções biográficas hollywoodianas, ele também se absteve de sugerir a mínima razão pela qual o carismático médico, combatente, diplomata, jornalista e teórico intelectual se tornou e permanece tamanha figura lendária; sobretudo, Che parece menor pela forma como é aqui retratado. “Che” é uma aposta demasiado grande para se fazer passar como um experimento cinematográfico, pois precisa respeitar expectativas altas, tanto comercialmente quanto artisticamente. A duração exigente também força comparações com trabalhos tão raros quanto “Lawrence da Arábia”, “Reds” e outros épicos biográfico-históricos. “Che” não parece épico – apenas longo.” Todd McCarthy, Variety.

"O Festival de Cannes agora ganhou um candidato a altura para a Palma de Ouro [...] “Che” é um cinema viril e musculoso, com uma performance carismática de Benicio Del Toro no papel principal. Talvez este seja visto futuramente como a irregular obra-prima do diretor: comovente, mas estruturalmente fraturada – a segunda metade é bem mais clara e firme do que a primeira – e às vezes reticente de forma frustrante, incapaz de tentar qualquer insight do mundo interior de Che. Somente vemos o homem público, o comandante lendário, desafiador até o último momento.” Peter Bradshaw, The Guardian

“Este é o filme mais vanguardista de Soderbergh, e apesar de haver séria necessidade de ser remontado – a primeira metade, em particular, joga uma quantidade enorme de informações não-cronológicas no colo do espectador - a versão de Cannes merece ser preservada; cortar o filme diminuiria a obsessão de Soderbergh pelo material. É uma crítica justa que o filme omite, entre outras coisas, as injustiças vbrutais cometidas por Che no governo de Castro, mesmo se elas não fazem parte do período abordado pelo filme. A fonte do interesse de Soderbergh parece estar exclusivamente nas porcas e parafusos da revolução guerrilheira – educação dos civis, recrutamento de soldados, procura de comida, cozimento de um porco e por aí vai. Se o foco tão impiedoso em aparente minúcia pode ser às vezes alienante, é também o que faz do filme tamanho alvo de atenção.” Ben Kenigsberg, Time Out Chicago

“A duração não é o problema deste trabalho honorável e amaldiçoado; é que tantas cenas sejam repetições de outras anteriores. Mas o maior fardo recai sobre sua estrela, que como um dos produtores nutriu o projeto por quase uma década. E Del Toro – cujo método de atuação normalmente parte do exagerado e levanta vôo dali mesmo, feito um pára-pente saltando do alto de um arranha-céu – está comportado, apresentando poucas revelações emocionais, aparentemente sedado aqui. Exceto por um excitante confronto na ONU entre Guevara e os embaixadores de outros países da América Latina, Che é definido menos por suas habilidades rigorosas de combate do que por sua asma." Richard Corliss, Time

JOHNNY MAD DOG, de Jean-Stéphane Sauvaire

“O Cinema está constantemente inventando novas maneiras de nos dizer que a guerra é um inferno, mas poucos filmes recentes exploraram os extremos deste inferno tão vividamente ou intrepidamente do que o drama africano de Jean-Stéphane Sauvaire, ‘Johnny Mad Dog’. Performances avassaladoras de desconhecidos, muitos deles soldados mirins reais, mais um estilo conforntacional de direção fazem deste filme uma das estréias mais impressionantes do cinema ficcional francês... Há uma espécie de horror do tipo ‘O Senhor das Moscas’ na sugestão que estas ainda são crianças brincando da maneira mais mortal possível, seus gritos de batalha sugerindo um festival de pesadelo.” Johnathan Romney, Screen Daily.

"O drama brutal franco-belga-liberiano “Johnny Mad Dog”, uma ficção alarmante sobre soldados mirins liberianos realizado com meninos e meninas que de fato lutaram na recente guerra do país, me deixou balançado – furioso, confuso, imerso em pensamentos. Integrante de uma das gangues auto-denominadas ‘negociadores da morte’, Mad Dog devassa os subúrvios de seu país, espalhando terror e morte a tiros de metralhadora – a homens, mulheres e outras crianças – em nome da revolução. A revolução de quem? O filme não diz... Sem contexto, informação ou explicação, o filme o mergulha em terror – e para quais fins?” Manohla Dargis, The New York Times.

“Seqüestro em sua forma mais vil ao que crianças armadas na Libéria comandam outras crianças a juntarem-se a sua tropa. Ficção baseada num fato inacreditável, ‘Johnny Mad Dog’ narra as atrocidades de uma guerra civil ainda em processo naquela nação do oeste africano. Apesar de ser difícil de assistir, trata-se de documento importante que deve alarmar as sensibilidades no circuito de festivais." Duane Byrge, The Hollywood Reporter.

DELTA, de Kornel Mundruczo

“Delta é mais uma dessas tragédias pessoal-familiares filmadas por estes diretores-demiurgos que parecem querer oprimir o espectador com a beleza de suas escolhas frente a miséria dos seus personagens (algo que, ao menos, Alonso passa longe de fazer). Mesma cartilha (planos longos, enquadramentos “inesperados”, quase silêncio, mundo estranho em frente a câmera), levando ao mesmo resultado adiado, mas desde sempre antecipado (final sem qualquer esperança). Um exercício em futilidade de autor – ou talvez seja só a minha opinião.” Eduardo Valente, Revista Cinética

"'Um típico filme de arte de festival.' Esta foi a opinião de um amigo meu após a cabine de imprensa de terça-feira de ‘Delta’, filme em competição do diretor húngaro Kornel Mundruczo. O filme de festival – lento, difícil, formalmente austéro – pode ser um antídoto bem-vindo aos filmes acessíveis e acelerados que triunfam na esfera do cinema comercial. Mas vale lembrar – e ‘Delta’ é sequer um filme neste festival a me relembrar disto – que filmes de arte, eles também, são suscetíveis a fórmula e clichês.” A.O. Scott, The New York Times.

“Cinco anos antes de iniciar o projeto e 18 meses antes de começar a filmá-lo, com um trágico acidente no meio que quase afundou toda a produção (a morte do ator principal Lajos Bertok, a quem o filme é dedicado), Komel Mundruczo está novamente de pé com seu trabalho mais maduro e redondo até agora. Os temas aos quais ele era associado no passado estão agora integrados num mundo perfeitamente coerente e parece que ele encontrou sua voz particular e um estilo no qual ele está mais confortável, fatos atestados pelo prêmio de Melhor Filme e o prêmio Gene Moskovitz oferecido pela imprensa estrangeira, recebidos por ele na Hungarian Film Week.” Dan Fainaru, Screen Daily.

"Deslumbrante de uma perspectiva estética, o filme é bem-sucedido em cativar os espectadores apesar de sua trama e diálogos minimalistas. Esta conquista impressionante é graças ao carisma dos dois atores principais (orsi Toth e o estreante Lajko Felix, um famoso violionista e compositor da excelente trilha de ‘Delta’) e um aguçado senso de direção. Uma ode a beleza da natureza selvagem filmado no Delta do Danúbio na Romênia, o filme – co-escrito pelo diretor e por Yvette Biro – é livremente adaptado de ‘Hamlet’ de Shakespeare e ‘Electra’ de Eurípedes. Retornando à seu vilarejo natal após uma longa ausência, um homem sem nome contrói uma casa no meio do nada, auxiliado por sua meia-irmã a quem acaba de conhecer e ignorada por sua mãe e padrasto. O resultado final é tão fascinante e estonteante quanto é descompromissado, especialmente devido ao seu final brutal, tão chocante quanto a lâmina que desce.” Fabien Lemercier, Cineuropa.

LOS BASTARDOS, de Amat Escalante


"Assim como em sua estréia, ‘Sangre’, ‘Los Bastardos’ é mais um filme de protesto do mexicano Amat Escalante, que acusa o mundo industrializado, em especial os EUA, por seu tratamento aos imigrantes ilegais e às tragédias que eventualmente provoca. Os argumentos de Escalante são válidos e o clímax aterrorizante do filme chocará a platéia de sua complacência, mas o estilo do filme – com seu primeiro plano estático até seu final desenhado – o localiza firmemente dentro do nicho de cinema de arte.” Dan Fainaru, Screen Daily.

"Um filme de arte niilista marcado por planos estáticos tão na moda, diálogos minimalistas banais, ritmo glacial e ultra-violência, ‘Los Bastardos’ atrairá o apoio dos suspeitos de sempre dentro da comunidade crítica. Desd os corajosos créditos de abertura, a simplicidade de seus conceitos, o refinamento despido de seu enquadramento widescreen e sua mixagem sonora rica, está claro que Escalante possui um talento forte. O que faz dele é outra história.” Todd McCarthy, Variety.

“À medida em que Escalante sutilmente desenha as frustrações diárias destes homens empobrecidos e deseducados, longe de suas famílias, junto com o trabalho extenuante e mal remunerado que realizam e as provocações étnicas que toleram, uma esperança lentamente surge no espectador de que este venha a ser um filme bastante especial. No entanto, Escalante perversamente escolhe afundar esta esperança ao repentinamente mudar a direção do filme com uma reviravolta bastante mal-feita.” Peter Brunette, The Hollywood Reporter.

"’Los Bastardos’ é adoravelmente pedante. Intencionalmente discordante e desconfortável, até mesmo a cena inicial parece um teste de ousadia – literalmente por sete minutos, nós assistimos dois homens (que virão a ser os astros do filme) passando de pequenos pontos no horizonte a metros de distância, caminhando em nossa direção sobre uma longa passagem acimentada em quase silêncio absoluto. No começo, mal o vemos. É uma maneira tremendamente entediante de se iniciar um filme. A maioria dos filmes tentam envolver a platéia logo nos primeiros minutos, mas ‘Los Bastardos’ ousa o bastante para mandar a seguinte mensagem: ‘nós faremos da nossa maneira – então aguente.” Charlie Prince, Cinema Strikes Back.
(via GreenCine)
  Bernardo Krivochein    quinta-feira, maio 22, 2008    0 comentários
 
 


Seu nome é ©Murakami. He is Big! E vende Louis Vuitton dentro do Museu



O japonês Takashi Murakami, 46 anos, comumente chamado de Andy Warhol japonês, levou suas esculturas gigantes para o Museu do Brooklyn em Nova York e tem causado furor com sua arrogante e luxuosa loja da Louis Vuitton montada dentro da sua exposição.



Murakami ficou conhecido nos anos 90 com sua teoria chamada Superflat, um manifesto pós-moderno que colocava em níveis iguais arte, design e a cultura pop, misturando assim padrões da "high" arte, influenciado pelo mangá e pelos animés. Satirizava de leve o vazio da cultura de consumo japonesa. Mas como bom artista japonês que é, Murakami pensava na produção coletiva (não porque se inspirava em Warhol mas por refletir a sua cultura no qual o individualismo é um elemento estranho) e criou um centro de criação chamado KaiKai Kiki - querendo dizer bizarro e elegante.

O Kaikai Kiki atual emprega 100 artistas, animadores, escritores e artesãos com escritório no Japão e dois estúdios nos subúrbios de Tóquio, e um em Long Island no Queens. Ou seja, um big e bem sucedido business no mundo "pós pop" da arte. Alguém já trabalhou lá?(rs)

11 caminhões transportaram da costa leste dos EUA, onde abriu sua exposição ©Murakami, para o Brooklyn, com 90 obras, espalhadas em 18.500 metros quadrados: pinturas, esculturas gigantescas e super coloridas, papel de parede, e um filme de animação de 20 minutos. Seus personagens mais famosos também estão lá Mr. DoB e Mr. Pointy, criaturas de cartoon. Veja as fotos da montagem aqui e fotos da exposiçãoaqui


Mas a vedete da expo é sem dúvida a Loja LV. Com bolsas costumizadas de 1.100 a 2.000 dólares, pochetes para celular por 200 dólares. Algumas peças são exclusivas e foram criadas por ele para a exposição e custam uma média de 6.000 dólares e tem edição limitada.

Murakami está assim questionando as fronteiras entre comércio e arte, e dando continuidade ao seu pensamento Superflat fatura alto, porque apesar da arte ser um bom negócio para muitos nunca o foi de maneira tão explícita e arrojada. Para ele todas as peças são extensão da sua arte. Nem Warhol talvez teria esta coragem.

Falando em Arte e Japão...

Imperdível a exposição Quando Vidas se Tornam Forma: Diálogo com o Futuro BRasil-Japão no MAM- SP. A curadoria de Yuko Hasegawa relaciona no mesmo espaço artistas japoneses e brasileiros de uma maneira muito esperta e única. A exposição é viva, alegre e faz relações que você jamais imaginaria, transportando o Brasil e o Japão para lugares bem próximos, num outro território que se chama criação artística. Dispensável apenas a parte em que a MODA entra na exposição através dos trabalhos de Jum Nakao, Isabela Capeto e Issey Miyake. Ao contrário da loja de Murakami, é apenas uma constatação de que o designer é uma espécie de artista, criador, Ok, mas com aquilo que está lá faltou convencimento, impacto.

A melhor constatação é mesmo que artistas tão díspares como Lygia Clark, Leonilson, Mira Schendel, Oiticica, Cildo Meirelles podem sim ter correspondentes, talvez menos ruidosos ou menos intensamente modernos, no Japão.
  Francesca Azzi    quinta-feira, maio 15, 2008    2 comentários
 
 
ZUMBIDOS DE CANNES - PARTE 2

Still de "Four Nights With Anna" de Jerzy Skolimowski

LEONERA, de Pablo Trapero - Competição Oficial

"Eu sei que, de um tempo para cá, alguns colegas e amigos críticos no Brasil estão trabalhando duro para desativar essa noção até certo ponto benevolente para com o cinema argentino, Trapero, inclusive, tornou-se incrivelmente "uncool" depois do seu, de qualquer forma, muito agradável e verdadeiro Família Rodante. Mesmo assim, eu não consigo olhar para um Leonera com desprezo, especialmente se compará-lo à nossa média nacional que, para mim, permanece (na ficção/longa, claro), com as obrigatórias raras exceções, das mais lamentáveis." - Kléber Mendonça Filho, Cinemascópio

Este movimento de juntar em cima de Pablo Trapero e descer o malho, traduza-se, é coisa da Contracampo e já vem de longa data (eles têm esse costume de sempre escolher um para Judas da temporada). Não que eu me importe muito com o mais recente apadrinhado do Walter Salles: eu, ainda na minha versão mais ingênua e menos desenvolvida do que a de hoje, já havia me importado muito pouco com "La Bonaerense", enquanto a "Família Rodante" me pareceu algo que o Jayme Monjardim dirgiria em sue momento de maior entusiasmo ufanista. Mas até aí, dispensar o cinema argentino como um todo é uma imbecilidade sem tamanho, até porque basta um Lisandro Alonso para expiar quaisquer pecados de toda uma cinematografia, ao que, concordando com Mendonça, o cinema brasileiro, por melhores que sejam os nomes, ainda carece de criar um autor de peso nesta retomada (o que não deveria ser um desafio tão grande, porque, muito bizarramente, os projetos com maior facilidade de serem aprovados para os auxílios de produção são os de autor, sem ter o apelo comercial como uma das preocupações principais).

O filme em questão é "Leonera" de Trapero, que já na largada conquistou não apenas Mendonça, como a maioria dos críticos:

"Rodado em tela larga e a câmera na mão típica de filmes intimistas, Leonera tem os cacoetes de uma produção latina realista, preciso na sua vontade de mostrar o amadurecimento de uma garota que ainda tenta entender o que fez, e porque está ali, com o filho que, até os quatro anos de idade, cresce na prisão. Sem ser particularmente excelente, tocante ou diferenciado, Trapero (El Bonaerense) fez, de qualquer forma, uma crônica segura não só nas atuações, mas também na ambientação que nos diz algumas coisas sobre o processo de justiça e detenção num país latino." - Kléber Mendonça Filho, Cinemascópio

"'Leonera' não se entrega somente a uma “captação do mundo”: ele o constrói, com considerável parte do seu trabalho se dando no roteiro/montagem e no desenvolvimento dos personagens. E é desta maneira que Trapero nos conduz por quatro anos de vida da personagem de uma forma sutil em que quase não percebemos o quanto de informação nos vai sendo dado, construindo uma tensão crescente que é dominada pelo filme tão bem quanto sua disposição a olhar o mundo à sua frente. Um belíssimo filme, o melhor de Trapero até agora." - Eduardo Valente, Revista Cinética

"'Leonera' é belamente filmado e interpretado, constantemente surpreendente e completamente focado na luta de Julia de conseguir sobreviver de um momento, ou de um dia, até o outro ao invés de se apoiar num arco narrativo fomulaico. Trata-se de uma história tremendamente envolvente sobre uma mulher que é traumatizada, irada, bela e indomável, que ama seu filho e que se mantém um mistério até o fim, para nós e para ela mesma." - Andrew O'Hehir, Salon.com

"O filme aborda vários anos de sua vida, narrando seu aprendizado das políticas particulares da prisão, o forte elo que desenvolve com seu filho, suas relaçòes fragéis com sua mãe rica (Elli Medeiros) e mais. A performance de Martina Gusman é o que a maioria dos críticos chamaria de uma "usina de força" (a não ser que alguém esteja querendo me sacanear, ela estava realmente grávida durante o períodos das filmagens em que seu personagem também estava) e a direção de Pablo Trapero é o que se chamaria de 'notavelmente segura'." - Glenn Kenny (ex-Premiere)

WALTZ WITH BASHIR, de Ari Folman - Competição Oficial

A primeira polêmica de Cannes não foi tão grande assim, porque já vinha há muito tempo anunciada: o documentário "Waltz With Bashir" utiliza rotoscopia - a técnica de animação utilizada mais notoriamente por Richard Linklater em "A Scanner Darkly" e "Waking Life" - para recontar a partir de uma perspectiva pessoal a incursão israelense ao Líbano em 1982, culminando com o massacre dos campos de refugiados de Sabra e Shatila. Extremamanete aguardado, o filme causou reações espetaculares na mídia escrita, como poderemos constatar abaixo:

"Aposta ganha. Se a ficção apreende o estado de espírito no qual um soldado se encontra (sobre um assunto semelhante, pensemos no recente e impressionante "Beaufort"), a animação se revela um desvio judicioso, ao passo que simultaneamente instala uma distância e aproxima o espectador muito mais das sensações. Não distante de um tratamento psicanalítico, "Waltz With Bashir" (deixaremo-no descobrir a explicação do título, uma das mais belas seqüências do filme) se apresenta também como uma viagem pela memória de um Ari através de todos os seus estados: fantasmas, pesadelos, alucinações, lembranças alegres ou enlouquecidas... A guerra, nos diz o filme, não deixa cicatrizes na carne, mas também na mente. Da mesma maneira que a força de 'Persépolis' residia (entre outras) no seu lado 'auto-retrato de uma jovem insolente', 'Waltz with Bashir' apaixona e comove por sua dimensão eminentemente pessoal (Ari lembra-se dos combates, mas também do dia em que levou um pé na bunda de sua namorada, dos discos do OMD ou do PIL que escutava...). Evidentemente, nós estamos curiosos para saber o que Marjane Satrapi pensará de tudo isto, ela que está confinada ao júri este ano..."- JD, Allocine


"O filme no qual nós pensamos mais durante a sessão de 'Waltz with Bashir' - escreva a Renzi, ele confirmará - é 'Redacted' de Brian DePalma. E isto bem antes que uma última seqüência 'autenticamente documental' venha assinar essa proximidade preto no branco. Pois os dois filmes compartilham uma mesma retórica: a partir do momento em que as imagens são (re)passadas no mundo, correndo sob a pele como pelos recantos do cérebro, tudo pode pretender ao documentário. O remake de um vídeo postado na Internet como um desenho animado. Uma declaração como a reinvenção 100% fabricada desta mesma declaração. Somente importa a verdade das vozes: aquela dos soldados brutos de De Palma, como aquela dos adolescentes desgastados de Folman (o hebreu, língua rude, jamais foi assim tão bela)" - Emmanuel Burdeau, Cahiers du Cinema

"Vou me arriscar e dier que não me surpreenderia de ver 'Waltz with Bashir' aparecer na programação de Telluride em setembro, e ainda menos de vê-lo indicado ao Oscar em janeiro. Folman fez um filme lindo, perturbador e profundamente comovente que documenta os horrores dos quais ele e seus amigos foram testemunhas, enquanto oferece esperança de que ele e outros possam se curar, um dia, das devastações da guerra. Enquanto é exagero esperar que este ou outro filme possam ter um impacto no mundo real, filmes como 'Waltz with Bashir' nos oferecem a oportunidade de aprender sobre, e a partir da própria, história. Se aqueles que não conhecem a história estão condenados a repeti-la, talvez aqueles que aprendam possam eventualmente construir um mundo no qual tais atrocidades não existam mais." - Kim Voynar, Cinematical

(Com Sean Penn encabeçando o júri e mais esta resenha, adivinha qual filme acabou de ganhar a Palma de Ouro?)

"As fraquezas esporádicas da animação são facilmente superadas por seu espírito aventureiro cinematográfico, com a câmera fazendo travellings selvagens e zooms impossíveis através de seu mundo desenhado. Mais do que os eventos monstruoso que são testemunhados e encerram o filme em detalhes até reais demais, os momentos de leveza e de beleza eletrizante e deslocada ressoam de forma assombrosa a forma como as coisas são perma-fundidas em sua memória, claras e vívidas como o presente corrente. É uma descrição espantosamente boa da memória sensorial, ao mesmo tempo um filme adorável e inquietante no todo, um que toma as direções que você menos esperaria neste campo superpopulado de documentários sobre atrocidades." - Alison Willmore, IFC

"Estilisticamente, o filme tem a intensidade leve e desnorteante de 'Waking Life' de Richard Linklater, enquanto circula ao redor de seu horror central da mesma forma questionadora e mercúria adotada por Kurt Vonnegut em 'Matadouro Cinco'. 'Walts with Bashir' é um filme extraordinário, chocante, provocador. Nós saímos da sessão num transe."- Xan Brooks, The Guardian

"É exatamente por lidar com essa construção de um mundo que lida tanto com realidade quanto com projeção e sonho que Waltz with Bashir se justifica plenamente na sua forma animada, que parece tratar a realidade como um índice mais do que como um dado de fato. O que ele investiga mostrar, então, é menos o que se deu no chamado massacre das colônias de Sabra a Shatila, mas de que forma quem lá esteve, do lado israelense, retém este fato consigo. Neste sentido, por mais estranho que possa parecer às vezes a maneira de filmar os entrevistados através da animação semi-rotoscópica, o efeito a longo prazo tem um tanto de mistura entre fato e construção que servem muito bem ao filme." - Eduardo Valente, Revista Cinética.

"É um trabalho muito, muito forte - enquanto apoiar-se nas animações em Flash dão aos visuais um aspecto desnecessariamente barato, o trabalho de narração (na maioria dos casos, narrados pelos verdadeiros colegas de exército de Folman) lentamente aproxoima a platéia ao evento até que os momentos impressionantes do final quase entram em erupção na tela. 'Waltz with Bashir' é um filme anti-guerra, mas também é sobre o que realmente se passa entre amigos e sobre a culpa que pode vir de permitir uma atrocidade ao invés de cometê-la." Ty Burr, Boston.com

HUNGER de Steven McQueen - Un Certain Regard

"Este é um sensacional filme de estréia, destemido e íntegro, mais corajoso do que qualquer filme a sair do Reino Unido em muito tempo. O filme toma um pedaço da história britânica recente que periga ser esquecida por aqueles com menos de 30 anos e a faz se tornar visceralmente, desesperadamente viva. Ele obriga o espectador a mergulhar de cabeça no mundo das revoltas penitenciárias nos H-Blocks ocorridas no começo da década de 1980 e do prisioneiro republicano Bobby Sands (interpretado cokm formidável força por Michael Fassbender), que morreu após 66 dias de uma greve de fome." - Sudhev Sandu, The Telegraph

"'Hunger' de Steve McQueen, que foca na morte de Bobby Sands após 66 dias sem comida, motivou tanto aplausos quanto debandadas ao estrear hoje, abrindo a prestigiada seção Un Certain Regard do festival. Apesar do filme ser equilibrado, seguindo a vida de tantos prisioneiros e guardas de forma não julgadora, sem dúvidas ele suscitará memórias amargas de um dos momentos mais sombrios da história recente da Inglaterra e da Irlanda do Norte. " - Charlotte Higggins, The Guardian

"Uma aula de história com ressonâncias obviamente contemporâneas na assim denominada guerra anti-terror... McQueen converge a infernal situação com a compostura de um examinador forense... Se Loach é o nome óbvio que surge à mente, McQueen também tem um elemento de Terence Davies na intensidade perene que traz para utilizar em algumas de suas composições mais comunicativas." - Allan Hunter, Screen Daily

"Um début poderoso e pertinente, mas não inteiramente perfeito para o artista-plástico-tornado-cineasta Steve McQueen, que demonstra um toque de pintor com as composições e com verdadeiro flair cinematográfico, mas que tropeça nos simbolismos baratos na última parte do filme." - Leslie Felperin, Variety

FOUR NIGHTS WITH ANNA, de Jerzy Skolimowski - Quinzena dos Realizadores

Este é um dos grandes eventos não celebrados na Croisette: o primeiro filme do polonês Jerzy Skolimowski em 17 anos, abrindo a Quinzena dos Realizadores. Skolimowski praticamente inaugurou os planos-seqüência lânguidos que hoje são cultuados ao serem emulados por Bela Tarr e Gus Van Sant com o seminal "Walkower" (um dos grandes filmes já feitos). Você o conhece provavelmente sem nem sabê-lo, já que Skolmowski interpretou o tio de Naomi Watts que leva um sumiço do mafioso Mortensen em "Eastern Promises" de David Cronenberg.

"O filme marca o retorno do mestre polonês após uma ausência de 17 anos e um retorno à sua terra natal após 60 anos. O diretor certamente não perdeu seu gosto pelo bizarro. Pois León conversa com o túmulo de sua mãe e Anna, a mulher que ama, não sabe nada sobre suas visitas noturnas que este enigmático homem faz à casa dela. [...] Habilidosamente intermeando um mistério sinistro, o cineasta delinea o desenvolvimento desta obsessão voyeurística, que envolve espionagem, a preparação de soníferos para ser deixado em paz e incursões ao quarto de Anna. Skolimowski explica: "Minha intenção era explorar os aspectos racionais deste comportamento aparentemente irracional e psicótico." - Fabien Lemercier, Cineuropa

"Conduzido com absoluta segurança desde o início, mas ainda permeado com momentos de humor negro que vagamente relembram seus trabalhos mais juvenis e rebeldes, o filme possui quase a mesma sensação metafísica e o controle de uma história do Decálogo de Krzysztof Kieslowski e se torna ainda mais impressionante por ter vindo de um diretor que acaabou de fazer 70 anos e ficou ausente da profissão por quase duas décadas." - Derek Elley, Variety

"O pequeno filme é acidamente engraçado, bastante triste e belamente controlado - o conto voyeurístico de um auxiliar de hospital que droga o chá noturno de sua enfermeira favorita apenas para que ele a possa observar enquanto dorme. Assustador, sim, mas o filme provoca o pathos e até mesmo a nobreza deste homem desprezível." - Ty Burr, Boston.com

Já é favorito? Por aqui, sim.
  Bernardo Krivochein    quinta-feira, maio 15, 2008    0 comentários
 
 
ZUMBIDOS DE CANNES 2008


ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA (Blindness): Filme de Abertura

Em quem acreditar? Primeiro, a reportagem de Rodrigo Fonseca para O Globo:


A citação entusiasmada da imprensa estrangeira, em típica moda deste particular crítico-jornalista, surge na reportagem novamente sem sua fonte de origem. É provavelmente a mesma imprensa estrangeira que, segundo o mesmo Fonseca, havia declarado que a atuação de Bruce Willis em "Nação Fast Food" era a melhor de toda a sua carreira, mesmo que na imprensa estrangeira, sob a pesquisa mais escrota, o leitor não encontrará o menor vestígio de um elogio sequer parecido. Engraçado é que todas as vezes que ele quer glorificar algo, ele puxa a carta da "a imprensa estrangeira é que falou" para tentar adquirir mais respeitabilidade. Fonseca prossegue:

"Gelida à primeira vista, a recepção da imprensa a “Ensaio sobre a cegueira” começa a esquentar pouco a pouco na Croisette. O filme, exibido na manhã, como atração de abertura para o 61º Festival de Cannes, e, de longe, o trabalho mais lúcido e coeso esteticamente da carreira do diretor de “Cidade de Deus”. A partir do romance homônimo de José Saramago, centrado em uma misteriosa epidemia que cega suas vítimas, Meirelles construiu uma especie de thriller moral sobre a falência dos valores éticos no processo civilizatorio.“Eletrizante” seria um adjetivo equivocado para qualificar as sequências em que um grupo de pessoas sem visão tenta agarrar Julianne Moore para tirar dela sacolas de comida. “Assombroso” seria um termo mais adequado a um filme que foge do sensacionalismo."

"No papel de Homem da Venda Preta, incumbido de narrar o longa, Danny Glover [...]tem uma atuação impecável sob a direção de Meirelles."

Então por que não recorrer a tal imprensa estrangeira e verificar as derradeiras reações? Decerto, encontramos reações entusiasmadas, mas o consenso geral é bem menos deslumbrado como Fonseca sugere.
"Duas ou três pessoas aplaudiram ao final da cabine de imprensa. A recepção na conferência de imprensa foi silenciosa. O filme, temo, será geralmente [tratado com indiferença] quando estrear e as platéias quase que certamente passarão longe. Eu respeitei 'Ensaio Sobre a Cegueira' -- eu certamente concordei com o que ele quis dizer -- mas não me excitou nem um pouco. Filmes de abertura em grandes festivais são normalmente decepcionantes neste ou naquele nível -- sem graça, ruinzinhos, mais ou menos. Sinto-me mal por estar disendo isto tendo idolatrado 'Cidade de Deus' e muito admirado 'O Jardineiro Fiel'. Mas a verdade é que 'Ensaio Sobre a Cegueira' é somente um pouco mais do que uma decepção." - Jeffrey Wells, Hollywood Elsewhere

(nota: ainda que se faça bastante informativo o texto de Jeffrey Wells, notemos que sua escrita patrocina esta filosofia furada da crítica cinematográfica que se acha capaz de prever o sucesso e o fracasso do filme em fundamentos puramente subjetivos, rendendo à prática crítica esta impressão pública de ser historicamente uma má apostadora, algo que todos deveríamos nos afastar o mais rápido possível, enquanto escritores e leitores)

"A abertura de gala deste ano não nos faz sentir melhor sobre nosso lugar no mundo. 'Ensaio Sobre a Cegueira' pode muito bem ser o filme de abertura mais soturno da história do festival, uma parábola arrepiante sobre o apocalipse, dirigida pelo cineasta brasileiro Fernando Meirelles e tão impressionante ao seu modo como foi o seu sucesso 'Cidade de Deus'.

[...] É um trabalho devastador - um retrato frio de uma pane social que sobretudo mostra como a catástrofe pode inspirar o melhor nas pessoas assim como o pior. Eu dispensaria a narração sábia e suspirada de Danny Glover em cima de cada momento silencioso qualquer, mas de qualquer forma, o filme acerta na mosca." - Xan Brooks, The Guardian

"Adaptando o romance do vencedor do prêmio Nobel, José Saramago, 'Ensaio Sobre a Cegueira' parece uma mistura curiosa de aspirações literárias elitistas com ficção de gênero popularesca; enquanto a Doença Branca se espalha de pessoa para pessoa numa cadeia de conexões e tudo começa a desmoronar, seria fácil dispensar 'Ensaio' como um 'Madrugada dos Mortos' para ouvintes da CBN ou 'Epidemia' para estudantes secundaristas. Meirelles já havia tomado uma abordagem dupla similar antes -- 'O Jardineiro Fiel' é uma excelente crítica das deficiências do capitalismo moderno que também funciona como um suspense forte e cativante -- e mesmo se 'Ensaio' não funciona tão bem quanto aquele filme, é também um caso óbvio de um filme, e um cineasta, fracassando para atingir a marca exatamente por terem estabelecido suas ambições altas demais para eles mesmos." - James Rocchi, Cinematical

"Uma adaptação intermitentemente assustadora mas diluída do romance dilacerante de José Saramago. Apesar de uma performance caracteristicamente forte de Julianne Moore como a figura solitária que mantém sua visão intacta, sendo testemunha triste porém heróica dos eventos ao seu redor, o drama estiloso de Fernando Meirelles raramente alcança a força visceral, a dimensão trágica e a ressonância humana da prosa de Saramago. Apesar do elenco de destaque, críticas moderadas poderão atrair menos olhos que os desejados para esta co-produção internacional." - Justin Chang, Variety

"O ambicioso diretor brasileiro usa todos os truques visuais de seu amplo vocabulário nos desafios inerentes de se criar uma experiência visual a partir da cegueira. O resultado ilumina a aterrorizante situação da personagem central de Julianne Moore, a única pessoa de uma cidade sem nome, capaz de ver os terrores que recaem sobre a própria raça humana cega que os criou. E numa performance que certamente chamará a atenção dos prêmios, a atriz se mostra mais uma vez à altura da tarefa. No entanto, outras caracterizações parecem reduzidas ao que a história é comprimida. Meirelles parece estar lutando para conseguir encontrar o tom certo, e 'Ensaio Sobre a Cegueira' fatalmente perde tensão antes que degenere para a bizarra sentimentalidade do ato final." - Fionnuala Halligan, Screen Daily
  Bernardo Krivochein    quarta-feira, maio 14, 2008    1 comentários
 
 
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